Conflitos da Autonomia -Resposta de Salazar ao Presidente
da Junta Geral - E
Salazar escreve acerca do «Turismo da Madeira» nos
seguintes termos: “Tenho feito todos os esforços por criar as condições
suficientes para a resolução do problema, e até agora em vão, porque daí não
tem havido ninguém nem ajuda nenhuma. Mantive na posse do Estado as duas
quintas que já pertenciam à Fazenda na esperança de vir a adquirir a terceira,
o que fiz com suma prudência e grande dispêndio, só porque estava convencido de
que as três quintas ligadas seriam a base do jogo e turismo da Madeira. Nenhuma
sociedade se tem formado em condições de fazer alguma coisa séria. Mandaram-se,
como V. Exª sabe, à Madeira dois delegados do Ministério do Interior para
estudar a questão in loco e aguardo os elementos que trouxerem. Por mim estou
disposto a fazer as melhores condições possíveis com cedência das quintas e do
exclusivo do jogo, mas não a fazer-se empresário do jogo. As ideias que por aí
há de o Estado construir o casino não terão sequência. Se o negócio é bom,
custa a crer que não haja quem em condições razoáveis se lance ao
empreendimento. Para já estou convencido de que umas dezenas de contos gastas
no casino existente, a limpeza e ordenamento das quintas e a construção de um
campo de golfe satisfariam enquanto não se pudesse avançar mais e não se
pudesse construir um casino novo.
[…] Quanto ao mais que se refere a turismo, o
relatório da Junta parece-me perfeitamente razoável e creio que com a
organização duma comissão local com poderes latos muitas coisas entrarão na
ordem sem dificuldade nem dispêndio de dinheiro. Parece terem especial
interesse em que seja dada à Madeira a receita do jogo. Não me oponho a isso,
quer dizer, a que a receita aí fique ou lhe seja dado o equivalente mas para
melhoramentos concretos ligados ao turismo.
Quanto ao «Sanatório para Tuberculosos» está
escrito que “A Madeira deve ter já receitas para começar as obras do Sanatório,
mas tem de convencer-se de que o óptimo é inimigo do bom.
Pediram a quinta de Santana para isso e para um
vastíssimo e grandioso plano que não estará realizado nalgumas dezenas de anos.
As cedências de propriedades do Estado obedece hoje a este princípio: cede-se o
que é necessário e pode ser imediatamente aproveitado, mas não mais do que
isso. De modo que quando a entidade peticionária tem um plano e os seu
projectos devidamente aprovados e meios financeiros para os realizar, o pedido
é deferido. Caso contrário não é. Ora a cedência imediata de uma porção de
hectares de terreno e grande valor não está justificada. A Assistência Nacional
aos Tuberculosos falou no plano a realizar, mas não o precisou ainda, nem é capaz de dizer onde
está o dinheiro para o pôr de pé. DE modo que lhes aconselhava a pedir o
necessário para o Sanatório, o que será imediatamente dado, e a começar as
obras que em pouco mais de um ano podem estar concluídas. De mais a quinta não
foge, não faço tenção de a vender nem de a ceder a outrem. Porquê essa febre de
passar do património do Estado para o da Junta ou de outras instituições
valores enormes sem qualquer utilidade pública? A resolução da dificuldade
depende agora apenas da A.N.T.
«Liceu»: “Sabe que veio daí um projecto para 6.000
contos. É uma loucura, como algumas das que também aqui se fizeram e nos
custaram isso também. Felizmente, parece que podemos mudar de rumo e
organizamos projectos parar menos de metade daquela quantia. O projecto foi
devolvido para ser modificado e embaratecido. Quando voltar e mereça aprovação,
o Estado comparticipará na despesa e poderá manter-se o que primitivamente fora
proposto quanto aos meios para construção (…)”
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