Reflexos de «Abril 74» na Madeira (12)
Na continuação dos
jornais referidos na passada semana, outros títulos foram publicados,
enriquecendo a comunicação social escrita da Região.
A 26/02/1977, foi
publicado o nº 1 do jornal «a PALAVRA», propriedade do Movimento dos Estudantes
Católicos Madeirenes, tendo como diretor João de Ornelas Carvalho. O editorial
começa por afirmar e, depois, questionar que “vivemos num ambiente de
interrogações, dúvidas, receio pelo futuro. Porquê? Como? Quando? Será
possível? Que será de nós? Como solucionar o problema?”. Mais adiante refere
que “É com grande preocupação que vemos no nosso dia a dia, jovens como nós, se
deixarem arrastar pela apatia em relação à vida que os rodeia. Sinceramente,
apetece-nos dar um safanão e gritar-lhes que são seres com inteligência por
isso têm de ter motivação e saberem o porquê de todos os momentos da vida”.
Termina com o “Talvez estejam alguns adultos a pensar, que somos muito novos,
sem experiência da vida, e que ainda andamos com «sonhos côr de rosa». Talvez!?
Temos a certeza de que não vamos alterar, como seria nosso desejo, esta
sociedade, com as suas leis formadas; mas não estamos menos certos de que vamos
contribuir para a encaminhar para aquilo que nós pensamos ser a ideal. Nunca desanimeis,
jovens! Tende sempre presente que a meta é em frente e é preciso avançar.
Contamos contigo! Colabora!”
Na versão II
serie, nº 5. de 10/03/1977, é publicado o jornal «Força do POVO», sendo
Propriedade, Editor e Diretor José Manuel Abreu Silva. Trata-se de um jornal de
“luta dos trabalhadores contra todos os seus inimigos (…) na defesa das justas
conquistas alcançadas, contra o social-fascismo, o fascismo e o separatismo, o
social-imperealismo, o imperialismo e a guerra”. O editorial daquela publicação
justifica estarmos perante um “jornal popular, progressista, de massas”. Refere
que “Os ataques principais e já previstos têm surgido de todas as forças e
facções da burguesia: separatistas, fascistas, social-fascistas, sociais
democratas, pequena burguesia radical, etc., partido social-fascista de Cunhal
e dos seus filhotes, cada vez menos disfarçados, o «PCP(r), UDP, GDUPs, MUP»”.
“Ameaças de morte têm surgido do partido social-fascista (…) também temos sido
atingidos pelas mais baixas calúnias e ataques vindos dos principais
responsáveis da seita agonizante da Rua do Castanheiro”. Após referir a criação de Equipas de
Divulgação e Apoio a «Forças do Povo»
(E.D.A.), termina afirmando que “Só assim, «Força do Povo» será o espelho, a
imagem das massas populares exploradas, oprimidas, em luta pela sua
emancipação, de olhos postos numa sociedade livre e justa – no Reino do
Trabalho”.
A 28/10/1977,
nasce o nº 1 do quinzenário «farol das ilhas» - MADEIRA, propriedade da
Editorial Ilhas, SARL, com sede em Lisboa, tendo como Diretor António Borges
Coutinho e Diretor-adjunto João Abel de Freitas. Também composto e impresso na
Buraca – Amadora, o Estatuto Editorial refere que “é uma publicação de carácter
informativo que se propõe defender os princípios políticos e económicos
consignados na Constituição e lutar para que eles sejam respeitados nas Regiões
Autónomas dos Açores e da Madeira”. Mais à frente refere que “dará particular
atenção à defesa dos interesses das massas trabalhadoras e do campesinato,
assim como dos pequenos comerciantes e industriais e outros, apresentando-se
como porta-voz das suas reivindicações (…) levar às populações locais, assim
como aos núcleos de emigrantes, uma visão clara e completa da realidade
açoriana e madeirense (…) defenderá a efectiva autonomia dos arquipélagos como
condição fundamental para o reforço da unidade nacional, mas combaterá toda e
qualquer ideologia separatista que vise subtrair as populações insulares às
conquistas da Revolução do 25 de Abril”.
No dia 15/02/1978,
surge o nº 1 do quinzenário «Jornal INSULAR» Madeira – Açores, fundado por João
L. O. Teixeira e José Luís Cabrita, tendo como Diretor e Proprietário João L. O. Teixeira e Diretor adjunto José Luís
Cabrita. No editorial, Ornelas Teixeira refere que “Esta é a hora atlântica. O
abrigo fraterno inter-ilhas. Onde outros tentam impôr sua verdade nós
humildemente mostramos a nossa verdade: o que somos e o que poderemos ser. O
nosso objectivo é o diálogo franco com os outros. Somos todos ilhéus e formamos
um bloco único. A insularidade para nós, não é um MITO é a própria história dum
Povo – através dos séculos! Somos o retrato dum Povo inibido, manietado, que
pretende ser livre, mas continua atado de pés e mãos. Lutaremos pela palavra.
Intelegentemente. Rejeitamos a psicose do número. Rejeitamos o carneirismo – o
ir com os outros. Somos o porta-voz das Ilhas Atlânticas. Não pretendemos ser
Poder. Assim recusamos o rótulo de qualquer definição. «Não somos os istas de
qualquer ismo» conforme disse F. Pessoa”.
(continua)
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