Da confiança
à crise dos Bancos (62)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
O ano de 1993 foi para o Banco Totta & Açores a evidência
da ultrapassagem da conjuntura económica internacional, especialmente ao nível
da União Europeia, com manifestas repercussões negativas no crescimento
económico de Portugal e ainda a intensificação do clima de forte competição no
setor bancário. A partir de 1 de janeiro de 1993 entrou em vigor o Mercado
Único Europeu, data em que o apuramento dos fluxos de mercadorias passou a ser
feito por inquirição direta aos importadores e exportadores, em substituição do
controlo alfandegário. Também teve em conta a atividade recessiva que se fez sentir
na sequência de novas regras da recuperação de empresas, conduzindo a que os
créditos que os bancos em geral tiveram de qualificar de `vencido` evidenciaram
taxas de crescimento superiores às verificadas em anos anteriores.
Face aos restantes bancos, o BTA revelou-se forte na liderança
do setor financeiro, apesar do sucedido no Banesto (maior acionista do BTA),
relativamente ao conflito com forte agitação de José Roquette, face à sua
posição acionista no BTA e ao domínio do Banco espanhol sobre aquele. Roquette
participou numa operação que lhe permitiria intervir na vida do banco de Mário
Conde. Segundo Roquette: “com a associação ao Morgan, o Totta pode mesmo atacar
a liderança da banca comercial portuguesa”.
Para resolver a sua situação financeira, o Banesto solicitou a
intervenção dos americanos da JPMorgan, que era o maior banco de investimento
do Mundo, sendo que a operação de saneamento financeiro negociada com JPMorgan pressupôs
a integração do BTA na operação.
“Roquette conseguiu negociar com o Banesto e com o Morgan a
constituição de uma holding que simultaneamente deteria o controlo do Banesto e
do BTA”.
A participação portuguesa no BTA, protagonizada por José
Roquete, é na verdade deste e da Moniz da Maia, Serra e Fortunato (MSF
Empreiteiros) que também participa no Banesto. Do núcleo inicial de acionistas
portugueses no BTA saiu a Mague, que se dedicou mais à cadeia de hotéis Tivoli.
José Roquete detinha 50,8% no Banesto, que por sua vez controlava 35,8% do BTA.
“A luta pelo controlo do BTA reacendeu-se em meados daquele
ano, quando o Governo decidiu o alargamento dos estrangeiros no capital do BTA,
que passou de 10 para 25%. Face a isso, o Banesto resolveu, imediatamente,
“acertar posições dentro do núcleo duro da instituição”. Na mesma altura deu-se
a última fase da reprivatização do capital social do BTA, no total de
7 268 682 ações que o Estado controlava.
No entanto, José Roquette acabou pore deixar o BTA, devido à
venda das ações da MSF de José Roquette a Menezes Falcão levantando nova
confusão em todo o processo Totta, significando o fim do sonho de um projecto
português baseado no BTA. De tal modo que, no final de 1993, 20% da banca
portuguesa estava já em mãos espanholas, representando cerca de 50%
Ao longo de 1993, a gestão do BTA continuou a subordinar-se à
linha estratégica e às grandes linhas de orientação “estabelecidas no Plano de
Médio e Longo Prazo”. As ações do BTA evidenciaram elevada liquidez, tendo atingido
um volume de transações de 45,3 milhões de contos e uma frequência de cotação
de 100%. Importante foi o aumento do capital social, em dezembro, de 50 para 55
milhões de contos, reservado a acionistas. O Relatório e Contas referentes a
1993 revelam que o resultado líquido do BTA foi de 22 315 317 000$00.
No que aos resultados consolidados diz respeito, o resultado líquido do Grupo
Totta foi de 23 292 317 000$00.
(continua)
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