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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

38 anos, 4 meses e 20 dias a controlar o PSD-Madeira

“Esta coisa de dizer que não há ninguém,
levou a que tivéssemos de aturar o dr. Salazar
durante 40 anos. As coisas não são assim.
Não há pessoas insubstituíveis.
Num partido grande como é o PSD, há muita
gente lá capaz de fazer o meu lugar.
O meu problema é mesmo esse:
a existência de várias pessoas não vai fazer
 com que o consenso à volta de uma só pessoa seja fácil”.

Alberto João, entrevista ao JM, 10/08/91.

Escolhido para liderar o PSD-Madeira a 21/8/1976, Alberto João Jardim (AJJ) manteve-se aos comandos partidários durante 38 anos, 4 meses e 20 dias, num total de 14021dias, sem qualquer interregno. Foi uma espécie de reinado absoluto, tudo controlando e secando tudo à sua volta como se costuma dizer de um eucalipto.
Se AJJ era um destacado elemento da Frente Centrista da Madeira, não fez parte da primeira Comissão Organizadora do PPD na Madeira, quando, a 20 de agosto de 1974, a Comissão Organizadora Nacional, composta por Sá Carneiro, Magalhães Mota e Pinto Balsemão, fez publicar no Jornal da Madeira daquele dia uma informação anunciando:
 “O Partido Popular Democrático (P.P.D.) vai iniciar as suas actividades também no Distrito do Funchal. Assim, está em constituição a respectiva Comissão Organizadora, da qual estão incumbidos os srs. drs. Henrique Pontes Leça, Jorge Malheiro Araújo e João Florêncio Gomes de Aguiar, bem como os srs. Jorge Bettencourt Sardinha e Henrique Augusto Rodrigues Abrantes. A sua constituição definitiva, todavia, será anunciada muito brevemente. Provisoriamente, enquanto não instalada na sua sede, a Comissão Organizadora funcionará na Praça do Município nº 8-1º Dtº, com o telefone 21833”.

No dizer de Avelino Ferreira, “quem aparece como militante nº 1 do PPD/PSD é o senhor António Gil que não consta da lista dos primeiros dinamizadores”. E se Sá Carneiro e os restantes impulsionadores do PPD nacional conheciam AJJ, não foi a este que recorreram para alargar o Partido à Madeira. Até duvido que a inclusão de Jardim, que tinha sido fiel defensor e apoiante consciente do salazarismo e do marcelismo, fosse pessoa de confiança dos fundadores do PPD nacional, empenhados que foram da então “Ala Liberal”, oposicionista ao “Estado Novo”. Até nos primeiros impulsionadores do PPD na Madeira a adesão de AJJ não foi pacífica. Expressiva é a afirmação de Daniel Catanho de que nas primeiras reuniões do PPD (já com a FCM integrada), “Alberto João Jardim não aparecia sempre. Quando o fazia, assumia-se possessivo. Ele é que tinha sempre razão”. As divergências deveriam ser tão grandes que, diz ainda aquele fundador, o seu grupo “teve de fazer um comunicado a desautorizar um outro feito pelos antigos elementos da Frente Centrista, intitulando-se Comissão Política do PPD”.

Apesar da conflitualidade interna, o PPD na Madeira teve uma vitória retumbante nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 25/04/1975, obtendo 78.200 votos – 61,9%. Foi após essa vitória que a facção de AJJ tomou conta do PPD, “expulsando” alguns  dos social-democratas da primeira hora. O Dr. Acácio Matias conta que pelo menos esta vitória não foi obra do Dr Alberto João “porque não estava lá”. 
Naturalmente se ele é que queria impor a sua vontade, e não conseguiu, a opção foi deixar tudo e seguir. Mas seguiu no dia 29 de outubro de 1974 para Director do Jornal da Madeira, nomeado por D. Francisco Santana.
Tempo depois de estar naquele Jornal, alguns elementos do PPD foram convidá-lo para regressar à estrutura partidária, a tempo de integrar a lista de deputados para as primeiras eleições regionais, realizadas no dia de 27 de junho de 1976, tendo sido o primeiro da lista e, iniciadas as funções de deputado, o Grupo Parlamentar, composto de 29 deputados, elegeu-o, imediatamente, líder parlamentar. Mas só a 21 de agosto daquele ano a sua escolha para orientar o PPD se tornou realidade, traçando o destino da longa caminhada de líder absoluto, movendo, depois, todos os cordelinhos internos para antecipar a realização do I Congresso Regional, com vista a depor o então Presidente do I Governo Regional, Eng. Ornelas Camacho.






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