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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Surpresa eleitoral

Na 14ª eleição para a Assembleia da República, as surpresas ultrapassaram o limite das expetativas dos resultados obtidos pelos partidos políticos numa onda inflacionista de concorrentes. Quando alguém quer entrar na política ativa para mandar e ser o primeiro da lista em qualquer tipo de eleição, a via mais certeira é criar um partido político, com ou sem ideologia definida. Por vezes, o tiro sai pela culatra! Foi o que aconteceu nesta última eleição. Trata-se de um dos princípios da liberdade que cheira a oportunismo puro.

Independentemente do que as sondagens anunciaram, a não obtenção de maioria absoluta pela coligação «PàF» constituíu uma das maiores virtudes do ato eleitoral. Com menos de 37% dos votos obtidos pela coligação, apenas em 2005 é que o PSD, por si só, obteve 28,77%, e somado com o CDS tiveram 36%. E quando o PSD, CDS e PPM formaram a AD, a percentagem rondou os 50% dos votos.

O contrário do que se perspetivava há poucos meses, o PS não foi capaz de mobilizar o eleitorado a seu favor. Quando se faz um programa eleitoral é para explicá-lo aos eleitores durante a campanha eleitoral com linguagem clara e percetível a qualquer cidadão. As falhas foram graves, apesar de, ainda assim, ter obtido 32,5% de votos com 83 deputados. Em 2011 a votação apenas chegou a 28% com 74 deputados. Bem fez António Costa não se demitir na noite das eleições. Mas já existem candidatos a exigirem um novo congresso, só porque Costa prometeu ganhar as eleições quando Seguro ficou sem segurança ao propor votação direta para candidato a primeiro-ministro. Este foi, a meu ver, o maior anedotário de António José Seguro que, apesar de ser deputado na Assembleia da República, desapareceu da cena política, mas deixou seguidores que, agora, destroçam o partido, também com Maria de Belém candidata a Belém.

A maior surpresa foi o aumento de votos e de deputados da CDU e do BE. Ambos são como o cão e gato em concorrência a ver quem mais sobe em votos e deputados, mas sem um guia diretivo quando e como se aplica o princípio dos direitos adquiridos, para além de serem seguidores dos que defendem a saída de Portugal do Euro e da União Europeia.
E se o PAN conseguiu um deputado, já os restantes partidos, novos ou mais idosos, demagogos ou alienados, ficaram fora do pote da Assembleia da República, onde querem entrar sem dizer com sinceridade porquê.

No âmbito do círculo eleitoral da Madeira, o PSD perdeu votos e um deputado, ficando com uma percentagem de 37,7%, que foi a mais baixa de sempre. Mesmo quando apenas teve 3 deputados em 1995, 1999 e 2005, a percentagem nunca foi inferior a 45,24%.

O PS-M (2 deputados) e o BE (1 deputado) foram os partidos que beneficiaram da perda do deputado pelo PSD e pelo CDS. A degradação regional e a promessa de Albuquerque em juntar-se à «PàF» como forma de beneficiar a Madeira teria estado na razão pura da baixa de votos. Para além de muitos sociaisdemocratas não terem votado “nesta lista”. O CDS ao não eleger um deputado reflete a não adesão à proclamada “experiência” na Assembleia da República por José Manuel Rodrigues.
O PS-M apenas teve 2 deputados na Assembleia da República nas eleições de 1995, 1999 (com António Guterres) e 3 em 2005 (com José Sócrates). A percentagem naqueles anos foram, de 32,86%, 35,05% e 34,98%. Os quase 21% nesta eleição, também teve a ver com alguns efeito Costa, apesar dos resultados nacionais.
A concentração dos 6 deputados no PSD, PS e BE constituíu uma penalização para os partidos da inflacionada lista do boletim de voto. Todos os que não elegeram deputados perderam o objetivo traçado: eleger pelo menos um deputado…


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