Da confiança
à crise dos Bancos (8)
O excessivo número de trabalhadores
existente na extinta Caixa Económica do Funchal, criou na administração do
BANIF a urgente necessidade de acertar o número ideal para viabilizar a gestão
futura, alterando o modelo hierarquizado da gestão pesada ao nível do elevado
número de balcões por toda a Região com um gerente e dois subgerentes. Dos 446
trabalhadores que faziam parte do quadro de pessoal da CEF, inviável seria o
novel Banco se daqueles trabalhadores, 176 não tivessem sido dispensados.
Alguns deles foram admitidos na Empresa de Electricidade da Madeira que também
era acionista do BANIF. O processo foi doloroso para aqueles trabalhadores,
tendo o Sindicato dos Bancários de intervir para evitar grandes prejuízos
pessoais, nomeadamente no que respeitava aos apoios médico-sociais, uma vez
que, no dia 22/01/1979, tinha sido celebrado o acordo de adesão entre a CEF e o
Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas.
O facto de a partir do dia
01/07/1988 o BANIF ter suspendido o pagamento das suas contribuições (bem como
a dos próprios trabalhadores) para os Serviços de Assistência Médico-Social
(SAMS), bem como o previsto despedimento de trabalhadores, motivou os deputados
do PCP na Assembleia da República, Octávio Teixeira e Ilda Figueiredo, em
29/09/1988, a requererem ao Governo que os informasse o que pretende fazer para
serem regularizadas aquelas situações, bem como “A quanto montam as
responsabilidades do Governo Regional da Madeira no “BANIF”, e qual o grau e regularidade
do seu cumprimento?”. Em julho de 1990, o BANIF tinha 270 trabalhadores, número
ainda excedentário, no dizer do administrador-delegado, Marques de Almeida,
“mas que já não é um factor condicionante à evolução positiva da instituição de
crédito”.
No final do mês de outubro
daquele ano, o BANIF tinha 22% da quota do mercado. Mas, segundo afirmou o
Presidente do Conselho de Administração, dr. Raul Capela, nas Jornadas
Financeiras realizadas no dia 19/11/1988: “Somos uma instituição em transição de
uma outra sem cultura e com má imagem junto do público, para uma com boa imagem
perante a população”.
No final do exercício do primeiro
ano de exercício, o ativo líquido do BANIF ascendeu a cerca de 78,8 milhões de
contos, correspondendo a um acréscimo de 19,7% em relação ao valor registado no
seu balanço de constituição. O montante do crédito concedido foi de 36,5
milhões de contos, que corresponde a 42,7% do ativo bruto. Segundo o Relatório,
“a elevada taxa de crescimento, desde a sua constituição até ao final do ano,
foi possível graças à evolução verificada
nos recursos do banco e aos dois empréstimos externos contraídos com
cobertura de risco de câmbio”. Os depósitos a prazo, à ordem e de poupança
atingiram 61 milhões de contos e o resultado contabilístico do exercício foi
negativo em 2,7 milhões de contos. Mas, segundo a administração: “caso não se
tivesse procedido às amortizações, devidas a prejuízos da extinta CEF, o BANIF
teria apresentado um resultado positivo de 463 mil contos”.
No início de 1992, o
Estado ainda detinha 2,5 milhões de ações do capital do BANIF, quer através do
Tesouro, quer da Caixa Geral de Depósitos e de outras instituições de capital
público.
O administrador Raul Capela referiu
(Eco do Funchal, de 28/02/1992, citando Luis Naves do «Semanário») que os
acionistas têm direito de opção na aquisição daquelas ações “quando o tesouro
pretender vendê-las. Só para este efeito está em curso um processo de avaliação
do banco”.
Naquele ano, o BANIF procedeu à sua expansão com a abertura
de novas agências no Continente e já liderava o mercado bancário da Madeira.
Para além da sua sede no Funchal, a da Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, e o
estabelecimento principal no Porto, tinha 6 Dependências no Funchal, 16
Agências na Madeira e Porto Santo e 18 Agências em todo o território
continental.
(continua)
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