Da confiança
à crise dos Bancos (27)
Não
obstante o anunciado lucro de 6,2 milhões de euros nos primeiros 9 meses de
2015, à medida que o tempo decorria acumulavam-se as incertezas para salvar o
Banif de uma derrocada, tal como havia acontecido ao Banco Espírito Santo (BES).
E para adensar o mau presságio, as ações do Banif, que em 28 de outubro de 2015
atingiram 0,002 euros por ação, baixaram para 0,0009 euros no dia 10 de
dezembro, subindo para 0,0014 no dia seguinte.
Quando no
dia 13 de dezembro a TVI anunciou que estava tudo preparado para fechar o Banif
– Banco Internacional do Funchal SA, separando os “ativos bons” dos “ativos
tóxicos” - o que veio a ser confirmado no dia 20 pela Resolução aprovada pelo
Banco de Portugal – a corrida dos clientes aos seus depósitos criou uma
situação incontornável.
Soube-se
naquela altura que a Comissão Europeia tinha enviado uma carta, em junho de
2014, ao Governo Português, a fazer exigências quanto ao Banif. Este iniciou
reestruturações quanto ao fecho de balcões, despedimentos de trabalhadores e à
reformulação das estruturas do Banco e do Grupo. Mas o que não conseguiu foi
encontrar quem comprasse as ações detidas pelo Estado.
Tudo leva a crer que o fim do Banif estava a
ser congeminado pelas entidades da área financeira nacional e europeia, nomeadamente
o Banco de Portugal e Comissão Europeia, através da sua Direção Geral da
Concorrência. O motivo da decisão de acabar com o Banif baseou-se no facto de
não terem sido encontrados investidores para comprarem as ações detidas pelo
Estado (70.000.000.000 ações (60,533%), o que revela estarmos perante decisões que
refletem uma ação de guerrilha financeira que, a somar a tantas outras decisões
europeias, no âmbito das instituições financeiras, constituem verdadeiros atos
criminosos sem pudor.
Na
tentativa de tranquilizar os clientes, no dia 14 de dezembro a administração do
Banif desmentiu a notícia da TVI e comunicou à CMVM que “Em linha de conta com
a comunicação que efetuou ao mercado em 11 de Dezembro, o Conselho de
Administração reafirma que se encontra actualmente em curso, em articulação com
as autoridades responsáveis, um processo aberto e competitivo de venda da
posição do Estado português no Banif, no qual se encontram envolvidos diversos
investidores internacionais, pelo que qualquer cenário de resolução ou
imposição de uma medida administrativa não tem qualquer sentido ou fundamento”.
Naquele dia
14, o Primeiro Ministro, António Costa, parece desconhecer que o Banco de
Portugal retalharia o Banif usando uma resolução, uma vez que tentou “dissipar
qualquer dúvida sobre esta notícia especulativa (…) o processo de
reestruturação do Banif em Bruxelas e a nível nacional está a decorrer nos
termos normais”. Por seu lado, o presidente do Governo Regional, Miguel
Albuquerque, destacou que “o objetivo do Governo é a alienação do capital do
Banif e salvaguardar os depositantes, os acionistas e a posição estratégica do
Banif junto da diáspora” (DN e JM, 15/12/2015).
No dia 15, o
Banco de Portugal afirmou que “em articulação com o Ministério das Finanças
está a acompanhar a situação do Banif, garantindo, como é da sua competência, a
estabilidade do sistema financeiro, bem como a segurança dos depósitos, tal
como foi revelado pelas autoridades nacionais, europeias e pelo Conselho de
Administração do Banif, o plano de reestruturação do banco está a ser analisado
pela Comissão Europeia e, em paralelo, está a decorrer um processo de venda
internacional da instituição financeira conduzido pelo Conselho de Administração”.
O Banco de Portugal atuava enquanto autoridade integrada no Mecanismo Único de
Supervisão Europeu.
(continua)
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