Conflitos
da Autonomia – Eleições com Candidatos da Madeira
-Pela quinta vez, nas eleições de 1949 a União Nacional voltou a obter a
totalidade dos 120 deputados na Assembleia Nacional, com 97,1% dos votos,
apesar de ter havido candidatos da Oposição em alguns círculos eleitorais: os
Agrários Independentes, com 2,9%, e os Regionalistas, também com 2,9%.
-Nas eleições de 1953 repetiu-se a vitória do regime, com uma baixa
significativa de votantes (68,2%), obtendo a União Nacional 85,7%, elegendo a
totalidade dos 120 deputados, e a Oposição, com 14,3%.
-Novas eleições tiveram lugar no dia 3 de novembro de 1957, com 70,4% de
votantes, obtendo a União Nacional 87,9%, elegendo os 120 deputados, e a
Oposição com 12,1%. A estas eleições concorreram pelo círculo do Funchal o
Padre Dr. Agostinho Gomes, o Dr. Alberto Henriques de Araújo e o Ten.-Coronel
José Freitas Soares. O padre Vigário Geral como deputado afirmou: “(…) temos
alguém a seguir no exemplo: SALAZAR!... (intervenção na sessão de campanha eleitoral
em 31/10/1957 e publicadas nos diários de 01/11/1957. O pároco da Ponta do Sol,
padre João Vieira Caetano, afirmou, para justificar a candidatura do Pe
Agostinho Gonçalves Gomes: “(…) considero absolutamente legítimo a colaboração
do clero na política superior”. Entende como “política superior”: “como cidadão
e como sacerdote não hesito em aconselhar os patrícios e paroquianos e levarem
o seu voto às urnas para a eleição dos deputados indicados pela União Nacional”
(Diário de Notícias, Madeira, 29 de outubro de 1957).
-Nas eleições de 12 de novembro de 1961, a efervescência política ficou ao
rubro com o eclodir da guerra de guerrilha em Angola. Desta vez, apesar da
candidatura da Oposição, os 74% de votantes foram 100% para a União Nacional
que elegeu os 130 deputados, certamente por via de desistência da Oposição.
Pelo círculo eleitoral da Madeira concorreram duas listas: a da União Nacional,
composta pelo Dr. Agostinho Cardoso, Padre Agostinho Gonçalves Gomes e Dr.
Alberto Henriques de Araújo, e a lista da Oposição era composta pelo Dr.
António Manual Sales Caldeira, Dr. João Brito Câmara e Dr. Manuel Gregório
Pestana Júnior. “(…) o padre Agostinho Gomes referiu: “quando há quatro anos,
aqui falava, em ocasião idêntica a esta, dizia ser meu programa de acção,
adentro da representação que me seria confiada na Assembleia Nacional,
SERVIR…(…) e assim, apesar da minha insatisfação, aceitei o honroso convite da
União Nacional para candidatar-me mais uma vez a deputado; e vou com o mesmo
entusiasmo do primeiro momento,,,”. (campanha eleitoral de 10/11/1961,
publicada em 11/11/1961 no Jornal da Madeira, órgão da diocese, cujo diretor
era o então deputado Agostinho Gomes).
-Nas eleições de 1965, com a «guerra Colonial» cada vez mais intensificada
pelos movimentos de libertação e ainda o assassinato de Humberto Delgado, o
cerco do regime tornava impensável qualquer abertura, antes pelo contrário, a
falta de democracia e de liberdade para a Oposição concorrer estava cada vez
mais firme. Dos 73,6% de votantes, a União Nacional arrebatou os 130 deputados.
-Nas eleições de 1969 votaram 62,5%, e para além do partido do regime, com
88%, concorreram a CDE, com 10,3%, CEUD, com 1,5%, e a CEM, com 0,1%, mas os
130 deputados foram para a União Nacional. Pelo círculo da Madeira a lista da
União Nacional era composta pelo Dr. Agostinho Cardoso, Eng. Pinto Eliseu e
prof Eleutério de Aguiar; a lista da CED-Comissão Eleitoral Democrática era
composta por José Manuel Barroso, Dr. Fernando Rebelo a Dr. António Loja.
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