Ganhos e perdas nas eleições autarquicas
Os
resultados obtidos pelos partidos políticos, coligações e grupos de cidadãos
independentes nos dez atos eleitorais realizados para os órgãos autarquicos requerem
uma reflexão profunda, a fim de melhor entendimento dos avultados ganhos pelo
PSD-M nos vários órgãos autarquicos, bem como da fraca implantação e perdas
constantes por parte dos restantes partidos. Os resultados merecem um estudo
sociológico para se perceber a razão de tantas vitórias socialdemocratas: se a
influência é da máquina governamental regional (que se confunde com o partido),
resultando daí influência direta nos eleitores, ou se existe culpa formada dos
partidos da oposição.
Se
as maiorias têm sido para o PSD, que sempre ganhou todas as câmaras da Calheta,
Câmara de Lobos, Funchal (em 1976 sem maioria absoluta), Ponta do Sol, Porto
Moniz, Ribeira Brava, Santa Cruz (em 2009 sem maioria absoluta), Santana e São
Vicente, certo é que existiram fenómenos localizados de vitórias de partidos da
oposição. Se assim aconteceu, interessa questionar as razões sociológicas ou de
outra natureza que explicam que os portossantenses tivessem votado no PS em
1976, 1989 e 1993; que a UDP tivesse ganho a câmara de Machico, em 1989; que o
PS tenha ganho a câmara de Machico em 1993 e 1997.
No
âmbito das freguesias, os partidos da oposição ao PSD, isoladamente ou em
coligação e grupos de cidadãos, obtiveram alguns ganhos ao vencerem a
assembleia de freguesia e respetiva Junta:
-
Em 1976, o CDS ganhou nas freguesias dos Prazeres, Curral das Freiras, Quinta
Grande e Boa Ventura; os GDUP`s venceram nas freguesias do Caniçal e Machico; o
PS ganhou na freguesia do Porto Santo; no Funchal, o PSD obteve maioria
absoluta apenas nas freguesias de São Gonçalo, Santo António e Monte, nas
restantes a maior do PSD era relativa.
-Em
1979, o CDS apenas ganhou na freguesia dos Prazeres; a UDP ganhou na freguesia
de Machico; no Caniçal o PSD não teve maioria absoluta; as freguesias do Jardim
do Mar, Achadas da Cruz e Água de Pena (de Santa Cruz) apenas tinham plenário
de eleitores.
-
Em 1982, o CDS ganhou na Ribeira da Janela e a UDP na freguesia de Machico; as
freguesias do Jardim do Mar, Achadas da Cruz e Água de Pena (de Santa Cruz)
continuaram com plenário de eleitores.
-
Em 1985, apenas a UDP ganhou na freguesia de Machico.
-
Em 1989, a
coligação PS/CDS ganhou na freguesia de Santa Luzia, mas no Imaculado e São
Gonçalo o PSD não obteve maioria absoluta; a UDP ganhou nas freguesias do
Caniçal e Machico; o PS ganhou na freguesia do Porto Santo; o PSD não obteve
maioria absoluta na Madalena do Mar.
-
Em 1993, o CDS ganhou nas freguesias do Arco da Calheta e Paul do Mar; o PS
ganhou nas freguesias de Machico, Seixal, Porto Santo, Santa Cruz e Arco de São
Jorge; nas freguesias do Monte e São Gonçalo o PSD não obteve maioria absoluta.
-
Em 1997, o CDS repetiu a vitória no Arco da Calheta e ganhou na Ponta do Pargo;
o PS ganhou na Quinta Grande, Machico e Gaula;
o grupo de independentes ganhou na freguesia do Jardim da Serra.
-
Em 2001, a
coligação CDS/PS ganhou na freguesia dos Prazeres; a coligação PS/CDS ganhou
nas Achadas da Cruz e Gaula; o PS ganhou na freguesia de Machico.
-
Em 2005, o CDS ganhou na freguesia dos Prazeres; o PS ganhou em Água de Pena,
Achadas da Cruz e Gaula.
-
Em 2009, o PS ganhou nas freguesias de Água de Pena, Achadas da Cruz e Porto
Moniz; o CDS ganhou na fregueisa de São Jorge.
Os
fenómenos localizados nos concelhos e freguesias revelam que, de quando em vez,
existem pessoas nos partidos da oposição ao PSD com capacidade para
desenvolverem um trabalho profundo e
sério a favor das suas populações. Estas não deixam de reconhecer o seu
trabalho, pese embora com pouca longevidade no mandato. São estes fenómenos de
pouca duração que merecem análises permanentes, o que, por vezes, rareiam ou
são inexistentes nas sedes regionais e locais dos partidos.
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