Contradição do jardinista Albuquerque
“A situação não está fácil aqui nem a
nível nacional,
pelo que espero que ele [Alberto
João] apresente a
sua recandidatura”.
Miguel Albuquerque, DN, 22/04/2003
Quem, atualmente, houve e lê o que Miguel
Albuquerque diz e escreve poderá pensar que o atual chefe do PSD-M andou sempre
às avessas do líder cessante. Mas não. Em simbiose perfeita, Miguel Albuquerque
não só foi Secretário-Geral Adjunto do PSD-M a partir do Congresso de 1991, com
Jaime Ramos em Secretário-Geral, mas também foi promovido a Vice-Presidente do
Partido, por opção de Alberto João, no Congresso que se realizou nos dias 25 e
26 de novembro de 1995.
O
VII Congresso do PSD-M, realizado nos dias 14 e 15 de Dezembro de 1991, ocorreu
numa altura em que, se ainda reinava uma certa euforia pela vitória do PSD nas
legislativas nacionais de outubro daquele ano, internamente estava patente a já
anterior tendência do líder de remodelar os órgãos partidários e de acentuar a
centralização do poder na Rua dos Netos.
Desde
alguns anos, o líder do PSD-M vem anunciando que seria a última vez que se
recandidatava. Mas o VIII Congresso de 1995 foi marcado pelo
anúncio de que Jardim sairia no ano 2000, lançando em eventuais sucessores uma
euforia discursiva de alguma discordância do chefe. Mas houve aplausos de pé
aos novos Vice-Presidentes do Partido, tendo sido o ano da graça da promoção de
Albuquerque. O querido líder Alberto João compensou-o pelo facto deste ter
aceite substituir Virgílio Pereira na Câmara do Funchal e também ser Vice-Presidente
da Assembleia Regional, desde quando Jaime Ramos declinou o convite de
Jardim para ser vice-presidente da
Assembleia, tendo sido encontrado, inesperadamente, o nome de Miguel
Albuquerque que tanto agradou a Jaime Ramos como a Alberto João Jardim.
De tal ordem que Miguel
Albuquerque é fruto do passado de Jardim nos bons e nos maus momentos da gestão
partidária e governativa, quer no plano político, em geral, quer nas diversas
derrapagens financeiras regionais, em particular.
Aceitou, calado, o
centralismo estalinista da Quinta Vigia e, subservientemente, as ordens
dirigistas do chefe para tudo ser cumprido pelos súbditos do Governo Regional e
das Câmaras Municipais.
Não foi contra a gestão financeira do Governo Regional, com as suas
maiorias absolutas na Assembleia Regional, que promoveu, desde 1984, a derrapagem e o
constante aumento da dívida pública regional.
À medida que decorreu o tempo, assistiu sem nada dizer à falência
financeira da Região, o que obrigou o Governo Regional a recorrer a apoios
especiais, não do FMI, mas de uma espécie de «fundo monetário nacional» (FMN) –
o Estado.
As questões financeiras da Madeira, que sempre criaram crispações entre
os dirigentes políticos da Região e da República, passaram ao lado de
Albuquerque, mesmo no período em que foi Secretário-Geral Adjunto e Vice-Presidente
do Partido. Mesmo quando, pela reivindicação constante de mais dinheiro para a
Madeira, Jardim inventou o “contencioso da autonomia” para atribuir as culpas a
Lisboa.
Albuquerque era alto dirigente do PSD-M num dos períodos de
ruinosa gestão financeira da Região, que culminou com o perdão de 110 milhões de contos à Madeira pelo Governo
de António Guterres.
Foram os calotes sobre calotes da Região – com Albuquerque
a ver e calar - que levaram ao pedido de
intervenção do Estado no rombo financeiro da Região, consubstanciado no
«Programa de Ajustamento Económico e Financeiro da Região Autónoma da Madeira»,
de 27/01/2012, decorrente da Carta de Intenções, de 27/12/2011.
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