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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Estatísticas da Madeira são incompletas

Quando nos deparamos que o Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira 2012, omite a produção de algumas culturas agrícolas, como são exemplo a cana sacarina, o limão, a anona e a cebola, é de questionarmos se devemos acreditar que temos uma documento com os dados que desejamos e com números que reflitam a realidade agrícola regional. Precisamente quatro produtos a que são dedicadas festas anuais, devido à sua importância na economia regional e na de muitas famílias madeirenses. Curiosamente, até parece que a Madeira deixou de produzir limão, uma vez que o Anuário de 2009 refere que a produção foi de 800 toneladas, numa área de 87 hectares.

Quando aquele documento de «estatísticas oficiais» refere que a Região produz 45 954 toneladas de batata, numa área de 1 539 hectares, não especifica se é batata doce ou semilha. Difícil seria entender que sejam as duas juntas, o que haveria perversidade dos dados. Mas muito menos se compreende que não esteja refletida a produção de ambas, em separado.

Relativamente à produção de banana, a produção foi de 17.301 toneladas. No entanto, as informações que foram dadas pela tutela ao JM, publicadas no dia 15/03/2013, referem que em 2012 a produção foi de 16 500 toneladas. E que destas, 2,6 foram vendidas no comércio local e, das 16 500 toneladas, cerca de 9 foram Extra, 3,5 de Primeira categoria e 4 de Segunda. Também refere que na expedição de banana para o exterior a Extra atingiu 7,4 toneladas, de Primeira 3,2 e de Segunda 3,3.
Bem lido o Anuário de 2012, não é referida a tonelagem de banana expedida, ficando-se apenas pela quantidade produzida, e ficando-se sem saber qual a verdadeira quantidade: se a do Anuário, ou se a que foi dada ao JM! 
Também ficamos a saber que, em 2012, a produção de banana em Portugal – para além da que é indicada para a Madeira – foi de 22 528 toneladas, numa área 1015 hectares. Isto é, do que genericamente pensamos é que a banana vendida no território continental é da Madeira, o que pode não ser totalmente verdade, porque também pode ser do Algarve e/ou dos Açores!

A Madeira, tendo em conta a sua dimensão, já produziu muito gado. O Anuário de 2012 refere, no quadro dos efetivos animais por espécie, que existem 5 000 bovinos, destes, 1 000 são vacas leiteiras. A curiosidade destes números é o facto de serem iguais aos que constam no Anuário de 2009. É inimaginável esta coincidência de números, mais parecendo uma cópia sem qualquer rigor estatístico. E quando se olha para as espécies de gado abatido, verifica-se que, em 2012, foram abatidos 332 vitelos e 4 441 bovinos adultos, o que revela estarmos perante gado vivo que vem de fora da Região (p.ex. Açores), distorcendo a estatística regional.

Outra curiosidade do Anuário de 2012 é o facto de já conter os resultados eleitorais das eleições autárquicas realizadas em 29 de setembro de 2013, embora refira que são os resultados do escrutínio provisório. Mas é um disparate fazer a publicação naquele anuário, quando deveria ser no do ano 2013. Por uma simples razão: precisamente por serem provisórios é que existem divergências acentuadas com os resultados oficiais definitivos, publicados no Diário da República do dia 13 de dezembro de 2013. Os números mais flagrantes verificam-se em Santa Cruz nos resultados da eleição para a Câmara Municipal. O resultado provisório para o PPD/PSD é de 4 979 votos, mas o resultado definitivo é 4 865. O resultado provisório para o grupo de cidadãos JPP é de 13 886 votos, mas o resultado definitivo é 14 214. Aguardamos que, no anuário de 2013, sejam publicados os resultados definitivos, sob pena de ficarmos com uma estatística “cambada”.
A entidade responsável pela estatística regional é a Direcção Regional de Estatística, que depende da Secretaria Regional do Plano e Finanças. Cabe a esta entidade pública zelar para evitar lacunas acerca de dados importantes. Omitir ou distorcer elementos revelam atos inadmissíveis, tendo em conta a importância dos dados estatísticos na vida coletiva da Madeira e fora dela. Das duas uma, ou alguns elementos não são fornecidos pelos organismos regionais competentes, ou a Direcção Regional recebe-os e não publica.





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