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domingo, 2 de abril de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (61)

DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
No ano de 1992 reaparece a situação de crise do ano anterior, ou mesmo adensou-se a turbulência da recessão na ordem mundial, com efeitos em Portugal. No Relatório e Contas de 1992, o Banco Totta & Açores lembra que a recessão vigente “não se insere no quadro clássico dos ciclos económicos, sendo bem melhor entendida como o resultado inevitável de um deslizar, ao longo de já alguns anos, para uma situação de estagnação estrutural. A explosão da `bolha` Japonesa ainda não esgotou os seus efeitos, o mal estar na Europa, nomeadamente ao nível da CE, é evidente e nem mesmo a retoma nos Estados Unidos, de contornos ainda mal definidos, poderá servir para alimentar expectativas a curto prazo”.
O projeto Europeu passava já por momentos difíceis, estando abaladas a velocidade e a dinâmica do respetivo processo. Em 1992, Portugal saiu reforçado com a Presidência da CE, tendo sido o escudo integrado, em abril, no SME (Sistema Monetário Europeu), mas sofrendo com a turbulência que marcou o segundo semestre de 1992. Numa antecipação estratégica, em dezembro daquele ano completou-se a liberalização dos movimentos de capitais, iniciada em agosto, e em 31 de dezembro foi o último dia em que a quase totalidade dos produtos europeus comunitários ainda encontraram fronteiras. Foi também o ano em foi aprovada uma nova lei bancária (Decreto-Lei nº 298/92) que, de forma sistematizada, substituiu legislação dispersa, em alguns casos com mais de 30 anos. Uma das novidades daquela lei consistiu na introdução de um sistema de Fundo de Garantia de Depósitos, com recursos iniciais maioritariamente dos Bancos participantes e do Banco de Portugal, por contribuições periódicas e por contribuições especiais daqueles.

Apesar da crise, foi possível o BTA manter o desempenho que tinha caraterizado os anos anteriores, tendo sido possível a “distribuição de dividendos de 13,3 milhões de contos, ou seja, mais 31% do que em 1991”. Na privatização de 25 000 000 de ações pelo Estado, em 2 de dezembro de 1992, do Crédito Predial Português, ao preço unitário de 1 000$00, o “BTA surge como o maior Accionista, com mais de 40% (43,45) do capital do CPP, o que se reveste de grande importância estratégica a vários níveis. Também são razão de satisfação o sucesso do aumento de capital de 45 para 50 milhões de contos, efectuado em Agosto e o rating atribuído ao Banco pela Moody`s e IBCA”. E no início de 1992 o rating geral dos Bancos nacionais e estrangeiros com atividade no País revela que o BTA estava em terceiro lugar, apenas ultrapassado pelo BPA e CGD.
Houve uma forte intensificação de negócios e de colaboração “com o nosso principal accionista -o Banco Español de Crédito (BANESTO) – assim como foi possível aprofundar as relações comerciais com as empresas do Grupo Totta, o que não deixará de reflectir-se, positivamente, nos resultados do Grupo”.
Com a criação da TOTTALeasing e da TOTTAFimo, Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, “completou-se praticamente, em 1992, a cobertura de todo o espectro de actividades financeiras complementares, por empresas do conglomerado financeiro centrado no BTA”.Abriu 27 novos estabelecimentos em todo o País, totalizando 229 balcões, em paralelo com a instalação de numerosos ATM. No estrangeiro, abriu sucursais no Luxemburgo e na Guiné-Bissau.
Em julho de 1992, concretizou-se um aumento substancial de capital, “que fez ascender os fundos próprios do Banco a mais de 100 milhões de contos”. O Balanço revela que, no final de 1992, o BTA obteve o resultado líquido de 22 650 516 000$00.
(continua)

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