Padre Martins há 50 anos
Se em 15 de Agosto de 1962 a Igreja madeirense ficou enriquecida com a ordenaçã do novel padre José Martins Júnior, a verdade é que o Seminário Menor da Encarnação ficou mais completo e com mais valia pelo facto de, no ano letivo 1962-1963, passar a fazer parte do seu quadro de Prefeitos. O reitor, cónego Agostinho Faria e os padres Marote, Sá, José Manuel e Martins Júnior constituíam a equipa dirigente daquela instituição.
Naquele ano letivo, Martins júnior substitui o padre Sá na gestão e economato da instituição. Eu era, como no ano anterior, o encarregado da venda de material escolar daquela que se apelidava «Papelaria do Seminário», que mais não era senão um armário que estava instalado ao fundo corredor, ao lado do refeitório. Apesar do serviço cívico que eu prestava, Martins Júnior era como se fosse a minha direta “entidade patronal”. No final do ano letivo, teve a gentileza de me oferecer um livro como recompensa pelo trabalho extra que prestei para além do estudo.
Uma das valiosas ações do padre Martins teve a ver com o desenvolvimento de atividades culturais e desportivas que ultrapassaram o futebol que já era praticado pelas duas equipas “rivais” – o Lusitano e o Maia.
O ano de 1962 ficou na história da Igreja Catótica, quer no âmbito regional, quer universal por outros acontecimentos de relevo:
- decorria a preparação para a instalação das novas paróquias criadas por decreto do Bispo D. David de Sousa, o qual entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 1961, de entre as quais estava a Paróquia da Ribeira Seca;
- no dia 11 de Outubro, foi inaugurado o Concílio Vaticano II, que tinha sido convocado pelo Papa João XXIII, no dia 25 de Dezembro de 1961.
Estes dois especiais acontecimentos são de relevante importância pelos efeitos que produziram. O primeiro, por todas as polémicas que ocorreram, no pós 25 de Abril de 1974, entre o pároco da Ribeira Seca – o padre Martins – e a hirarquia da Igreja, na sequência da sua suspensão, levada a efeito pelo bispo D. Francisco Santana, e mantida pelos bispos que lhe sucederam.
O segundo, pela realização do Cocílio Vaticado II, terminado no dia 8 de dezembro de 1965, que teve como objetivo principal discutir a ação da Igreja e, de um modo especial, promover uma saudável renovação na disciplina eclesiática.
Apesar de muitas decisões do Vaticano II estarem ainda por cumprir, a verdade é que a Igreja Católica Apostólica Romana deixou de ter como base doutrinária a que vinha do Concílio de Trento, convocado pelo Papa Paulo III e realizado entre 13 de Dezembro de 1545 e 4 de Dezembro de 1563.
Quando, entre 8 de Dezembro de 1869 e 18 de Dezembro de 1870, teve lugar Concílio Vaticano I, a doutrina da Igreja não só manteve o espírito do Concílio de Trento, como também aprofundou o dogmatismo e condenou o Racionalismo, o Materialismo e o Ateísmo.
O Vaticano II acabou por ter efeitos na orientação que vinha sendo dada nos Seminários, vinculados que estavam à rigidez dos concílios anteriores. Era assim nos seminários Maior e Menor do Funchal, pese embora fosse visível no Padre Martins uma tendência real para ações que, de certo modo, fugiam à nomenclatura tradicional da Igreja. Já era ssim há 50 anos!
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