Da confiança
à crise dos Bancos (95)
Da criação do Banco Português de Negócios (BPN) à sua nacionalização e venda
Para além do Banco Português de Negócios (BPN), a SLN – Sociedade Lusa de Negócios também tinha
no Grupo “empresas na área da tecnologia (Seac Banche, I2S, Datacomp e NlS),
concessionários automóveis (Sorel e SLV), hotéis e turismo (Hotel do Caramulo,
Hotel da Costa da Caparica e Turivisa), saúde (Grupo Português de Saúde,
British Hospital XXI), Alimentos e agricultura (Murganheira , Tapada do Chaves)
e industria (C.N.E. - Cimentos, CANAM, Omni, Inapal Plásticos)”.
Ao BPN estavam ligados
ex-membros do “núcleo duro do X Governo Constitucional de
Portugal (chefiado por Cavaco Silva), como Dias
Loureiro, José Oliveira e Costa, Duarte
Lima e Miguel
Cadilhe. Entre as
organizações envolvidas encontravam-se, além do BPN, a Sociedade Lusa de Negócios e o Banco Insular.
Em 2000, foi aumentado o capital social do BPN, de 60
milhões de euros para 80 milhões,
através de subscrição particular,
reservada a acionistas; em 2002, adquire o Banco Efisa, a corretora Fincor, o
Banco Insular de Cabo Verde e a instituição financeira Itauvest ao Banco
brasileiro Itaú; em 2003 dá-se início da atividade do BPN Brasil; em 2005, vende
20% do capital do BPN Brasil ao Banco Africano de Investimento, uma instituição
privada angolana; em 2007, o BPN começou a enfrentar sérias dificuldades, face
à inexistência de liquidez, resultantes de um conjunto de situações com impacto
nos fundos próprio, o que revelou que a gestão de Oliveira e Costa não foi
capaz de evitar a grave situação financeira, nomeadamente o alto nível de
crédito malparado por reconhecer, parte dos quais associada a financiamentos
concedidos a acionistas (o Banco de Portugal pediu ao Grupo SLN para
identificar os seus acionistas e para separar as áreas financeiras – BPN e Real
Seguros - das não financeiras - SLN
Investimentos, Plêide e Partinvest).
Em fevereiro de 2008, Oliveira e Costa deixou a direção
do BPN alegando motivos de saude, tendo sido substituído, interinamente, por
Abdool Vakil que era o presidente do Banco Efisa; em junho, Miguel Cadilhe é
eleito presidente do Grupo e, em simultâneo, os acionistas aprovaram um aumento
de capital de 300 milhões de euros para reequilibrar as contas do Banco, não chegando
a ser concretizada a última tranche prevista para o mês de outubro; em setembro
Miguel Cadilhe procura reestruturar o Grupo, pondo à venda um conjunto de
empresas e participações consideradas “não estratégicas”; em outubro, o BPN pediu
200 milhões de euros emprestados à CGD e, no final do mês, Miguel Cadilhe
denuncia diversos crimes financeiros, detetados no Banco.
Naquela altura, o BPN disponha de 216 agências e
224.000 clientes, não tendo o Grupo capitais próprios negativos, sendo também os
ativos superiores aos passivos. Mas em meados do ano, o Grupo SLN estava a ser
investigado a vários níveis, não só pelo Banco de Portugal, mas também pela
CMVM, pelo Instituto de Seguros de Portugal e pelo Ministério Público, este no
âmbito da «Operação Furacão». “Para além da análise às contas e à gestão de
activos, as autoridades averiguam ainda eventuais actos de gestão danosa”.
O caso BPN, com uma elevada exposição às
sociedades do Grupo SLN, referia-se
a um conjunto de casos interrelacionados que mostravam indícios de vários tipos
de crime, como corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influências, o que
levaram à nacionalização pela Lei nº 62-A/2008 de 11 de novembro, após um custo
para o Estado Português de 3200 milhões de Euros.
(continua)
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