Da confiança à crise dos Bancos (5)
A Caixa Económica do Funchal (CEF), no
início de 1980, promoveu com grande ênfase a sua inserção junto dos madeirenses
residentes e emigrantes, não só abrindo novas agências, mas também organizando
e apoiando relevantes iniciativas de natuereza sóciocultural.
Aproveitando a alteração legislativa que
favoreceu a atividade das caixas económicas, organizou o I Congresso das Caixas
Económicas dos Açores e da Madeira, que teve lugar no Funchal entre os dias 15
e 18 de janeiro. E por despacho do Presidente do Governo Regional, de 22
daquele mês, foi autorizada a abertura de um Posto de Câmbios no Hotel Atlantis
(freguesia de Água de Pena –Machico).
Como «Única Instituição de Crédito
Madeirense», a CEF, na vasta publicidade que produziu, defendeu com toda a
convicção “O dinheiro da Madeira para os madeirenses” incentivando não só a
captação de depósitos, mas também a concessão de crédito, sendo o “Apoio
orientado para o desenvolvimento da Madeira”.
No plano da facilidade de concessão de crédito, a CEF tinha a vantagem
acrescida, face aos dez Bancos comerciais que tinham agências na Madeira. Por
ter a sua administração no Funchal, era fácil à CEF, em pouco tempo, aprovar um
empréstimo de qualquer quantia. Pelo contrário, os gerentes das agências dos
restantes Bancos, com competência reduzida, tinham de submeter a autorização às
respetivas sedes de Lisboa, que poderiam ou não autorizar o empréstimo.
O Relatório e Contas de 1980 da CEF
salienta que, em 31 de Dezembro, os depósitos atingiam o total de 6 237 158
contos, o crédito ascendia a 5 444 832 contos, “representando um forte apoio às
actividades económicas da Região” e o lucro líquido 80 740 contos; com um ativo
de 9 041745 contos, tinha em depósitos totais 6 237 158 contos e de reservas,
após a distribuição do lucro líquido, 210 000 contos.
A partir de 03/12/1981 a CEF passou a ter
instalações em Lisboa, e mais tarde no Porto, o que significou um acontecimento
de relevo para o sistema bancário. Mas também foi em 1981 que o Ministério das
Finanças, através do Banco de Portugal, dimanou instruções a todos os Bancos,
incluindo as caixas económicas, a limitar o crescimento do crédito, por razões
de política monetária, como instrumento do equilíbrio externo da balança de pagamentos,
medida que não foi do agrado da CEF.
Após o desenvolvimento do projeto de uma
nova sede, no dia 05/05/1983 teve lugar a inauguração de instalações modernas
com capacidade para melhorar o sistema informático e os serviços em geral, “ao
nível dos bons Bancos da Península Ibérica”.
Em Novembro de 1983, a CEF promoveu um
«Acordo de Segurança Seguro do Depositante» (contrato de Acidentes Pessoais) a
partir do dia 7 para todos os depositantes com o valor do capital seguro “igual
ao saldo da conta (ou contas) que o cliente tiver na véspera do acidente,
limitado ao máximo de 5.000.000$00”. Tratava-se de um incentivo angariador de
clientes depositantes, com importante alcance.
Nos anos
seguintes, a CEF não esmoreceu no seu desenvolvimento com abertura de novas
agências no Funchal e por toda a Região, embora, em 1984, fosse forçada a
“aumentar substancialmente o volume de provisões constituídas para riscos de
crédito”. No final daquele ano o volume de depósitos (a prazo, à ordem e de
poupança) ascendia a 26 438 174 564$64. O ativo em imóveis totalizava 751 512
912$40. O crédito concedido, depopis de deduzir 200 455 473$00 para provisões,
atingiu 17 415 355 361$78. “Os resultados líquidos apurados, deduzidos que
foram 381 488 contos pata Provisões, cifraram-se em 9 595 019$56” (em 1983
tinha sido 200 mil contos).
(continua)
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