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sábado, 23 de janeiro de 2021

 

Conflitos das Autonomias da Madeira (12)

12 – Maçonaria na Madeira: “O tempo corre com tanta pressa, que o relato dos factos, fugindo, se atropela e não sendo anotado na ocasião não há meio de formarem sentido pela desordem (…)  mas que vêm ornamentar o gosto inventivo pelo realce histórico. Meio século é bastante para tudo ficar misturado, deturpado confundido. Sobre a origem da Maçonaria na Madeira, não a atribuindo à influência francesa, o Corregedor Dr. Manuel Soares de Lobão, presidente da alçada, vindo à Madeira em 1823, faz nascê-la por influência inglesa. Eis o que escreveu no seu relatório:

«A Maçonaria nesta ilha é antiga por duas razões: 1º - porque sendo ela um amplo estabelecimento da Inglaterra, onde não parece politicamente crime, o grande número de ingleses, que de remotos tempos aqui tem vindo habitar e comerciar, consigo tem trazido o instituto desta associação; 2º - porque é muito usado nesta ilha, os paes de família mandarem seus filhos a educarem e a viajarem  a Inglaterra – a na idade juvenil se abraçam ideias, que lisongeiam as inclinações da natureza e que sem o mandar o discernimento, se lhes apresentam como um bem, aparentemente, e por isso os mancebos ao voltarem ao seu Paiz Natal trazem de volta os Institutos estrangeiros que lhes agradaram. É pois a Maçonaria da Ilha de sua origem britânica e esta não parece perniciosa. Assim mesmo ella foi perseguida por ordens do Ministério, em 1792, e então, demoraram aqui os associados denunciando-se alguns ao Santo Ofício. Fecharam as Lojas por muito tempo, cessaram os clubes e parece ter acabado esta maníaca sociedade, mas pouco se demorou em recobrar forças o ardor maçónico.

Agostinho de Ornellas, Morgado, filho do venerável Francisco Xavier de Ornellas, formou um Club para reanimar e propagar a Ordem Maçónica, com pessoas obscuras, mas de penetrante vivacidade, encarregando seu “papelista” Joaquim dos Santos Fernandes, para com um conto de réis, que lhe deu, ir à cidade de Lisboa solicitar filiações, patente e commissão do Grande Oriente que o Príncipe Britânico Augusto havia estabelecido na mesma cidade.

Agostinho de Ornelas foi assim elevado ao grau de grande mestre e afinal aquele seu mesmo “papelista” lhe maquinou crimes maçónicos, pelos quais foi expulso, e no lugar dele, subiu à grande dignidade maçónica o sr. Gregorio Perestrelo. Teve então a respectiva Loja que dantes de se chamar «União» … o título por excelência de «Grande União», e como matriz daqui saíram as Lojas «Constancia» e «Fidelidade». Foi depois da entrada do exército francez em Portugal, que o sistema maçónico inglez passou a reformar-se com o sistema francez”.

O Capitão-general D. Diogo Pereira Forjaz Coutinho, em ofício ao ministro Martinho de Melo e Castro, relatando a origem da Maçonaria na ilha, acusa João José Orquigny de ter promovido na Madeira a organização de uma sociedade maçónica, conseguindo reunir grande número de associados, na maior parte pertencentes à nobreza e ao clero, sendo, por isso, mandado sair de Portugal, onde se achava. Temendo as perseguições, alguns associados fugiram da Ilha na noite de 19 de Abril de 1792 com suas famílias, desertando três capitães, D. José de Brito Herédia, José Francisco Esmeraldo e Manuel de Atouguia e Vasconcellos, que prepara e facilitara a fuga, iludindo os guardas com ordens falsas, e que pelo mesmo motivo o Bispo demitira, suspendera e prendera por castigo alguns eclesiásticos (…). (Dia 18 de Dezembro de 1948)”. (DN-Madeira, 18/12/1993).

(continua)

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