Conflitos das Autonomias
da Madeira (17)
16 – 26/05/1834 - Convenção de Évoramonte: Após uma dura guerra civil num clima de grandes conturbações e divisões, a
Convenção de Évoramonte põe termo à guerra. D. Miguel foi exilado e ficou
restabelecido o governo constitucional.
Quatro dias depois
é publicado um decreto, referendado por Joaquim António de Aguiar, extinguindo
em Portugal e seus domínios todas as ordens religiosas e incorporando os seus
bens nos próprios da Fazenda Nacional. Em setembro de 1836 rebenta nova
revolução, que restabelece os princípios da constituição de 1822 com algumas
modificações.
A Constituição de 4
de abril de 1838 foi aprovada pelas Cortes Gerais, extraordinárias, realizadas
no dia 20 de março daquele ano, tendo participado dois deputados pela divisão
eleitoral da Madeira, José Teixeira Rebelo e Lourenço José Moniz.
Na altura em que D.
Maria II aceitou e jurou a Constituição, o Reino de Portugal era,
geograficamente, complexo: “DONA MARIA, por graça de Deus, e pela Constituição
da Monarquia, Rainha de Portugal, e dos Algarves, d`aquém e d`além Mar, em
África Senhora da Guiné, e da Conquista, Navegação, e Comércio da Etiópia,
Arábia, Pérsia, e da Índia, etc. Faço saber a Todos os Meus Súbditos, que as
Cortes Gerais, Extraordinárias, e Constituintes Decretaram, e Eu Aceitei, e
Jurei a seguinte (…)”.
A Nação Portuguesa
tinha um Governo Monárquico-hereditário e representativo, com o poder
legislativo que pertence às Cortes, composta da Câmara dos Senadores e da
Câmara de Deputados. A “Religião do Estado é a Católica Apostólica Romana”,
estabelecendo o artigo 11º que “Ninguém pode ser perseguido por motivos de
religião, contando que respeite a do Estado”.
Costa Cabral
promoveu no Porto uma sublevação a favor da Carta Constitucional, que foi
restaurada em 1842. A revolta da «Maria da Fonte», que teve origem na Póvoa de
Lanhoso em 1846 e que se estendeu a todo o País, foi motivada pelo agravamento
dos impostos e por um decreto de Costa Cabral que proibia o enterramento nas
igrejas, como era costume nesse tempo. Este movimento terminou com uma
intervenção estrangeira, solicitada pela rainha D. Maria II à Espanha, França e
Inglaterra.
Quando os
Miguelistas tomaram a ilha da Madeira o “«povo voava de logar para logar; os
soldados corriam as ruas disparando as espingardas sem consideração alguma,
zunindo as balas pelos nossos ouvidos; a descarga geral dada pelas peças dos
Fortes nos fazia surdos. A scena foi horrível, e o mais valente não podia
resistir ao susto um momento, com receio de perder a vida com alguma bala. Pelo
espaço de quasi vinte e quatro horas estivemos sob o governo das classes mais
baixas do povo. Assim teve fim a infeliz defesa da Madeira, quasi
inconquistável pela natureza, com espanto mesmo dos vencedores, que marcharam
para a cidade sem terem ocasião de dar um tiro. Um dia antes do ataque tinham
chegado no paquete inglez um coronel alemão com nove dignos officiaes do
serviço portuguez, para ajudar os constitucionais, e depois de exporem suas
vidas a imminente perigo, foram obrigados a procurar a sua segurança a bordo da
«Alligator».
Os presos e o sem número de prisões que se tem
feito, excedem a tudo o que se pode acreditar; e estejam ou não implicadas nos
acontecimentos, as pessoas que são presas não estão livres da fúria da plebe,
que maltrata e prende todos os que pilha às mãos; e os creados e os caseiros
denunciam os seus próprios amos.
A cadêa e a fortaleza do Pico estão tão cheias,
que muitos dos presos teem sido mandados para bordo dos navios da esquadra”
(Diário Notícias. 24/8/1988).
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