A lição da
Grécia
A vitória do «NÂO» do povo grego foi contra o grau de austeridade que
os criminosos de guerra financeira internacional, que estão à frente das
instituições europeias e do FMI, queriam impor. Não foi contra o Euro, nem para
a Grécia mudar de moeda. Nem muito menos foi para sair da União Europeia.
A lição da Grécia deveria ser apreendida por todos os governos dos
Estados membros que acorrem a Bruxelas para reuniões, cujas decisões mais não
são senão atentados contra os povos que representam. O Eurogrupo e os encontros
dos Ministros das Finanças constituem verdadeiros tenebrosos burocratas
liberais e conservadores que não cumprem os objetivos estabelecidos da
instituição europeia. E para engalanar este ramalhete, estão partidos
socialistas e sociaisdemocratas metidos na mesma teia.
Juntos com o FMI, não facilitam a expansão e o crescimento do comércio
internacional, por imporem restrições financeiras que têm efeitos perversos no
comércio dos países; não contribuem para o estabelecimento e manutenção de
níveis elevados de emprego e de rendimento real para o desenvolvimento dos
recursos produtivos dos seus membros; não dão confiança aos países membros,
porque as medidas impostas destroem a sua prosperidade.
Para que a memória não se apague, refira-se que o Acordo de Londres de 1953 sobre a divida
alemã foi assinado em 27 de Fevereiro. A dívida total foi avaliada em 32
biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais a dívida originada antes e
após a II Guerra. Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após
a II Guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um
compromisso. Foi perdoada cerca de 50% da dívida (entre os países que perdoaram
a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) e feito o reescalonamento da dívida
restante para um período de 30 anos.
No
caso específico do FMI, decorre dos estatutos e das orientações do Conselho de
Governadores que uma das principais funções resulta do objetivo fundamental da
sua criação, depois da II Guerra Mundial, que é a supervisão do sistema
financeiro internacional, de modo a evitar crises graves da economia
internacional e nas economias dos países membros.
A
Grécia é membro fundador do FMI (Outubro 1945). Mas acontece que este nada fez
ao longo dos anos na supervisão do sistema financeiro internacional. A prova é
que os seus dirigentes andaram a dormir em sono tão profundo que nada
contribuíram para evitar a recente crise internacional. Diria que o FMI é já
uma instituição da ONU, que está caduca e ultrapassada no tempo. E Portugal
ainda paga para fazer parte desta imbecil e nefasta instituição!
Aderindo
àquele Fundo em 21 de Novembro de 1960, Portugal contribuiu com uma quota de 60
milhões de «direitos de saque especiais», passando para 75, 117, 172, 258
milhões, em 1965, 1970, 1972 e 1978, respectivamente. Em 1978, a quota de Portugal
no FMI foi paga: 25 por cento em ouro, moeda estrangeira e direitos de saque
especiais; 75 por cento em moeda nacional.
Em 1982,
a Assembleia da República autorizou o Governo de Pinto
Balsemão a emitir uma promissória, no valor de 1 738 041 873$80, destinada a
“substituir parte da importância em moeda portuguesa paga ao Fundo Monetário
Internacional” (Decreto-Lei
478/82 ).
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