Conflitos das Autonomias da Madeira (38)
Na Madeira, a adesão ao ideal sidonista designado «República Nova», saída
da Revolução de 5 de dezembro de 1917, renovou a esperança que durou pouco
tempo. Face ao desalento que removeu a esperança por um tempo melhor, fez
crescer a oposição à «Nova República» e o desejo de retroceder à anterior
República - «República Velha». Nestas circunstâncias temporais surgiu em 15 de
maio de 1918 a tentativa de formar um partido regional com a designação de
«Partido Trabalhista», da iniciativa da União dos Sindicatos do Funchal e com
empenhamento de Manuel Gregório Pestana júnior, republicano natural do Porto
Santo. Tratava-se de uma proposta alternativa à política de Sidónio Pais e em
«defesa dos trabalhadores e do progresso da Madeira». No programa salientam-se
as principais questões que estavam na ordem do dia do povo da Madeira, tal como
o monopólio do açúcar, aguardente, álcool, o regime cerealífero e a colonia.
“Em 1917 tivemos uma Comissão Patriótica de Protecção e Defesa dos
Interesses da Madeira, integrada pelo visconde Cacongo, dr. Pedro José
Lomelino, Azevedo Ramos, Manuel Sardinha, Ciríaco de Brito Nóbrega e Juvenal
Araújo, que se manifestava preocupada com a situação agrícola e dos transportes
marítimos com o continente.
O Sidonismo desapareceu com o assassínio de Sidónio Pais em 5 de Dezembro
de 1918, retornando-se a «velha república». A partir de 1922 a situação da ilha
não era distinta dos anos anteriores mas tinha o condão de ter sido o momento
escolhido para a comemoração do quinto centenário do descobrimento da Madeira. Este
foi o argumento para fazer despertar o espírito autonomista e regional dos
madeirenses. «No dia em que for decretada a completa autonomia, ter-se-há
descoberto a Madeira pela segunda vez» afirmava Pestana Reis no Diário de
Notícias, de 20 de Outubro de 1922.
A primeira República revelara-se interessada em mudar a situação da
Madeira, mas neste segundo momento o conturbado movimento político e as medidas
de sobrecarga tributária foram muito sentidas pelos madeirenses, fazendo
evidenciar-se a ideia de espoliação financeira. A crise económica e financeira
da Madeira obrigava à tomada de medidas, sendo o alargamento da autonomia
administrativa, segundo o editorialista do Diário de Notícias (9.10.1922), «o
único caminho a seguir para a salvação da Madeira».
No princípio dos anos vinte o debate e combate pela Autonomia da Madeira
ganhou renovado entusiasmo e uma nova dimensão. Em Outubro e Novembro de 1920,
o Dr. Eduardo António Pestana, entusiasmado com os resultados positivos da
realização em várias localidades do Continente de Congressos Regionais,
iniciativa que partira do então director do Diário de Notícias, de Lisboa, Dr.
Augusto de Castro, reclama insistentemente, no Diário de Notícias, do Funchal,
a necessidade de idêntica iniciativa na Madeira. O objetivo do congresso, a
realizar na Madeira, era produzir um levantamento dos principais problemas com
que se debatia a sua terra natal e criar uma comissão para reclamar as soluções
necessárias junto dos parlamentares madeirenses e dos ministérios do Terreiro
do Paço, em Lisboa. Isto é, criar um grupo de pressão madeirense em Lisboa.
O apelo encontrou eco nas forças conservadoras da Madeira, apesar da
inércia ainda revelada. António Pestana, sem confrontar directamente o regime
parlamentar da República, dizia que as questões políticas davam lugar às
questões económicas (…)”. (História da Madeira, coordenação de Alberto Vieira,
setembro de 2001).
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