Conflitos das Autonomias da Madeira (75)
Durante os
sete anos em que vigorou a Ditadura Militar, desde o «28 de Maio de 1926» que
lugar a outra ditadura com Salazar, com a Constituição de 1933, a autonomia
administrativa da Madeira teve algumas mudanças substanciais, embora no
essencial manteve-se o modelo de Distrito sob o controlo total do poder
centralizador. Entretanto, o ideal autonomista continuou vivo e reivindicativo
ao longo dos anos, não se limitando às leis já publicadas e àquelas que
porventura introduzissem novas formulações legais de mera cosmética.
Nascido no
Rio de Janeiro, em 1851, o percurso científico de Bernardino Machado remonta à
sua formação em Matemática e Filosofia na Universidade de Coimbra, e com cerca
de 25 anos de idade obtém os graus de licenciado, doutor e professor substituto
da Faculdade de Filosofia. No ato da sua licenciatura apresentou a «Dissertação
Inaugural de Física – Matemática: Theoria machanica da reflexão e da refracção
da luz (1875)»
“O perfil
de Bernardino Machado não se faz em dois traços. O seu modo de ser era por
demais complexo para que alguém, sem lhe deformar a psicologia, o defina
sumariamente. Misto de reflexão e de vibratilidade, de subtileza e de energia,
Bernardino Machado que se educara na disciplina mental das matemáticas e no
cultivo das ciências, era, no entanto, um idealista que, ao serviço das suas
convicções liberais punha os ardores da paixão mais estuante …” (Bourbon e
Meneses).
O general
Gomes da Costa encabeçou a revolta ocorrida em Braga, antes tendo feito algumas
campanhas militares na Índia e Angola, bem como na expedição à Flandres na «I
Grande Guerra de 1914-1918». Pertenceu ao Partido Radical e teve relações com
aderentes do Integralismo Lusitano. Em 17 de junho demitiu Mendes Cabeça do
Governo e assume a chefia.
Durante o
tempo legal e político da «Ditadura Militar» houve a ajuda especial de Salazar.
Cinco
meses depois, o Decreto 15.805, de 31 de julho alargou a descentralização
governativa dando às Juntas Gerais mais poderes. Mas a esse aumento de poderes
não correspondeu mais fundos financeiros para a concretização efetiva do
desenvolvimento social e económico (Agricultura, Comunicações, Instrução Saúde
Pública, Assistência e Previdência, etc.).
Porque não
bastava legislar o aumento de poderes se, em paralelo, não era atribuída mais
receita. O que aconteceu foi que outras leis impuseram à Madeira obrigações
incomportáveis como foi o célebre Decreto nº 19273, de 22 de janeiro de 1931,
que alterou o regime cerealífero da ilha, o qual deu origem à Revolta da
Farinha, em 4 de fevereiro daquele ano.
Com a Revolta da Madeira, de 4 de abril de 1931,
foi constituída a Junta Revolucionária da Madeira.
(continua)
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