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domingo, 11 de junho de 2017


Da confiança à crise dos Bancos (71)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Em 1981, o Mercado Interbancário de Títulos absorveu o excesso de liquidez do BPA no ano de 1980, tendo fechado o exercício com um lucro extraordinário de 601 303 769$24. O Relatório e Contas de 1980 salienta que o Banco se debateu com excesso de liquidez “devido ao crescimento vertiginoso de recursos obtidos e à não utilização de grande parte deles, em consequência dos limites oficialmente impostos à expansão do crédito”.
Houve um relevante acréscimo dos depósitos, especialmente nos depósitos a prazo, sem que tivesse havido semelhante aumento proporcional do crédito concedido. Os depósitos atingiram os 179 milhões de contos e o volume de desconto atingiu os 232 milhões de contos. Na carteira de títulos huve um incremento apreciável justificado pela aquisição de títulos da Dívida Pública, bem como pela substituição de empréstimos obrigacionistas relativos ao saneamento financeiro das empresas públicas e pela participação em alguns aumentos de capital.
Os Balanços de exercício, referentes a 31 de dezembro, apresentam resultados de 814 799 414$00 em 1981; 1 197 002 850$94 em 1982.
Por despacho normativo nº 141/83, de 31 de maio, do Secretário de Estado do Tesouro, publicado no Diário da República nº 140, 1ª Série, de 21 de junho de 1983, foi o BPA autorizado a proceder ao aumento do seu capital estatutário, por incorporação de reservas, para 5 500 000 contos.
Nos anos subsequentes, o BPA continuou a desenvolver a sua atividade com sucesso, também promovendo a publicação de Boletim Trimestral, a cargo da Direção de Estudos Económicos e de Marketing. A temática do Boletim era genérica e de âmbito nacional e internacional, ultrapassando a atividade interna do Banco. O exemplo do ano de 1984 revela bem quanto o BPA acompanhava a evolução positiva ou negativa da economia e o setor financeiro a nível nacional e mundial. O boletim de março analisou a política cambial em Portugal; a inflação e as empresas; poupança e energia. O Boletim de junho-setembro reflete o saneamento financeiro em inflação; degradação financeira das empresas em Portugal, novas tecnologias energéticas - novo esquema de apoio. O Boletim de dezembro refere a temática da inserção da economia portuguesa na economia mundial; JEPP - despertar jovens empresários de elevação potencial; os círculos da qualidade como prática de administração; novo instrumento de desenvolvimento da exportação (Decreto-Lei nº 324/84, de 9 de outubro.
O Boletim de março salienta que “Em 1976 surge pela primeira vez a desvalorização do escudo como instrumento de política económica, embora não claramente assumido, iniciando-se a prática sistemática da depreciação cambial em 1977 (…)”.
 O Boletim de junho-setembro revela que “as empresas, particularmente as que apresentam dificuldades financeiras, manifestam uma necessidade crescente de recurso a capitais alheiros, já que o autofinanciamento é extremamente reduzido. Como forma possível de proceder ao aumento de capital referimos o recurso à emissão de ações (…)”.
O Boletim de dezembro esclarece: “As estatísticas sobre níveis de qualificação da mão-de-obra são escassas e de difícil utilização para efeitos de comparação entre países. Com esse objectivo, e tomando por base a harmonização internacional efectuada pela O.I.T., seleccionamos os países para os quais o processo de recolha estatística se apresenta como mais próximo do de Portugal”.

(continua)



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