A importância das eleições europeias
A construção daquela que é hoje a União Europeia
foi feita, desde a sua constituição, de pequenos passos, umas vezes para a
frente, outras para trás e ainda outras vezes nem para a frente nem para trás.
Atualmente, a União Europeia está num estádio de
degradação política, económica e financeira por culpa das práticas levadas a
cabo pelos incompetentes dirigentes europeus que, em vez de defenderem os
interesses dos Estados membros como um todo, estão a marginalizar os economicamente
mais fracos e com governos que se submetem aos ditames das políticas ultraliberais
baseadas no infernal e sugador sistema dos mercados internacionais.
Quem manda nos Estados são os «mercados». Todos
os discursos – a começar pelo do Governo Passos/Portas - vão bater aos
«mercados». Tudo gira à volta dos «mercados», para onde recorrem a
financiamentos em vez de também incentivarem os investimentos para a economia
progredir.
É tendo em conta a atual situação da Europa que
é de relevar a importância das eleições do próximo dia 25 de maio:
- Portugal
como membro da União Europeia é obrigado a tomar medidas para atingir um défice
orçamental aceitável (3% ou menos), bem como não exceder o nível de
endividamento (60% do PIB). A questão que se coloca é a de saber se a
estabilidade orçamental e o nível da dívida devem ser atingidos num curto
espaço de tempo para corrigir erros de muitos anos, nem que para isso os
governos sejam obrigados, ou se auto obriguem, a tomar medidas de
empobrecimento dos cidadãos. O nosso exemplo é revelador das políticas tomadas
por verdadeiras aves de rapina usurpando, sem dó nem piedade, património
salarial e reformas, atuando como verdadeiros escaravelhos políticos que
ultrapassam tudo desrespeitando direitos adquiridos ao longo de muitos anos. No
entanto, permitem e desenvolvem, de forma inversa aos cortes, aumentos de todos
os bens e serviços de primeira necessidade.
- Quando,
em abril de 2009, o Conselho Europeu reconheceu que a crise sem precedentes que
se abateu sobre os mercados financeiros internacionais gerou desafios
essenciais para a comunidade, apelou a uma reação rápida para contrariar os
efeitos sobre a economia e, em especial, apoiou os investimentos públicos a fim
de relançar o crescimento e o emprego nos Estados membros. A própria Comissão
Europeia, vendo que a crise ainda não tinha chegado ao fim, criou um programa próprio
para esse efeito. Só que, passados poucos meses, todas as instituições
europeias passaram a exigir dos Estados membros a mesma medida orçamental tal
como o faziam antes da crise. Para além de terem sido incapazes de atuar com
rapidez nos momentos de maior angústia económica e financeira da Europa.
- Existe
um outro nível de preocupações no seio da União Europeia. Trata-se da infernal
burocracia e o excesso de legislação e a sua complexidade em cada Regulamento
e Directiva produzidos. O sistema vigente é um autêntico cancro legislativo,
que urge começar a ser revisto, sob pena de entrarmos num colapso normativo,
donde dificilmente se sairá. São os burocratas de Bruxelas que,
propositadamente, mantêm e ampliam este estado de coisas, tendo em vista
justificarem os luxuosos empregos como funcionários. A legislação publicada no
Jornal Oficial revela bem o emaranhado legislativo vigente. E parece que
ninguém está interessado em pôr ordem naquela casa.
- São
os Estados membros, através dos impostos dos seus cidadãos, que contribuem para
o orçamento da União Europeia. Uma grande fatia desse orçamento é para despesas
de funcionamento das Instituições, sendo outra para financiar os Estados,
através dos fundos estruturais e dos programas comunitários. É por demais
evidente o reflexo negativo de todo o sistema burocrático no ordenamento
jurídico e na administração pública dos Estados. Como é evidente, o nosso País
e, por arrastamento, a Região Autónoma da Madeira sofrem com isso. Mas também é
verdade que o poder nacional e regional instituído só vê o interesse da União
Europeia por causa dos fundos financeiros que esta transfere para aplicar em “investimentos”,
seja qual for a sua natureza e dimensão. Aliás, os órgãos nacionais, regionais,
locais e muitas associações que gerem fundos e programas comunitários, já nada
fazem sem invocar apoios europeus. Depois das especiarias da Índia e do ouro do
Brasil, estamos no ciclo do dinheiro fácil da União Europeia.
- Há
outra vertente associada à burocracia: a complexidade dos Tratados. A todo o
momento é criado um novo tratado e/ou são alterados os existentes na tentativa
de acertar o passo num determinado sentido. Mas não são postas em prática as
novas regras.
- E
quem se lembra da «noite negra» em que os ministros das Finanças da União Europeia puseram
em causa os depósitos bancários, depois da crise bancária do Chipre, poderá constatar
o elevado nível de incompetência das pessoas que estão à frente das
instituições.
É para destronar
esta gente que também servirá o próximo ato eleitoral!
Sem comentários:
Enviar um comentário