Está fora de
prazo a governação do PSD-Madeira
“Esta coisa de
dizer que não há ninguém,
levou a que
tivéssemos de aturar o dr. Salazar
durante 40
anos. As coisas não são assim.
Não há pessoas
insubstituíveis.
Num partido
grande como é o PSD, há muita
gente lá capaz
de fazer o meu lugar.
O meu problema
é mesmo esse:
a existência de
várias pessoas não vai fazer
com que o consenso à volta de uma só pessoa
seja fácil”.
Alberto João, entrevista ao JM, 10/08/91.
Há 37 anos na gestão pública da Região, na sequência da tomada de posse
do I Governo Regional, liderado pelo eng. Ornelas Camacho, a 1 de outubro de
1976, bem como com maiorias absolutas em quase todas as autarquias locais,
desde a primeira eleição em 12 de dezembro daquele ano, o então PPD-M já atingiu
o fim do prazo para gerir seja o que for.
Apesar de, há poucos
anos, intitular-se o “partido da autonomia”, a sua prática política no governo
da Região, tendo na base a questão financeira, determinou a alienação de muitos
poderes que tínhamos, passando a haver um forte centralismo no Terreiro do
Paço. Foi o retomar da visão autonomista defendida aquando das eleições para a
Assembleia Constituinte. Na altura, apesar de defender uma “Autonomia
Verdadeira”, sem nunca explicar este conceito, a visão dos então social-democratas
não foi tão ampla como a que, mais tarde, tentaram fazer crer.
O programa
eleitoral, para além de preconizar a criação de uma “sociedade socialista em
que todos se sintam iguais em dignidade”, o PPD também oferecia-se aos
“empresários honestos e preocupados com a necessidade de maior justiça social”,
para além de se opor que “o berço marque seja quem for para a sua vida inteira”,
estando ao lado dos “ trabalhadores e dos mais pobres”.
Foi contra as
formas independentistas preconizadas por alguns, porque “traduzem uma situação
extrema absolutamente inaceitável, na medida em que nos atiraria de modo célere
para os braços dum neo-colonialismo passível de novas formas de exploração e
arbitrariedade”. A autonomia deveria ser “o mais lata possível” para serem os
madeirenses a definirem as ”melhores hipóteses de resolução”. Mas defendia que
alguns setores de atividade não fossem regionalizados porque “Há no entanto
sectores que tudo aconselha em manter o centro de decisão no Governo Central –
Forças Armadas; Segurança; Moeda; Administração da Justiça e a fixação das
normas fundamentais de Direito; Relações Exteriores; Programas de Ensino; Corpo
do Funcionalismo Público; Formação Profissional; grandes directrizes para
apoios técnicos e financeiros às várias regiões do Estado Português; medidas de
conveniente articulação do Arquipélago com o espaço económico nacional e com os
grandes espaços económicos com os quais a República Portuguesa mantenha
relações; apoio técnico em matéria de saúde e segurança social; correios e
telecomunicações; meteorologia. Praticamente o restante competirá ao governo
insular dirigir”.
O PPD-M defendia
que “Num correcto esquema de autonomia (...) serão imprescindíveis dois órgãos:
o Governador, poder executivo, e uma Assembleia Regional, poder fiscalizador.
Quaisquer deles com representatividade de base (…) o Governador numa região
autónoma deve ser eleito por sufrágio directo e universal e por maioria
absoluta”. O mandato seria de quatro anos, “mas o princípio da não reeleição é
útil porque não faz a governação cair numa rotina perniciosa, nem faz cultivar
o gosto ou o vício pelo poder”.
Para além de
defender uma equipa de Secretários para governar em conjunto com o Governador,
este deveria ser o “principal mandatário do Governo Central na execução das
deliberações, cuja competência esteja centralizada em Lisboa. O que obriga por
outro lado a aceitar um eficaz sistema de controlo pelo Governo Central, normal
dado o direito de soberania (...) o que leva o Governo Central a ter como
mandatário uma personagem não designada por Ele, mas de base, pela população”. “A
Madeira não pode continuar a viver de improvisos. A Madeira tem de ser
autónoma, governada pelas forças políticas mais representativas e possuir um
programa de governo. A Madeira não é para servir ambições pessoais (...)”.
Como não estaria a Região se existisse o PPD-M de 1975?!