Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Reflexos de «Abril 74» na Madeira (12)

Na continuação dos jornais referidos na passada semana, outros títulos foram  publicados,  enriquecendo a comunicação social escrita da Região.

A 26/02/1977, foi publicado o nº 1 do jornal «a PALAVRA», propriedade do Movimento dos Estudantes Católicos Madeirenes, tendo como diretor João de Ornelas Carvalho. O editorial começa por afirmar e, depois, questionar que “vivemos num ambiente de interrogações, dúvidas, receio pelo futuro. Porquê? Como? Quando? Será possível? Que será de nós? Como solucionar o problema?”. Mais adiante refere que “É com grande preocupação que vemos no nosso dia a dia, jovens como nós, se deixarem arrastar pela apatia em relação à vida que os rodeia. Sinceramente, apetece-nos dar um safanão e gritar-lhes que são seres com inteligência por isso têm de ter motivação e saberem o porquê de todos os momentos da vida”. Termina com o “Talvez estejam alguns adultos a pensar, que somos muito novos, sem experiência da vida, e que ainda andamos com «sonhos côr de rosa». Talvez!? Temos a certeza de que não vamos alterar, como seria nosso desejo, esta sociedade, com as suas leis formadas; mas não estamos menos certos de que vamos contribuir para a encaminhar para aquilo que nós pensamos ser a ideal. Nunca desanimeis, jovens! Tende sempre presente que a meta é em frente e é preciso avançar. Contamos contigo! Colabora!”

Na versão II serie, nº 5. de 10/03/1977, é publicado o jornal «Força do POVO», sendo Propriedade, Editor e Diretor José Manuel Abreu Silva. Trata-se de um jornal de “luta dos trabalhadores contra todos os seus inimigos (…) na defesa das justas conquistas alcançadas, contra o social-fascismo, o fascismo e o separatismo, o social-imperealismo, o imperialismo e a guerra”. O editorial daquela publicação justifica estarmos perante um “jornal popular, progressista, de massas”. Refere que “Os ataques principais e já previstos têm surgido de todas as forças e facções da burguesia: separatistas, fascistas, social-fascistas, sociais democratas, pequena burguesia radical, etc., partido social-fascista de Cunhal e dos seus filhotes, cada vez menos disfarçados, o «PCP(r), UDP, GDUPs, MUP»”. “Ameaças de morte têm surgido do partido social-fascista (…) também temos sido atingidos pelas mais baixas calúnias e ataques vindos dos principais responsáveis da seita agonizante da Rua do Castanheiro”.  Após referir a criação de Equipas de Divulgação e Apoio  a «Forças do Povo» (E.D.A.), termina afirmando que “Só assim, «Força do Povo» será o espelho, a imagem das massas populares exploradas, oprimidas, em luta pela sua emancipação, de olhos postos numa sociedade livre e justa – no Reino do Trabalho”.

A 28/10/1977, nasce o nº 1 do quinzenário «farol das ilhas» - MADEIRA, propriedade da Editorial Ilhas, SARL, com sede em Lisboa, tendo como Diretor António Borges Coutinho e Diretor-adjunto João Abel de Freitas. Também composto e impresso na Buraca – Amadora, o Estatuto Editorial refere que “é uma publicação de carácter informativo que se propõe defender os princípios políticos e económicos consignados na Constituição e lutar para que eles sejam respeitados nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira”. Mais à frente refere que “dará particular atenção à defesa dos interesses das massas trabalhadoras e do campesinato, assim como dos pequenos comerciantes e industriais e outros, apresentando-se como porta-voz das suas reivindicações (…) levar às populações locais, assim como aos núcleos de emigrantes, uma visão clara e completa da realidade açoriana e madeirense (…) defenderá a efectiva autonomia dos arquipélagos como condição fundamental para o reforço da unidade nacional, mas combaterá toda e qualquer ideologia separatista que vise subtrair as populações insulares às conquistas da Revolução do 25 de Abril”.

No dia 15/02/1978, surge o nº 1 do quinzenário «Jornal INSULAR» Madeira – Açores, fundado por João L. O. Teixeira e José Luís Cabrita, tendo como Diretor e Proprietário João  L. O. Teixeira e Diretor adjunto José Luís Cabrita. No editorial, Ornelas Teixeira refere que “Esta é a hora atlântica. O abrigo fraterno inter-ilhas. Onde outros tentam impôr sua verdade nós humildemente mostramos a nossa verdade: o que somos e o que poderemos ser. O nosso objectivo é o diálogo franco com os outros. Somos todos ilhéus e formamos um bloco único. A insularidade para nós, não é um MITO é a própria história dum Povo – através dos séculos! Somos o retrato dum Povo inibido, manietado, que pretende ser livre, mas continua atado de pés e mãos. Lutaremos pela palavra. Intelegentemente. Rejeitamos a psicose do número. Rejeitamos o carneirismo – o ir com os outros. Somos o porta-voz das Ilhas Atlânticas. Não pretendemos ser Poder. Assim recusamos o rótulo de qualquer definição. «Não somos os istas de qualquer ismo» conforme disse F. Pessoa”.
(continua)





Sem comentários:

Enviar um comentário