Estatísticas da Madeira são incompletas
Quando nos
deparamos que o Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira 2012, omite a
produção de algumas culturas agrícolas, como são exemplo a cana sacarina, o
limão, a anona e a cebola, é de questionarmos se devemos acreditar que temos
uma documento com os dados que desejamos e com números que reflitam a realidade
agrícola regional. Precisamente quatro produtos a que são dedicadas festas
anuais, devido à sua importância na economia regional e na de muitas famílias
madeirenses. Curiosamente, até parece que a Madeira deixou de produzir limão,
uma vez que o Anuário de 2009 refere que a produção foi de 800 toneladas, numa
área de 87 hectares .
Quando aquele
documento de «estatísticas oficiais» refere que a Região produz 45 954
toneladas de batata, numa área de 1 539 hectares , não
especifica se é batata doce ou semilha. Difícil seria entender que sejam as
duas juntas, o que haveria perversidade dos dados. Mas muito menos se
compreende que não esteja refletida a produção de ambas, em separado.
Relativamente à
produção de banana, a produção foi de 17.301 toneladas. No entanto, as
informações que foram dadas pela tutela ao JM, publicadas no dia 15/03/2013, referem
que em 2012 a
produção foi de 16 500 toneladas. E que destas, 2,6 foram vendidas no comércio
local e, das 16 500 toneladas, cerca de 9 foram Extra, 3,5 de Primeira
categoria e 4 de Segunda. Também refere que na expedição de banana para o
exterior a Extra atingiu 7,4 toneladas, de Primeira 3,2 e de Segunda 3,3.
Bem lido o Anuário
de 2012, não é referida a tonelagem de banana expedida, ficando-se apenas pela
quantidade produzida, e ficando-se sem saber qual a verdadeira quantidade: se a
do Anuário, ou se a que foi dada ao JM!
Também ficamos a
saber que, em 2012, a
produção de banana em Portugal – para além da que é indicada para a Madeira –
foi de 22 528 toneladas, numa área 1015 hectares . Isto
é, do que genericamente pensamos é que a banana vendida no território
continental é da Madeira, o que pode não ser totalmente verdade, porque também pode
ser do Algarve e/ou dos Açores!
A Madeira, tendo em
conta a sua dimensão, já produziu muito gado. O Anuário de 2012 refere, no
quadro dos efetivos animais por espécie, que existem 5 000 bovinos, destes, 1
000 são vacas leiteiras. A curiosidade destes números é o facto de serem iguais
aos que constam no Anuário de 2009. É inimaginável esta coincidência de
números, mais parecendo uma cópia sem qualquer rigor estatístico. E quando se
olha para as espécies de gado abatido, verifica-se que, em 2012, foram abatidos
332 vitelos e 4 441 bovinos adultos, o que revela estarmos perante gado vivo
que vem de fora da Região (p.ex. Açores), distorcendo a estatística regional.
Outra curiosidade do
Anuário de 2012 é o facto de já conter os resultados eleitorais das eleições
autárquicas realizadas em 29 de setembro de 2013, embora refira que são os
resultados do escrutínio provisório. Mas é um disparate fazer a publicação
naquele anuário, quando deveria ser no do ano 2013. Por uma simples razão:
precisamente por serem provisórios é que existem divergências acentuadas com os
resultados oficiais definitivos, publicados no Diário da República do dia 13 de
dezembro de 2013. Os números mais flagrantes verificam-se em Santa Cruz nos
resultados da eleição para a Câmara Municipal. O resultado provisório para o
PPD/PSD é de 4 979 votos, mas o resultado definitivo é 4 865. O resultado
provisório para o grupo de cidadãos JPP é de 13 886 votos, mas o resultado
definitivo é 14 214. Aguardamos que, no anuário de 2013, sejam publicados os
resultados definitivos, sob pena de ficarmos com uma estatística “cambada”.
A entidade
responsável pela estatística regional é a Direcção Regional de Estatística, que
depende da Secretaria Regional do Plano e Finanças. Cabe a esta entidade
pública zelar para evitar lacunas acerca de dados importantes. Omitir ou
distorcer elementos revelam atos inadmissíveis, tendo em conta a importância
dos dados estatísticos na vida coletiva da Madeira e fora dela. Das duas uma,
ou alguns elementos não são fornecidos pelos organismos regionais competentes,
ou a Direcção Regional recebe-os e não publica.
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