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terça-feira, 8 de março de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (5)

A Caixa Económica do Funchal (CEF), no início de 1980, promoveu com grande ênfase a sua inserção junto dos madeirenses residentes e emigrantes, não só abrindo novas agências, mas também organizando e apoiando relevantes iniciativas de natuereza sóciocultural.
Aproveitando a alteração legislativa que favoreceu a atividade das caixas económicas, organizou o I Congresso das Caixas Económicas dos Açores e da Madeira, que teve lugar no Funchal entre os dias 15 e 18 de janeiro. E por despacho do Presidente do Governo Regional, de 22 daquele mês, foi autorizada a abertura de um Posto de Câmbios no Hotel Atlantis (freguesia de Água de Pena –Machico).
Como «Única Instituição de Crédito Madeirense», a CEF, na vasta publicidade que produziu, defendeu com toda a convicção “O dinheiro da Madeira para os madeirenses” incentivando não só a captação de depósitos, mas também a concessão de crédito, sendo o “Apoio orientado para o desenvolvimento da Madeira”.  No plano da facilidade de concessão de crédito, a CEF tinha a vantagem acrescida, face aos dez Bancos comerciais que tinham agências na Madeira. Por ter a sua administração no Funchal, era fácil à CEF, em pouco tempo, aprovar um empréstimo de qualquer quantia. Pelo contrário, os gerentes das agências dos restantes Bancos, com competência reduzida, tinham de submeter a autorização às respetivas sedes de Lisboa, que poderiam ou não autorizar o empréstimo.
O Relatório e Contas de 1980 da CEF salienta que, em 31 de Dezembro, os depósitos atingiam o total de 6 237 158 contos, o crédito ascendia a 5 444 832 contos, “representando um forte apoio às actividades económicas da Região” e o lucro líquido 80 740 contos; com um ativo de 9 041745 contos, tinha em depósitos totais 6 237 158 contos e de reservas, após a distribuição do lucro líquido, 210 000 contos.

A partir de 03/12/1981 a CEF passou a ter instalações em Lisboa, e mais tarde no Porto, o que significou um acontecimento de relevo para o sistema bancário. Mas também foi em 1981 que o Ministério das Finanças, através do Banco de Portugal, dimanou instruções a todos os Bancos, incluindo as caixas económicas, a limitar o crescimento do crédito, por razões de política monetária, como instrumento do equilíbrio externo da balança de pagamentos, medida que não foi do agrado da CEF.
Após o desenvolvimento do projeto de uma nova sede, no dia 05/05/1983 teve lugar a inauguração de instalações modernas com capacidade para melhorar o sistema informático e os serviços em geral, “ao nível dos bons Bancos da Península Ibérica”.
Em Novembro de 1983, a CEF promoveu um «Acordo de Segurança Seguro do Depositante» (contrato de Acidentes Pessoais) a partir do dia 7 para todos os depositantes com o valor do capital seguro “igual ao saldo da conta (ou contas) que o cliente tiver na véspera do acidente, limitado ao máximo de 5.000.000$00”. Tratava-se de um incentivo angariador de clientes depositantes, com importante alcance.
Nos anos seguintes, a CEF não esmoreceu no seu desenvolvimento com abertura de novas agências no Funchal e por toda a Região, embora, em 1984, fosse forçada a “aumentar substancialmente o volume de provisões constituídas para riscos de crédito”. No final daquele ano o volume de depósitos (a prazo, à ordem e de poupança) ascendia a 26 438 174 564$64. O ativo em imóveis totalizava 751 512 912$40. O crédito concedido, depopis de deduzir 200 455 473$00 para provisões, atingiu 17 415 355 361$78. “Os resultados líquidos apurados, deduzidos que foram 381 488 contos pata Provisões, cifraram-se em 9 595 019$56” (em 1983 tinha sido 200 mil contos).
 (continua)

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