A importância da coesão económica e social na
União Europeia
O
princípio da coesão económica e social na União Europeia está a ser
desrespeitado, desde há alguns anos, pelos próprios dirigentes políticos
europeus. Casmurros e sem o mínimo de memória, os mais recentes governantes
apoderaram-se do poder como se fosse uma quinta de propriedade sua. A cada
momento que passa deitam no grande caixote do lixo da Europa a coesão económica
e social que foi ampliada e garantida quando, a 7 de
fevereiro de 1992, foi assinado o Tratado da União Europeia , em Maastricht (Holanda),
tendo o termo União Europeia (UE) substituído definitivamente o de Comunidade
Europeia.
Mesmo com outro nível de grandeza, a coesão vinha
desde 25/3/1957, data da assinatura do Tratado de Roma que instituiu a
Comunidade Económica Europeia (CEE) e a EURATOM. O conceito não é um chavão
para engalanar os Tratados que posteriormente foram dando lugar pelas
alterações introduzidas. Tem em vista promover o desenvolvimento harmonioso do
conjunto da comunidade reduzindo as “disparidades entre os níveis de
desenvolvimento das diversas regiões e o atraso das regiões menos favorecidas,
incluindo as zonas rurais”, aplicando-se para tal os fundos estruturais e os
demais instrumentos financeiros.
No decorrer dos anos, a 13/3/1979 entrou em vigor o Sistema
Monetário Europeu (SME) e no dia 12/6/1985 Portugal (juntamente com a Espanha)
assinou o Tratado de Adesão à CEE para vigorar a partir de 01/01/1986. A
maioria do povo português entendeu a adesão como uma oportunidade de Portugal
se desenvolver, melhorando o nível de vida que então era precário. Mas nunca
esperou que, passados vinte e oito anos, os governantes lhe oferecessem pobreza,
desemprego e emigração com um nível tão elevado que em muitos aspetos se assemelha,
em determinados aspetos, aos existentes nos anos cinquenta e sessenta do século
passado.
Quando,
em 1996, a
Comissão Europeia apresentou o seu primeiro relatório sobre a coesão
relativamente aos progressos na prossecução da coesão económica e social e ao
modo como foram aplicados os vários meios previstos, concluiu que, na última
década, as disparidades no rendimento per capita entre os Estados-Membros
diminuíram significativamente: “Tal facto deve-se, em grande medida, a um
esforço bem sucedido por parte dos países da coesão –Espanha, Portugal, Grécia
e Irlanda - em termos de rendimento per
capita, que aumentou de 66% para 74% da média da Comunidade”. Aquele relatório
também refere que “A Irlanda teve a actuação mais marcante, com uma taxa de crescimento
médio de 4,5% ao ano entre 1983 e 1995, seguida da Espanha com 3% e Portugal
com 2,6%. Por outro lado, a Suécia e a Finlândia perderam terreno em comparação
com os restantes países”.
Não
deixa de ser curioso terem sido aqueles quatro países da coesão, embora
recebendo fundos financeiros do Fundo de Coesão, os que mais sofreram com a
grande crise financeira internacional que explodiu a partir de 2008.
Quanto
ao emprego, “No país com o crescimento económico mais elevado, a Irlanda, o
emprego cresceu apenas 0,2% durante o período 1983-93 (…) em Portugal, na
Bélgica, na Alemanha Ocidental, nos Países Baixos e no Reino Unido a criação de
emprego, ainda que variável, tem no entanto sido suficiente para reduzir o
desemprego”. Mas o relatório também refere que “Na última década as
disparidades regionais de rendimento aumentaram em todos os Estados-Membros
onde são medidas, à excepção dos Países Baixos. Do mesmo modo, as diferenças
regionais nas taxas de desemprego também aumentaram dentro de muitos Estados-Membros,
sendo o Reino Unido uma notável excepção”.
O
relatório considera que foi importante para a coesão económica e social o
contributo das políticas comunitárias no plano das políticas sociais, educação
e formação profissional. Naquele alargado âmbito, “O seu impacto tem sido
particularmente importante nas leis do trabalho, saúde e segurança do trabalho,
na livre circulação de pessoas e oportunidades iguais para ambos os sexos. Além
disso e, por exemplo, através do diálogo social, a União funcionou como um
catalisador para a promoção e valores sociais básicos. Se bem que com despesas
modestas – mas bem orientadas – o apoio à educação e formação profissional tem
um papel semelhante como catalisador para estimular a livre circulação de
pessoas, aumentar a competitividade e promover as oportunidades dos
indivíduos”.
Que saudades que
eu tenho daquela União Europeia solidária e fomentadora dos valores que
promoviam a coesão económica e social!
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