Da confiança
à crise dos Bancos (33)
No DN-Madeira do
dia 27 de maio de 2005, o Conselho Superior do Grupo Espírito Santo publicou um
extenso comunicado, ocupando duas páginas, em que no ponto 1 refere:
“É do domínio
público que três empresas da área não financeira do Grupo Espírito Santo (GES)
–
ESPART, ESCOM e
MULTIGER – foram objecto de buscas no âmbito de investigações conduzidas pelas
autoridades judiciais e policiais. No quadro dessas investigações foram mesmo
constituídos arguidos três Administradores das empresas em causa”.
Após tecer várias
considerações legais ao projeto da PORTUCALE–Sociedade de Desenvolvimento
Agro-Turístico, S.A., o comunicado termina afirmando:
“Pouparemos os seus
nomes à irrisão pública que merecem, e confiaremos que os Tribunais, a quem
serenamente os entregaremos, farão JUSTIÇA”.
A matéria que o
comunicado aborda - «Operação Monte Branco» - sendo na área não financeira do
Grupo Espírito Santo, veio a ser o princípio do fim trágico que levaria o BESCL
a ser resolvido e a marcar o destino que culminaria com a derrocada da Família
Espírito Santo.
Entretando o BESCL
continuou o seu caminho, abrindo uma sucursal em Caracas, em 18 de janeiro de
2012, e pretendendo abrir 15 agências em várias cidades da Venezuela, onde já
tinha um escritório de representação e cerca de 7.600 clientes. Este país
serviria de rampa de lançamento para o mercdo sulamericano que, no dizer de
Ricardo Salgado, “a América Latina possui um grande potencial de crescimento,
pelo que esta região poderá, num futuro não muito distante, constituir uma
importante alavanca para o desenvolvimento mundial”.
Quando, no início
do ano de 2012, o BES aumentou o capital em 1.010 milhões de euros, passou a
ser um dos bancos mais capitalizados da União Europeia, com um core de capital
de 10,75%, figurando em quinto lugar na Europa.
A 9 de setembro
daquele ano, foram assinados 14 acordos entre o Ministro dos Negócios
Estrangeiros português, Paulo Portas, e o Presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, altura em que ficou assente que a Venezuela aceitava que o BES poderia
abrir 15 Agências naquele país, onde quisesse.
A revista «Sábado»
de 14 de novembro de 2013 anunciou que 17 aberturas de contas foram recusadas
“a potenciais clientes do BES por suspeita de branqueamento de capitais”; O BES
tinha 9.900 colaboradores, 666 balcões em Portugal, 109 balcões do estrangeiro;
o Grupo desenvolvia atividades em 25 países; o BES detinha 90. 767.087 ações na
PT, representativas de 10,12% do capital social; o Conselho de Administração
tinha 26 membros, e 50% dos diretores e 55% dos cargos de chefia eram ocupados
por mulheres; 493 funcionários foram promovidos por mérito; 552 mil euros era,
em 2012, a remuneração de Ricardo Salgado.
O anúncio de que o
BESCL encerraria a sua agência na freguesia do Campanário a 31 de janeiro de
2014, originou uma ativa intervenção de algumas pessoas e instituições para que
fosse evitado tal encerramento, nomeadamente a Junta de Freguesia e o pároco.
Desde meados dos anos oitenta em funcionamento da única agência bancária
naquela freguesia, as reivindicações para evitar o encerramento não produziram
qualquer efeito.
Naquela altura, o
BESCL tinha 16 Agências na Região, sendo cerca de metade no Funchal, continuando
a apostar no mercado regional, mais próximo dos clientes, tendo sido
considerado, em 2013, “o banco líder na satisfação dos clientes”, de acordo com
a ECSI – European Customer Satisfaction
Index.
(continua)
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