Surpresa eleitoral
Na 14ª eleição para a Assembleia da República,
as surpresas ultrapassaram o limite das expetativas dos resultados obtidos pelos
partidos políticos numa onda inflacionista de concorrentes. Quando alguém quer
entrar na política ativa para mandar e ser o primeiro da lista em qualquer tipo
de eleição, a via mais certeira é criar um partido político, com ou sem
ideologia definida. Por vezes, o tiro sai pela culatra! Foi o que aconteceu
nesta última eleição. Trata-se de um dos princípios da liberdade que cheira a
oportunismo puro.
Independentemente do que as sondagens
anunciaram, a não obtenção de maioria absoluta pela coligação «PàF» constituíu uma das maiores
virtudes do ato eleitoral. Com menos de 37% dos votos obtidos pela coligação, apenas
em 2005 é que o PSD, por si só, obteve 28,77%, e somado com o CDS tiveram 36%.
E quando o PSD, CDS e PPM formaram a AD, a percentagem rondou os 50% dos votos.
O contrário do que se perspetivava
há poucos meses, o PS não foi capaz de mobilizar o eleitorado a seu favor.
Quando se faz um programa eleitoral é para explicá-lo aos eleitores durante a
campanha eleitoral com linguagem clara e percetível a qualquer cidadão. As
falhas foram graves, apesar de, ainda assim, ter obtido 32,5% de votos com 83
deputados. Em 2011 a
votação apenas chegou a 28% com 74 deputados. Bem fez António Costa não se
demitir na noite das eleições. Mas já existem candidatos a exigirem um novo
congresso, só porque Costa prometeu ganhar as eleições quando Seguro ficou sem
segurança ao propor votação direta para candidato a primeiro-ministro. Este
foi, a meu ver, o maior anedotário de António José Seguro que, apesar de ser
deputado na Assembleia da República, desapareceu da cena política, mas deixou
seguidores que, agora, destroçam o partido, também com Maria de Belém candidata
a Belém.
A maior surpresa foi o aumento de
votos e de deputados da CDU e do BE. Ambos são como o cão e gato em
concorrência a ver quem mais sobe em votos e deputados, mas sem um guia
diretivo quando e como se aplica o princípio dos direitos adquiridos, para além
de serem seguidores dos que defendem a saída de Portugal do Euro e da União
Europeia.
E se o PAN conseguiu um deputado,
já os restantes partidos, novos ou mais idosos, demagogos ou alienados, ficaram
fora do pote da Assembleia da República, onde querem entrar sem dizer com sinceridade
porquê.
No âmbito do círculo eleitoral da Madeira,
o PSD perdeu votos e um deputado, ficando com uma percentagem de 37,7%, que foi
a mais baixa de sempre. Mesmo quando apenas teve 3 deputados em 1995, 1999 e 2005, a percentagem nunca
foi inferior a 45,24%.
O PS-M (2 deputados) e o BE (1 deputado)
foram os partidos que beneficiaram da perda do deputado pelo PSD e pelo CDS. A
degradação regional e a promessa de Albuquerque em juntar-se à «PàF» como forma
de beneficiar a Madeira teria estado na razão pura da baixa de votos. Para além
de muitos sociaisdemocratas não terem votado “nesta lista”. O CDS ao não eleger
um deputado reflete a não adesão à proclamada “experiência” na Assembleia da
República por José Manuel Rodrigues.
O PS-M apenas teve 2 deputados na
Assembleia da República nas eleições de 1995, 1999 (com António Guterres) e 3
em 2005 (com José Sócrates). A percentagem naqueles anos foram, de 32,86%,
35,05% e 34,98%. Os quase 21% nesta eleição, também teve a ver com alguns
efeito Costa, apesar dos resultados nacionais.
A concentração dos 6 deputados no PSD, PS e
BE constituíu uma penalização para os partidos da inflacionada lista do boletim
de voto. Todos os que não elegeram deputados perderam o objetivo traçado:
eleger pelo menos um deputado…
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