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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (33)

No DN-Madeira do dia 27 de maio de 2005, o Conselho Superior do Grupo Espírito Santo publicou um extenso comunicado, ocupando duas páginas, em que no ponto 1 refere:
“É do domínio público que três empresas da área não financeira do Grupo Espírito Santo (GES) –
ESPART, ESCOM e MULTIGER – foram objecto de buscas no âmbito de investigações conduzidas pelas autoridades judiciais e policiais. No quadro dessas investigações foram mesmo constituídos arguidos três Administradores das empresas em causa”.
Após tecer várias considerações legais ao projeto da PORTUCALE–Sociedade de Desenvolvimento Agro-Turístico, S.A., o comunicado termina afirmando:
“Pouparemos os seus nomes à irrisão pública que merecem, e confiaremos que os Tribunais, a quem serenamente os entregaremos, farão JUSTIÇA”.

A matéria que o comunicado aborda - «Operação Monte Branco» - sendo na área não financeira do Grupo Espírito Santo, veio a ser o princípio do fim trágico que levaria o BESCL a ser resolvido e a marcar o destino que culminaria com a derrocada da Família Espírito Santo.
Entretando o BESCL continuou o seu caminho, abrindo uma sucursal em Caracas, em 18 de janeiro de 2012, e pretendendo abrir 15 agências em várias cidades da Venezuela, onde já tinha um escritório de representação e cerca de 7.600 clientes. Este país serviria de rampa de lançamento para o mercdo sulamericano que, no dizer de Ricardo Salgado, “a América Latina possui um grande potencial de crescimento, pelo que esta região poderá, num futuro não muito distante, constituir uma importante alavanca para o desenvolvimento mundial”.

Quando, no início do ano de 2012, o BES aumentou o capital em 1.010 milhões de euros, passou a ser um dos bancos mais capitalizados da União Europeia, com um core de capital de 10,75%, figurando em quinto lugar na Europa.
A 9 de setembro daquele ano, foram assinados 14 acordos entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, e o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, altura em que ficou assente que a Venezuela aceitava que o BES poderia abrir 15 Agências naquele país, onde quisesse.
A revista «Sábado» de 14 de novembro de 2013 anunciou que 17 aberturas de contas foram recusadas “a potenciais clientes do BES por suspeita de branqueamento de capitais”; O BES tinha 9.900 colaboradores, 666 balcões em Portugal, 109 balcões do estrangeiro; o Grupo desenvolvia atividades em 25 países; o BES detinha 90. 767.087 ações na PT, representativas de 10,12% do capital social; o Conselho de Administração tinha 26 membros, e 50% dos diretores e 55% dos cargos de chefia eram ocupados por mulheres; 493 funcionários foram promovidos por mérito; 552 mil euros era, em 2012, a remuneração de Ricardo Salgado.

O anúncio de que o BESCL encerraria a sua agência na freguesia do Campanário a 31 de janeiro de 2014, originou uma ativa intervenção de algumas pessoas e instituições para que fosse evitado tal encerramento, nomeadamente a Junta de Freguesia e o pároco. Desde meados dos anos oitenta em funcionamento da única agência bancária naquela freguesia, as reivindicações para evitar o encerramento não produziram qualquer efeito.
Naquela altura, o BESCL tinha 16 Agências na Região, sendo cerca de metade no Funchal, continuando a apostar no mercado regional, mais próximo dos clientes, tendo sido considerado, em 2013, “o banco líder na satisfação dos clientes”, de acordo com a ECSI – European  Customer Satisfaction Index.


(continua)

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