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domingo, 3 de julho de 2022

 

Conflitos da Autonomia -Resposta de Salazar ao Presidente da Junta Geral - D

 

As «Frutas e Géneros Hortícolas» fizeram parte da carta de Salazar em resposta à carta do Presidente da Junta Geral, salientando que “Estão também prontos para publicação dois decretos – um que estabelece no Funchal uma delegação da Junta Nacional de Exportação de Frutas e outro que cria o Grémio dos Exportadores de frutas e produtos hortícolas da ilha da Madeira. Os dois organismos devem introduzir um pouco de ordem na produção e comércio daqueles géneros, de modo que se evitem no futuro os lamentáveis factos a que faz referência a exposição da Junta. A Madeira tem ali possibilidades enormes que convém não desbaratar, antes devem ser aproveitadas em benefício e para enriquecimento da ilha”.

Os «Vinhos» mereceram bastante realce na carta de Salazar ao referir: “Estão assentes as bases da organização da produção e comércio dos vinhos da Madeira, mas tenho dúvidas sobre a sua publicação imediata, porque o espírito público não está preparado para as providências a tomar, segundo o que se depreende das conversas havidas com alguns madeirenses. Nós não podemos, a mexer no assunto, continuar permitindo que a exportação seja aviltada em qualidade com os produtores directos, com o fabrico artificial, e com os vinhos por envelhecer. A solução razoável

está em permitir apenas o produtor directo em certas zonas onde outra vide se não dá, mas só para consumo interno, e ir obrigando à enxertia os demais, por dois meios:

1º pagando por melhor preço o vinho de castas nacionais;

2º fixando a percentagem decrescente num período talvez de 5 anos em que o vinho exportado podia conter vinho do produtor directo.

Em curto espaço de alguns anos, o necessário para a adaptação o problema estaria satisfatoriamente resolvido. Semelhantemente ao que se dá com o vinho do Porto, os exportadores seriam obrigados a determinado stock em relação com a sua necessidade de exportação. Como digo acima, os melhores ainda não entenderam que é este o caminho da salvação e desejam continuar produzindo e fazendo o que nós sabemos. O resultado final será a ruína completa do viticultor e a perda dos mercados externos. Deviam convencer-se aí de uma coisa Madeira bom, não há em parte nenhuma do mundo; mas Madeira ordinário encontra-se por toda a parte, sem ser necessário ir daí. Estou convencido de que a reforma acabará por impor-se, tão lógico é, mas não sei se aguardará a oportunidade de haver mais convencidos da sua benemerência.

Para já tem pelo menos que regularizar-se a exportação que tem sido uma vergonha. Conseguimos a muito custo reservar para a Madeira no acordo com a França um contingente muito superior à sua exportação e esse facto permitia o negócio normal em óptimas condições.

Pois a falta de seriedade de alguns teve a arte de complicar o problema que naquelas condições nem chegava a ser problema. Agora é preciso intervir e fixar o critério das quantidades a exportar por cada exportador. Para a falta de juízo e de seriedade é que é muito difícil o Governo arranjar remédio”.

Quanto aos «Lacticínios» e «Vimes», Salazar apenas refere que “Está em estudo a organização para que já há bases suficientes, mas neste momento nada posso ainda dizer-lhe”.

Relativamente ao «Bairro Económico», salienta: “Nada sei dizer-lhe, porque nada consta acerca do problema, além do vejo na exposição da Junta”.

E do «Imposto de Viação e Turismo»: “Vou estudar a questão a ver se define qual a entidade a quem pertencem as receitas”.

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