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domingo, 11 de julho de 2021

                Conflitos das Autonomias da Madeira (38)

 

Na Madeira, a adesão ao ideal sidonista designado «República Nova», saída da Revolução de 5 de dezembro de 1917, renovou a esperança que durou pouco tempo. Face ao desalento que removeu a esperança por um tempo melhor, fez crescer a oposição à «Nova República» e o desejo de retroceder à anterior República - «República Velha». Nestas circunstâncias temporais surgiu em 15 de maio de 1918 a tentativa de formar um partido regional com a designação de «Partido Trabalhista», da iniciativa da União dos Sindicatos do Funchal e com empenhamento de Manuel Gregório Pestana júnior, republicano natural do Porto Santo. Tratava-se de uma proposta alternativa à política de Sidónio Pais e em «defesa dos trabalhadores e do progresso da Madeira». No programa salientam-se as principais questões que estavam na ordem do dia do povo da Madeira, tal como o monopólio do açúcar, aguardente, álcool, o regime cerealífero e a colonia.

“Em 1917 tivemos uma Comissão Patriótica de Protecção e Defesa dos Interesses da Madeira, integrada pelo visconde Cacongo, dr. Pedro José Lomelino, Azevedo Ramos, Manuel Sardinha, Ciríaco de Brito Nóbrega e Juvenal Araújo, que se manifestava preocupada com a situação agrícola e dos transportes marítimos com o continente.

O Sidonismo desapareceu com o assassínio de Sidónio Pais em 5 de Dezembro de 1918, retornando-se a «velha república». A partir de 1922 a situação da ilha não era distinta dos anos anteriores mas tinha o condão de ter sido o momento escolhido para a comemoração do quinto centenário do descobrimento da Madeira. Este foi o argumento para fazer despertar o espírito autonomista e regional dos madeirenses. «No dia em que for decretada a completa autonomia, ter-se-há descoberto a Madeira pela segunda vez» afirmava Pestana Reis no Diário de Notícias, de 20 de Outubro de 1922.

A primeira República revelara-se interessada em mudar a situação da Madeira, mas neste segundo momento o conturbado movimento político e as medidas de sobrecarga tributária foram muito sentidas pelos madeirenses, fazendo evidenciar-se a ideia de espoliação financeira. A crise económica e financeira da Madeira obrigava à tomada de medidas, sendo o alargamento da autonomia administrativa, segundo o editorialista do Diário de Notícias (9.10.1922), «o único caminho a seguir para a salvação da Madeira».

No princípio dos anos vinte o debate e combate pela Autonomia da Madeira ganhou renovado entusiasmo e uma nova dimensão. Em Outubro e Novembro de 1920, o Dr. Eduardo António Pestana, entusiasmado com os resultados positivos da realização em várias localidades do Continente de Congressos Regionais, iniciativa que partira do então director do Diário de Notícias, de Lisboa, Dr. Augusto de Castro, reclama insistentemente, no Diário de Notícias, do Funchal, a necessidade de idêntica iniciativa na Madeira. O objetivo do congresso, a realizar na Madeira, era produzir um levantamento dos principais problemas com que se debatia a sua terra natal e criar uma comissão para reclamar as soluções necessárias junto dos parlamentares madeirenses e dos ministérios do Terreiro do Paço, em Lisboa. Isto é, criar um grupo de pressão madeirense em Lisboa.

O apelo encontrou eco nas forças conservadoras da Madeira, apesar da inércia ainda revelada. António Pestana, sem confrontar directamente o regime parlamentar da República, dizia que as questões políticas davam lugar às questões económicas (…)”. (História da Madeira, coordenação de Alberto Vieira, setembro de 2001).

(continua

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