Reforma da
Divisão Administrativa da Madeira (1)
Quando o Infante D. Henrique doou as
Capitanias de Machico, Porto Santo e Funchal, respectivamente, a Tristão Vaz
(08/05/1440), Bartolomeu Perestrelo (01/11/1446) e a João Gonçalves Zarco (01/11/1450),
concretizou-se aquela que poderá chamar-se a primeira grande divisão
Administrativa do arquipélago da Madeira
Nos primeiros séculos foram criadas
paróquias que correspondiam a freguesias como divisão mais restrita de
localidades que se desenvolveram nos planos sociais e económicos. Novas
freguesias proliferaram em toda a ilha, acabando a então Capitania do Porto
Santo por ser constituída por uma única freguesia e uma vila/município, que
teria sido criado na altura dos municípios do Funchal e Machico.
Depois da institucionalização da Autonomia
pós-25 de Abril, a Constituição
da República atribuiu à Região poderes para criar, extinguir
e alterar áreas de freguesias. A legislação nacional foi adaptada à Região pelo
DLR 3/94/M ,
de 3 de março, que revogou o anterior DLR 16/86/M , de 1 de setembro. Por isso, a
Assembleia Regional extinguiu a freguesia de Água de Pena, pertencente ao
concelho de Santa Cruz, integrando-a na freguesia de Santa Cruz (DLR 10/89/M , de 13 de
abril), e criou as freguesias da Ilha (DLR 11/89/M , de 15 de abril) e do Jardim da Serra ( DLR 11/96/M ,
de 4 de julho).
Das freguesias, hoje existentes, algumas
delas apresentam distorções no seu território, cujas fronteiras estão mal
enquadradas não só sob o ponto de vista geográfico, mas também quanto às
realidades administrativa e social:
- Não se justifica que existam duas
freguesias do Santo da Serra, divididas por um marco, cada uma delas com a sua
Junta de Freguesia;
- Não se justifica que a freguesia do
Curral das Freiras continue a pertencer eternamente ao concelho de Câmara de
Lobos, quando a proximidade e todas as ligações estão intimamente relacionadas
com o concelho do Funchal;
- Porventura justificar-se-ia a “guerra” então havida entre Câmara de Lobos e
a Ribeira Brava na disputa pela Fajã dos Padres?;
- Teria sido correcto Santa Cruz
“apoderar-se” das Ilhas Desertas que pertenciam ao Funchal?
- Quem olha para a geografia do Funchal,
alguém entenderá por que é que o Curral dos Romeiros ainda pertence à freguesia
do Monte?;
- Farão sentido os atuais limites das
freguesias da Sé, São Pedro, Santa Luzia e Imaculado Coração de Maria, quando o
Funchal poderia ter apenas meia dúzia de freguesias com fronteiras naturais em
vez das disparidades atuais?
Surgiram na Assembleia Regional algumas
propostas do PSD, PS e PCP para criar novas freguesias. Em 1997, o PSD aprovou
a elevação da Santa (Porto Moniz) e Lombada dos Esmeraldos (Ponta do Sol) a
freguesias. Mas houve um veto de gaveta porque os decretos nunca seguiram para
o Ministro da República. Também apresentou um projecto para elevar São Paulo
(Ribeira Brava) a freguesia que não teve seguimento. O PS propôs a elevação da
Fajã do Penedo (Boa Ventura) a freguesia que foi chumbada; o PCP pretendeu que
os Álamos, Nazaré (Funchal) e Carmo (Câmara de Lobos) fossem freguesias, mas
sem resultado positivo. E ainda bem, porque a tendência deverá ser a de acertar
a divisão administrativa procedendo a fusões e não retalhar mais o território.
A Região precisa é de um estudo e posterior
debate público para eventuais alterações, adaptando as freguesias à actual
realidade geográfica e à rede viária existente.
No plano dos municípios da Madeira, depois
da grande reforma de 1832/1835 e da criação do
município da Ribeira Brava, em maio de 1914, há necessidade de adequar
as suas fronteiras.
É isso que veremos no próximo dia.
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