Regionalização dos Bancos
Nacionalizados em 1975 (7)
Para
além de madeirense, o Banco Regional da Madeira visaria ser um Banco nacional.
Nacional não só porque madeirense, mas porque, elegendo a Madeira como área
prioritária da sua atuação, pretenderia acessoriamente exercer a atividade
operacional noutras parcelas do território português.
“Com
efeito, é de admitir que os meios ao dispor do Banco, captados, sobretudo
através de depósitos de emigrantes, venham a exceder as possibilidades de
canalização sincrónica para o financiamento da actividade económica do
Arquipélago. Daí que a existência de uma Filial, ou outra forma de
representação social, tanto no Continente como nos Açores permitirá aplicar de
modo útil nacionalmente e conveniente para o Banco os fundos eventualmente
excedentários, isto é, não imediatamente absorvíveis pela economia madeirense”.
Não
faria sentido que as Filiais de Lisboa e de Ponta Delgada só pudessem realizar
operações ativas de crédito. Deveria ser conferida também a faculdade de
recolher depósitos. O B.R.M. atuaria em pé de igualdade fosse na sede, fosse
nas sucursais mesmo fora do Arquipélago. E seriam naturalmente, num lado e
noutro, idênticos os princípios essenciais da sua política financeira e da sua
prática creditícia.
“Não
se afigura que houvesse nesta situação qualquer privilégio, visto que são
presentemente bancos continentais os que operam na Madeira e (salvo a restrição
de aí existir também uma instituição bancária local) nos Açores. Para hipótese
de, em consequência do alargamento e diversificação das suas actividades, o
Banco vir a carecer de recursos financeiros adicionais, está garantida a
colaboração de um ou mais bancos estrangeiros de primeira ordem. Tal
colaboração poderá consubstanciar-se na concessão de financiamentos puros ou na
abertura de linhas de crédito utilizáveis conforme as necessidades. Desta forma
ficaria assegurado que a dispersão do âmbito geográfico de actuação do Banco,
facilitando uma gestão nacional dos capitais disponíveis, não afectaria o financiamento
da actividade económica madeirense”.
Após
a consulta feita aos trabalhadores bancários da Madeira, a grande maioria
rejeitou a constituição do Banco Regional da Madeira. Foi o caso do Banco
Nacional Ultramarino, onde eu trabalhava e era delegado sindical. No dia 6 de
julho de 1976, informei a Comissão de Delegados Sindicais dos Bancários do Sul
e Ilhas o seguinte: “Informo essa CDD de que, da consulta feita aos colegas
desta Agência acerca da possível criação do Banco Regional, a maioria disse não
à criação desse Banco”.
Já
no dia 25 de junho de 1976, eu tinha manifestado, por escrito, a minha opinião
negativa quanto à criação de um Banco Regional na Madeira. O fundamento
baseou-se no seguinte:
“Já
existem na Madeira 11 Bancos e 3 instituições especiais de crédito (…) Para o
Banco Regional iniciar a sua actividade precisa de empregados conhecedores da
actividade bancária, pelo que deverá, por certo, recorrer a colegas dos Bancos
já existentes. Outros postos a criar, não serão tantos que me pareça útil esse
Banco, tendo em conta que irá, devido à concorrência, pôr em perigo os Bancos
existentes e respectivos trabalhadores (…) Se os clientes procuram apenas
(mais) o Banco Regional para fazerem os seus depósitos vai provocar excesso de
liquidez aos outros bancos e excesso de liquidez àquele, o que terá dificuldade
em colocar esse dinheiro (…)”.
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