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quarta-feira, 30 de março de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (8)

O excessivo número de trabalhadores existente na extinta Caixa Económica do Funchal, criou na administração do BANIF a urgente necessidade de acertar o número ideal para viabilizar a gestão futura, alterando o modelo hierarquizado da gestão pesada ao nível do elevado número de balcões por toda a Região com um gerente e dois subgerentes. Dos 446 trabalhadores que faziam parte do quadro de pessoal da CEF, inviável seria o novel Banco se daqueles trabalhadores, 176 não tivessem sido dispensados. Alguns deles foram admitidos na Empresa de Electricidade da Madeira que também era acionista do BANIF. O processo foi doloroso para aqueles trabalhadores, tendo o Sindicato dos Bancários de intervir para evitar grandes prejuízos pessoais, nomeadamente no que respeitava aos apoios médico-sociais, uma vez que, no dia 22/01/1979, tinha sido celebrado o acordo de adesão entre a CEF e o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas.
O facto de a partir do dia 01/07/1988 o BANIF ter suspendido o pagamento das suas contribuições (bem como a dos próprios trabalhadores) para os Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS), bem como o previsto despedimento de trabalhadores, motivou os deputados do PCP na Assembleia da República, Octávio Teixeira e Ilda Figueiredo, em 29/09/1988, a requererem ao Governo que os informasse o que pretende fazer para serem regularizadas aquelas situações, bem como “A quanto montam as responsabilidades do Governo Regional da Madeira no “BANIF”, e qual o grau e regularidade do seu cumprimento?”. Em julho de 1990, o BANIF tinha 270 trabalhadores, número ainda excedentário, no dizer do administrador-delegado, Marques de Almeida, “mas que já não é um factor condicionante à evolução positiva da instituição de crédito”.

No final do mês de outubro daquele ano, o BANIF tinha 22% da quota do mercado. Mas, segundo afirmou o Presidente do Conselho de Administração, dr. Raul Capela, nas Jornadas Financeiras realizadas no dia 19/11/1988: “Somos uma instituição em transição de uma outra sem cultura e com má imagem junto do público, para uma com boa imagem perante a população”.
No final do exercício do primeiro ano de exercício, o ativo líquido do BANIF ascendeu a cerca de 78,8 milhões de contos, correspondendo a um acréscimo de 19,7% em relação ao valor registado no seu balanço de constituição. O montante do crédito concedido foi de 36,5 milhões de contos, que corresponde a 42,7% do ativo bruto. Segundo o Relatório, “a elevada taxa de crescimento, desde a sua constituição até ao final do ano, foi possível graças à evolução verificada  nos recursos do banco e aos dois empréstimos externos contraídos com cobertura de risco de câmbio”. Os depósitos a prazo, à ordem e de poupança atingiram 61 milhões de contos e o resultado contabilístico do exercício foi negativo em 2,7 milhões de contos. Mas, segundo a administração: “caso não se tivesse procedido às amortizações, devidas a prejuízos da extinta CEF, o BANIF teria apresentado um resultado positivo de 463 mil contos”.

 No início de 1992, o Estado ainda detinha 2,5 milhões de ações do capital do BANIF, quer através do Tesouro, quer da Caixa Geral de Depósitos e de outras instituições de capital público.
O administrador Raul Capela referiu (Eco do Funchal, de 28/02/1992, citando Luis Naves do «Semanário») que os acionistas têm direito de opção na aquisição daquelas ações “quando o tesouro pretender vendê-las. Só para este efeito está em curso um processo de avaliação do banco”.
Naquele ano, o BANIF procedeu à sua expansão com a abertura de novas agências no Continente e já liderava o mercado bancário da Madeira. Para além da sua sede no Funchal, a da Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, e o estabelecimento principal no Porto, tinha 6 Dependências no Funchal, 16 Agências na Madeira e Porto Santo e 18 Agências em todo o território continental.


(continua)

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