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domingo, 9 de abril de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (62)

DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
O ano de 1993 foi para o Banco Totta & Açores a evidência da ultrapassagem da conjuntura económica internacional, especialmente ao nível da União Europeia, com manifestas repercussões negativas no crescimento económico de Portugal e ainda a intensificação do clima de forte competição no setor bancário. A partir de 1 de janeiro de 1993 entrou em vigor o Mercado Único Europeu, data em que o apuramento dos fluxos de mercadorias passou a ser feito por inquirição direta aos importadores e exportadores, em substituição do controlo alfandegário. Também teve em conta a atividade recessiva que se fez sentir na sequência de novas regras da recuperação de empresas, conduzindo a que os créditos que os bancos em geral tiveram de qualificar de `vencido` evidenciaram taxas de crescimento superiores às verificadas em anos anteriores.
Face aos restantes bancos, o BTA revelou-se forte na liderança do setor financeiro, apesar do sucedido no Banesto (maior acionista do BTA), relativamente ao conflito com forte agitação de José Roquette, face à sua posição acionista no BTA e ao domínio do Banco espanhol sobre aquele. Roquette participou numa operação que lhe permitiria intervir na vida do banco de Mário Conde. Segundo Roquette: “com a associação ao Morgan, o Totta pode mesmo atacar a liderança da banca comercial portuguesa”.
Para resolver a sua situação financeira, o Banesto solicitou a intervenção dos americanos da JPMorgan, que era o maior banco de investimento do Mundo, sendo que a operação de saneamento financeiro negociada com JPMorgan pressupôs a integração do BTA na operação.
“Roquette conseguiu negociar com o Banesto e com o Morgan a constituição de uma holding que simultaneamente deteria o controlo do Banesto e do BTA”.

A participação portuguesa no BTA, protagonizada por José Roquete, é na verdade deste e da Moniz da Maia, Serra e Fortunato (MSF Empreiteiros) que também participa no Banesto. Do núcleo inicial de acionistas portugueses no BTA saiu a Mague, que se dedicou mais à cadeia de hotéis Tivoli. José Roquete detinha 50,8% no Banesto, que por sua vez controlava 35,8% do BTA.
“A luta pelo controlo do BTA reacendeu-se em meados daquele ano, quando o Governo decidiu o alargamento dos estrangeiros no capital do BTA, que passou de 10 para 25%. Face a isso, o Banesto resolveu, imediatamente, “acertar posições dentro do núcleo duro da instituição”. Na mesma altura deu-se a última fase da reprivatização do capital social do BTA, no total de 7 268 682 ações que o Estado controlava.
No entanto, José Roquette acabou pore deixar o BTA, devido à venda das ações da MSF de José Roquette a Menezes Falcão levantando nova confusão em todo o processo Totta, significando o fim do sonho de um projecto português baseado no BTA. De tal modo que, no final de 1993, 20% da banca portuguesa estava já em mãos espanholas, representando cerca de 50%

Ao longo de 1993, a gestão do BTA continuou a subordinar-se à linha estratégica e às grandes linhas de orientação “estabelecidas no Plano de Médio e Longo Prazo”. As ações do BTA evidenciaram elevada liquidez, tendo atingido um volume de transações de 45,3 milhões de contos e uma frequência de cotação de 100%. Importante foi o aumento do capital social, em dezembro, de 50 para 55 milhões de contos, reservado a acionistas. O Relatório e Contas referentes a 1993 revelam que o resultado líquido do BTA foi de 22 315 317 000$00. No que aos resultados consolidados diz respeito, o resultado líquido do Grupo Totta foi de 23 292 317 000$00.

(continua)

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