Da confiança
à crise dos Bancos (61)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920)
AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
No ano de 1992
reaparece a situação de crise do ano anterior, ou mesmo adensou-se a
turbulência da recessão na ordem mundial, com efeitos em Portugal. No Relatório
e Contas de 1992, o Banco Totta & Açores lembra que a recessão vigente “não
se insere no quadro clássico dos ciclos económicos, sendo bem melhor entendida
como o resultado inevitável de um deslizar, ao longo de já alguns anos, para
uma situação de estagnação estrutural. A explosão da `bolha` Japonesa ainda não
esgotou os seus efeitos, o mal estar na Europa, nomeadamente ao nível da CE, é
evidente e nem mesmo a retoma nos Estados Unidos, de contornos ainda mal
definidos, poderá servir para alimentar expectativas a curto prazo”.
O projeto Europeu passava já por momentos difíceis, estando
abaladas a velocidade e a dinâmica do respetivo processo. Em 1992, Portugal
saiu reforçado com a Presidência da CE, tendo sido o escudo integrado, em
abril, no SME (Sistema Monetário Europeu), mas sofrendo com a turbulência que
marcou o segundo semestre de 1992. Numa antecipação estratégica, em dezembro
daquele ano completou-se a liberalização dos movimentos de capitais, iniciada
em agosto, e em 31 de dezembro foi o último dia em que a quase totalidade dos
produtos europeus comunitários ainda encontraram fronteiras. Foi também o ano
em foi aprovada uma nova lei bancária (Decreto-Lei nº 298/92) que, de forma
sistematizada, substituiu legislação dispersa, em alguns casos com mais de 30
anos. Uma das novidades daquela lei consistiu na introdução de um sistema de Fundo
de Garantia de Depósitos, com recursos iniciais maioritariamente dos Bancos
participantes e do Banco de Portugal, por contribuições periódicas e por
contribuições especiais daqueles.
Apesar da crise, foi possível o BTA manter o desempenho que
tinha caraterizado os anos anteriores, tendo sido possível a “distribuição de
dividendos de 13,3 milhões de contos, ou seja, mais 31% do que em 1991”. Na
privatização de 25 000 000 de ações pelo Estado, em 2 de dezembro de
1992, do Crédito Predial Português, ao preço unitário de 1 000$00, o “BTA
surge como o maior Accionista, com mais de 40% (43,45) do capital do CPP, o que
se reveste de grande importância estratégica a vários níveis. Também são razão
de satisfação o sucesso do aumento de capital de 45 para 50 milhões de contos,
efectuado em Agosto e o rating atribuído ao Banco pela Moody`s e IBCA”. E no
início de 1992 o rating geral dos Bancos nacionais e estrangeiros com atividade
no País revela que o BTA estava em terceiro lugar, apenas ultrapassado pelo BPA
e CGD.
Houve uma forte intensificação de negócios e de colaboração
“com o nosso principal accionista -o Banco Español de Crédito (BANESTO) – assim
como foi possível aprofundar as relações comerciais com as empresas do Grupo
Totta, o que não deixará de reflectir-se, positivamente, nos resultados do
Grupo”.
Com a criação da TOTTALeasing e da TOTTAFimo, Sociedade
Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, “completou-se praticamente, em
1992, a cobertura de todo o espectro de actividades financeiras complementares,
por empresas do conglomerado financeiro centrado no BTA”.Abriu 27 novos
estabelecimentos em todo o País, totalizando 229 balcões, em paralelo com a instalação
de numerosos ATM. No estrangeiro, abriu sucursais no Luxemburgo e na
Guiné-Bissau.
Em julho de 1992, concretizou-se um aumento substancial de
capital, “que fez ascender os fundos próprios do Banco a mais de 100 milhões de
contos”. O Balanço revela que, no final de 1992, o BTA obteve o resultado
líquido de 22 650 516 000$00.
(continua)
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