Da confiança
à crise dos Bancos (90)
Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942)
ao Millennium BCP:
Em 23 de maio de 2011, o BCP
denunciou, unilateralmente, o protocolo celebrado com a Associação Portuguesa
dos Médicos Patologistas (APOMEPA) e com o IASAÚDE da Madeira. O fundamento
deveu-se ao incumprimento dos termos previstos no protocolo por parte do
Governo Regional. O efeito foi o banco não adiantar mais dinheiro para pagar
faturas, decorrentes sobretudo de análises clínicas e outros exames complementares
de diagnóstico, às empresas privadas pela prestação de serviços convencionados
ao Sistema Regional de Saúde.
As faturas em dívida que, desde
outubro de 2010 do IASAÚDE ao BCP elevava-se a cerca de 6 milhões de euros,
deixaram de ser pagas através do protocolo, mas sim diretamente pelo Governo
Regional
No âmbito do aumento de capital,
foi concluído “com sucesso o aumento de capital, permitindo-lhe elevar o «core
tier 1» de 6,7% para 8,8%”, tendo captado mais 5.000 acionistas, passando o
total a ser de 175 mil. Tinha também de encontrar medidas para levar o rácio de
capital ao nível mais exigente (de 10%) até o fim do ano. E a Administração
recusou-se a pedir financiamento do Estado. Mas tendo em conta as imposições
previstas para a banca, o BCP poderia recorrer à redução da carteira de
crédito, à alienação de ativos e à eventual troca de ações preferenciais
Depois de ter saído da linha
vermelha em março de 2012, as ações do BCP desvalorizaram cerca de 31,6% desde
o início daquele ano, tendo fechado com o valor de 9,3 cêntimos por ação em 24
de julho. Já tinha reduzido o crédito para mais rapidamente convergir para um
melhor equilíbrio entre crédito e recursos com o rácio de transformação fixada
nos 137,8% no final do primeiro trimestre de 2012, quando, um ano antes, estava
nos 162%. Tanto mais que a “Troica” tinha imposto um nível máximo de 120% em
termos consolidados até 2014. A redução levada a cabo pelo BCP foi acompanhada
por um grande esforço de captação de depósitos que no trimestre em termos homólogos
subiu 8,8% e em simultâneo com uma redução substancial do crédito, que foi
menos 5,4% em termos homólogos.
Nuno Amado, Vice-Presidente do
Conselho de Administração e Presidente da Comissão Executiva do BCP desde 28 de
fevereiro de 2012, apresentou os resultados do banco no dia 17 de maio
seguinte, tendo salientado que o crédito para habitação caíu 1,3%, o crédito ao
consumo registou perdas de 5,6% e o crédito a empresas teve uma quebra com
menos 8,5% em termos homólogos; cerca de 64% do resultado líquido consolidado
teve origem nas operações internacionais; dos 40,8 milhões de euros de
resultado líquido apurado no primeiro trimestre, menos 55% do que no período
homólogo, cerca de 26,2 milhões de euros vieram do exterior; a Polónia e
Moçambique contribuíram com 20 milhões de euros de lucro e o restante foi de
Angola, em contraste, a Grécia levou 8,1 milhões de euros e na Polónia o
prejuízo foi de 3,4 milhões de euros; a margem financeira caíu 20,9% em termos
homólogos, para 317,5 milhões de euros, enquanto o produto bancário aumentou
2,6%, para 677,4 milhões de euros.
Mais salientou que a Autoridade
Bancária Europeia exige um rácio «core tier 1» de 9% até junho, constituindo
regras mais exigentes do que as do Banco de Portugal. A «Troica» e Banco de Portugal
querem o core capital nos 10% até final de 2012. Admitiu recorrer á linha de
recapitalização pública para cumprir estas exigências, existindo o recurso aos
12 mil milhões de euros para reforço de capitais do setor financeiro no âmbito
do acordo com a «Troica».
(continua)
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