Da confiança
à crise dos Bancos (71)
Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942)
ao Millennium BCP:
Em 1981, o Mercado Interbancário
de Títulos absorveu o excesso de liquidez do BPA no ano de 1980, tendo fechado
o exercício com um lucro extraordinário de 601 303 769$24. O
Relatório e Contas de 1980 salienta que o Banco se debateu com excesso de
liquidez “devido ao crescimento vertiginoso de recursos obtidos e à não
utilização de grande parte deles, em consequência dos limites oficialmente
impostos à expansão do crédito”.
Houve um relevante acréscimo dos
depósitos, especialmente nos depósitos a prazo, sem que tivesse havido
semelhante aumento proporcional do crédito concedido. Os depósitos atingiram os
179 milhões de contos e o volume de desconto atingiu os 232 milhões de contos.
Na carteira de títulos huve um incremento apreciável justificado pela aquisição
de títulos da Dívida Pública, bem como pela substituição de empréstimos
obrigacionistas relativos ao saneamento financeiro das empresas públicas e pela
participação em alguns aumentos de capital.
Os Balanços de exercício,
referentes a 31 de dezembro, apresentam resultados de 814 799 414$00
em 1981; 1 197 002 850$94 em 1982.
Por despacho normativo nº 141/83,
de 31 de maio, do Secretário de Estado do Tesouro, publicado no Diário da
República nº 140, 1ª Série, de 21 de junho de 1983, foi o BPA autorizado a proceder
ao aumento do seu capital estatutário, por incorporação de reservas, para
5 500 000 contos.
Nos anos subsequentes, o BPA
continuou a desenvolver a sua atividade com sucesso, também promovendo a
publicação de Boletim Trimestral, a cargo da Direção de Estudos Económicos e de
Marketing. A temática do Boletim era genérica e de âmbito nacional e
internacional, ultrapassando a atividade interna do Banco. O exemplo do ano de
1984 revela bem quanto o BPA acompanhava a evolução positiva ou negativa da
economia e o setor financeiro a nível nacional e mundial. O boletim de março
analisou a política cambial em Portugal; a inflação e as empresas; poupança e energia.
O Boletim de junho-setembro reflete o saneamento financeiro em inflação;
degradação financeira das empresas em Portugal, novas tecnologias energéticas -
novo esquema de apoio. O Boletim de dezembro refere a temática da inserção da
economia portuguesa na economia mundial; JEPP - despertar jovens empresários de
elevação potencial; os círculos da qualidade como prática de administração; novo
instrumento de desenvolvimento da exportação (Decreto-Lei nº 324/84, de 9 de
outubro.
O Boletim de março salienta que “Em
1976 surge pela primeira vez a desvalorização do escudo como instrumento de
política económica, embora não claramente assumido, iniciando-se a prática
sistemática da depreciação cambial em 1977 (…)”.
O Boletim de junho-setembro revela que “as
empresas, particularmente as que apresentam dificuldades financeiras,
manifestam uma necessidade crescente de recurso a capitais alheiros, já que o
autofinanciamento é extremamente reduzido. Como forma possível de proceder ao
aumento de capital referimos o recurso à emissão de ações (…)”.
O Boletim de dezembro esclarece:
“As estatísticas sobre níveis de qualificação da mão-de-obra são escassas e de
difícil utilização para efeitos de comparação entre países. Com esse objectivo,
e tomando por base a harmonização internacional efectuada pela O.I.T.,
seleccionamos os países para os quais o processo de recolha estatística se
apresenta como mais próximo do de Portugal”.
(continua)
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