Grupos de cidadãos nas eleições autárquicas
Antes de me
debruçar acerca do tema de hoje, faço uma correção ao texto que escrevi no
passado dia 16, intitulado «Coligações partidárias e a aritmética eleitoral».
Na altura, referi que o partido PAN integrava a coligação em Câmara de Lobos (PS,
BE, PND, PTP e PAN). No entanto, este último partido não faz parte da
coligação, ao contrário do que a lógica determinaria. Mas como questões lógicas
nada mandam nas práticas políticas, o mesmo se passa com o MPT, que também fica
fora da coligação, quando no Funchal o PAN e MPT estão na «Mudança». Assim, se
atendermos aos resultados de 2009 (PS, 2 257; BE, 474; PND, 901) e considerando
os 983 votos do PTP nas eleições regionais de 2011, naquele concelho, – por não
ter concorrido às autárquicas de 2009 – o resultado das próximas eleições nunca
poderá ser inferior a 4 615 votos. Aliás, tendo em conta o objetivo
multiplicador, o resultado só pode ser de uma coligação vencedora.
Quanto ao Funchal,
a correção tem a ver com o facto de considerar os votos obtidos pelo PTP, 4
279; PAN, 1 644, nas eleições regionais de 2011, naquele concelho, - por não
terem concorrido às autárquicas de 2009 - e não os obtidos em toda a Região. Deste
modo, a aritmética eleitoral mínima passa a ser vista com o total obtido pelos
partidos que concorreram em 2009 (PS, 7 489; BE, 2 472; MPT, 1 284; PND, 4 673),
a que se adiciona os votos do PTP e PAN, o que perfaz o total de 21.841.
Nas eleições autárquicas realizadas houve «grupos
de cidadãos» que concorreram a algumas câmaras e assembleias de freguesia. Mas
nunca houve tantos grupos a concorrer como os que se apresentam às próximas
eleições. Têm os partidos políticos como objetivo crítico por razões de vária
ordem, mesmo que neles tenham militado e deles tenham apoio no próximo ato
eleitoral. Pese embora as listas dos partidos incluíssem sempre pessoas não
militantes, a incongruência mais patente nas próximas eleições é o facto de
haver partidos que não concorrem em determinado município para apoiar um «grupo
de cidadãos» independentes.
- Na história das eleições autárquicas, o
primeiro grupo de cidadãos que surgiu a candidatar-se foi em 1989 e 1993, no
Estreito de Câmara de Lobos, chamando-se SFJS – Somos Freguesia Jardim da
Serra, e tinha como fim incentivar a criação da freguesia do Jardim da Serra, o
que veio a concretizar-se em 1996. Obteve 672 votos em 1989 e 547 em 1993, com
um mandato. Nos atos eleitorais seguintes o grupo extinguiu-se, acabando por
concorrer na lista do PSD.
- Também em 1993 um grupo de cidadãos
concorreu à assembleia de freguesia de São Gonçalo (Funchal), com a designação
de AM – Apostar para Mudar, obtendo 492 votos e 2 mandatos.
- Em 2008, nas eleições intercalares para a assembleia de
freguesia de Gaula, após a demissão dos elementos do PS, que tinha ganho as
eleições em 2005, surge o grupo denominado Pelo Povo de Gaula, liderado por militantes
do PS. O novo grupo e o desmoronamento do PS levaram o PSD a ganhar as
eleições.
- Em 2009, o grupo Pelo Povo de Gaula
concorreu com a designação JPP-Juntos Pelo Povo à câmara e a todas as assembleias
de freguesia. Para a câmara municipal obteve 6 451 votos e 3 mandatos e venceu
em Gaula com 1 025 votos.
* Nas próximas eleições, o grupo JPP
concorre a todos os órgãos autárquicos de Santa Cruz, tendo como opositores o
PSD, CDU e PAN. O PS, CDS, BE, MPT, PND e PTP não concorrem, mas dão o seu
apoio àquele grupo de cidadãos, que se intitula, com bastante vigor, independente.
O que de curioso existe quanto ao apoio do PS àquele grupo é o facto de, na
sequência das eleições intercalares de Gaula, em 2008, os militantes
socialistas do grupo Pelo Povo de Gaula terem sido expulsos do PS por terem
concorrido em lista adversária à do PS. Curiosamente, à laia de ironia de uma
política sem destino certo, é o PS, agora, a apoiar os então expulsos.
* À assembleia de freguesia do Monte concorre o
grupo STM-Somos Todos Monte.
* Às assembleias de freguesia de Machico e
Água de Pena concorre o MCM-Movimento Cidadania Machico.
* À câmara municipal da Ponta do Sol e
assembleias de freguesia da Ponta do Sol e Canhas concorre o MPPS- Movimento pela Ponta do Sol.
* No Porto Santo, concorre o grupo de
independentes Porto Santo Sem Medo;
* Em São Vicente , concorre o grupo UPSV-Unidos por São
Vicente, apoiado pelo PS e CDS que não concorrem naquele concelho.
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