Conflitos da Autonomia -Resposta de Salazar ao Presidente
da Junta Geral - D
As «Frutas
e Géneros Hortícolas» fizeram parte da carta de Salazar em resposta à carta do
Presidente da Junta Geral, salientando que “Estão também prontos para publicação
dois decretos – um que estabelece no Funchal uma delegação da Junta Nacional de
Exportação de Frutas e outro que cria o Grémio dos Exportadores de frutas e
produtos hortícolas da ilha da Madeira. Os dois organismos devem introduzir um
pouco de ordem na produção e comércio daqueles géneros, de modo que se evitem
no futuro os lamentáveis factos a que faz referência a exposição da Junta. A
Madeira tem ali possibilidades enormes que convém não desbaratar, antes devem
ser aproveitadas em benefício e para enriquecimento da ilha”.
Os
«Vinhos» mereceram bastante realce na carta de Salazar ao referir: “Estão
assentes as bases da organização da produção e comércio dos vinhos da Madeira,
mas tenho dúvidas sobre a sua publicação imediata, porque o espírito público
não está preparado para as providências a tomar, segundo o que se depreende das
conversas havidas com alguns madeirenses. Nós não podemos, a mexer no assunto,
continuar permitindo que a exportação seja aviltada em qualidade com os
produtores directos, com o fabrico artificial, e com os vinhos por envelhecer.
A solução razoável
está em
permitir apenas o produtor directo em certas zonas onde outra vide se não dá,
mas só para consumo interno, e ir obrigando à enxertia os demais, por dois
meios:
1º pagando
por melhor preço o vinho de castas nacionais;
2º fixando
a percentagem decrescente num período talvez de 5 anos em que o vinho exportado
podia conter vinho do produtor directo.
Em curto
espaço de alguns anos, o necessário para a adaptação o problema estaria
satisfatoriamente resolvido. Semelhantemente ao que se dá com o vinho do Porto,
os exportadores seriam obrigados a determinado stock em relação com a sua
necessidade de exportação. Como digo acima, os melhores ainda não entenderam
que é este o caminho da salvação e desejam continuar produzindo e fazendo o que
nós sabemos. O resultado final será a ruína completa do viticultor e a perda
dos mercados externos. Deviam convencer-se aí de uma coisa Madeira bom, não há
em parte nenhuma do mundo; mas Madeira ordinário encontra-se por toda a parte,
sem ser necessário ir daí. Estou convencido de que a reforma acabará por
impor-se, tão lógico é, mas não sei se aguardará a oportunidade de haver mais
convencidos da sua benemerência.
Para já
tem pelo menos que regularizar-se a exportação que tem sido uma vergonha.
Conseguimos a muito custo reservar para a Madeira no acordo com a França um
contingente muito superior à sua exportação e esse facto permitia o negócio
normal em óptimas condições.
Pois a
falta de seriedade de alguns teve a arte de complicar o problema que naquelas
condições nem chegava a ser problema. Agora é preciso intervir e fixar o
critério das quantidades a exportar por cada exportador. Para a falta de juízo
e de seriedade é que é muito difícil o Governo arranjar remédio”.
Quanto aos
«Lacticínios» e «Vimes», Salazar apenas refere que “Está em estudo a
organização para que já há bases suficientes, mas neste momento nada posso
ainda dizer-lhe”.
Relativamente
ao «Bairro Económico», salienta: “Nada sei dizer-lhe, porque nada consta acerca
do problema, além do vejo na exposição da Junta”.
E do «Imposto
de Viação e Turismo»: “Vou estudar a questão a ver se define qual a entidade a
quem pertencem as receitas”.
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