Obscuridade quanto ao
«hospital novo» no Funchal
Quando a 29 de maio
passado o grupo de trabalho, nomeado para se debruçar sobre o que fazer quanto
à estrutura hospitalar no Funchal, teria concluído ser necessário construir um
hospital novo, faltou esclarecer a opinião pública uma questão essencial: qual
o local adequado para garantir a sua sustentação financeira e viabilidade técnica?
É fácil apenas dizer
que é necessário um hospital novo. Todos concordarão com ele. O que falta saber
é o que decidiu o grupo de trabalho para fundamentar a sua conclusão: é
implodir o atual e construir outro edifício?; é construir novo edifício a norte
do atual, cuja área foi expropriada na altura para expansão do Hospital da Cruz
de Carvalho, em parte da área foi erradamente construída, remodelada em 2003, a Escola Horácio
Bento?; é retomar o projecto de Santa Rita, em São Martinho ? É
noutro local?
Não creio que a
ligeireza como está a ser tratado este assunto do «hospital novo» sirva de
garantia política para reivindicar junto do Estado o reconhecimento da uma obra
de interesse comum, ficando-se apenas pela declaração de princípio, quando
falta uma decisão mais consistente para garantir parte dos meios financeiros dos
588 milhões de euros que a Região receberá do quadro
comunitário de apoio 2014-2020, sem prejuízo de o Estado comparticipar.
Repito o que, várias vezes, escrevi: por uma razão lógico-prática o «hospital
novo» deveria ser construído nos terrenos a norte do atual. Porque não é
necessário expropriar terreno; é mais barato deslocar a escola para outro local
da cidade do que expropriar terreno para o «hospital novo»; o edifício da
escola pode ser adaptado ao novo projeto do hospital; o novo edifício pode,
posteriormente, ser ligado ao actual que também pode sofrer melhoramentos; a
rua aí existente pode manter-se ou ser desviada alguns metros.
E em Santa Rita (São
Martinho)? Desde 1995 o Plano Diretor
do Centro Hospitalar do Funchal prevê a necessidade da construção de um único
edifício que concentrasse os serviços instalados noutras unidades de saúde. Quando, entre os dias 27 e 29 de setembro
de 2001, foi discutida a situação do Sistema Regional de Saúde, a posição
dominante saída daquela reflexão foi a de construir um novo hospital. Em janeiro de 2007, é publicado um edital com a
relação dos prédios a expropriar em Santa Rita e, pela Resolução 952/2008 (JORAM 19
de setembro), o Governo Regional declara de utilidade pública a área de 155 994,10 m2 .
A então Secretária Regional dos Assuntos Sociais, Conceição
Estudante, em comunicado de
11/03/2007 refere que “A
construção do novo hospital está decidida, definitiva e irrevogavelmente (…)
nunca o dinheiro para o hospital foi desviado para outros fins”.
A Resolução 180/2011 (JORAM, 22/02/2011) dá uma grande
machadada no «hospital novo» em
São Martinho , devido a indisponibilidade “pública e privada
dos elevados meios de financiamento”, prevendo a devolução dos prédios aos
proprietários interessados. Lá se foram cerca de 4 milhões de euros no projeto
adjudicado em 13/07/2007 à ARIPA-Ilídio Pelicano Arquitectos. Mas há a
acrescentar mais alguns milhares de euros para as expropriações já pagas.
A solução passou a ser ampliar o atual
hospital para os terrenos de bananeiras a sul, publicando o DRR 2/2011/M (JORAM,
13/04/2011) sujeitando a medidas preventivas a área a ser ocupada .
Pela Resolução 1273/2013 (JORAM,
17/12/2013) o Governo Regional decide devolver algumas parcelas à Edifícios
Park dos terrenos expropriados em São Martinho , cumprindo, assim, o que havia
decidido na Resolução
180/2011 .
O que mais faltará para o folhetim
hospitalar?
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