Para
que serve o Parlamento Europeu?
"Sempre segui a mesma linha contínua
em circunstâncias e latitudes diferentes;
mas com uma única preocupação:
unir os homens, solucionar os problemas
que os dividem e levá-los a ver o seu
interesse comum”.
Jean
Monnet
Apesar de o Parlamento Europeu (PE) ser a única das sete instituições da
União Europeia que é composta por representantes eleitos pelos cidadãos dos
Estados membros, não tem poderes nenhuns para intervir alterando decisões
perversas, antagónicas e assassinas, tomadas por outras instituições da mesma
UE, tais como a Comissão Europeia, o Conselho e o BCE, no tocante às medidas
impostas aos países que estão sob intervenção financeira.
Por isso não deixa de ser estranho o passeio que deputados do PE fizeram,
recentemente, ao nosso País para verificarem se as medidas impostas pela
«Troica» foram as mais adequadas. Até parece que o BCE e a Comisão Europeia não
são instituições da mesma União Europeia, tal como é o PE! Então, o que fizeram
os deputados eleitos no PE quando aquelas instituições, juntas com o FMI,
ditaram medidas absurdas que mais parecem decididas por doentes mentais?
É por
isso que os maus dirigentes da União Europeia não podem ter bons representantes
técnicos na dita «Troica», ao ficar o PE como mero expetador à margem dos
ultrapassados e impostos modelos de
políticas financeiras, económicas e sociais.
O próximo «Dia da
Europa» - 9 de maio – em vésperas de novas eleições para o PE, recorda o ano de
1950, quando Robert Schuman, ministro francês dos Negócios
Estrangeiros, propôs, num discurso inspirado por Jean Monnet, a gestão conjunta
dos recursos de carvão e de aço da França e da República Federal da Alemanha,
numa organização aberta aos outros países europeus.
O ideal europeu estava
tão vivo que, em 18 de abril do ano seguinte, foi assinado o tratado que
instituiu a CECA, entre a Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e
Holanda. A 27 de maio de 1952, foi assinado em Paris o tratado que instituiu a
Comunidade Europeia de Defesa (CED). E, a 25 de março de 1957, foram assinados
em Roma os tratados que instituiram a CEE e a EURATOM.
Naqueles anos, já se
falava na hipótese de uma Constituição europeia. Mas os avanços e recuos na
implementação de uma «Europa unida» estiveram sempre dependentes do ideário
político dos líderes europeus. Os conservadores e liberais, associados aos
políticos da extrema esquerda radical travaram o avanço da Europa solidária. Mas
apesar dos contratempos surgidos, foram possíveis alguns avanços, seguindo a
política dos «pequenos passos», no sentido de evitar ruturas que poderiam ser
fatais.
Só que essa fatalidade
está, atualmente, à vista. O domínio das instituições europeias pelo Partido
Popular Europeu e o facto de a maioria dos governos dos Estados membros ser de
ideologia conservadora e liberal torna cada vez mais frágil a União Europeia.
Decadência que é tacitatamente aplaudida pelos eurocéticos extremistas de
direita. Os representantes de Portugal que fazem parte dos que pretendem uma
União Europeia desmantelada estão, nem mais nem menos, nos partidos PSD,
CDS/PP, PCP e BE, sem esquecer Durão Barroso que lidera a Comissão Europeia das mais conservadoras e incompetentes da
história da União.
A recente crise internacional veio comprovar a fragilidade
reinante das instituições europeias, sem capacidade para apoiar e resolver os
problemas sociais, económicos e financeiros dos países membros. A Comissão
deixou também de ser o “motor” da mudança da União, que não teve capacidade
para agir andando aos ziguezagues nas políticas seguidas, ficando, antes, a dormir
à sombra das declaradas incompetências de controlo dos abutres e vampiros das
finanças mundiais.
E continua patente
uma política europeia de desmantelamento das políticas sociais nos Estados
membros, tendo como pano de fundo o obcessivo défice orçamental, que é imposto,
esquecendo que, nos anos de 2008
a 2010,
a orientação das instituições da União (Comissão e
Conselho) foi a de investimento público dos Estados membros, como forma e
ultrapassar a crise.
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