Da confiança
à crise dos Bancos (26)
Quando a 26
de agosto de 2015 a Assembleia Geral do Banif – Banco Internacional do Funchal,
SA, eliminou o Conselho Estratégico - órgão consultivo - e procedeu à reeleição
dos membros dos órgãos sociais para os três anos seguintes, até 2017, os
acionistas não imaginariam que, quatro meses depois, haveria um ato necrológico
por parte do Banco de Portugal que desfez e retalhou uma instituição que, por
ironia do destino, em 1988 tinha sido criada para evitar a falência da Caixa
Económica do Funchal.
O Conselho
de Administração continuou a ser liderado por Luís Amado, como presidente, e
Jorge Tomé, como vice-presidente e presidente da Comissão Executiva. Algumas
mudanças verificaram-se nos administradores com a entrada de Fernando de
Almeida, Carlos Firme, Jorge Nunes e Nuno Martins. Estes últimos três
integraram a Comissão Executiva, juntamente com João Sousa. Mas continuaram a
fazer parte do Conselho de Administração Issuf Ahmad e Miguel Barbosa, ambos em
representação do Estado Português, detentor de 70.000.000.000 ações (60,533%) e
direitos de voto de 49,374%.
Além disso,
Elsa Ramalho e Teresa Duarte integraram a Comissão de Auditoria, em
substituição de António da Silva e Tomás Vasconcelos.
Também foi
aprovada a Comissão de Remunerações, constituída por Miguel de Sousa, como
presidente, e Filipe Marques e Miguel Barbosa.
Para a Mesa
da Assembleia Geral foram eleitos Guilherme Silva e José Prada, que sucederam
nos cargos a Miguel de Sousa e Bruno Jesus.
Após a
reunião, Jorge Tomé afirmou “querer acelerar a reestruturação do banco”,
pretendendo que “até o final deste ano esse plano seja aprovado junto da
Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia” e “encontrar um acionista
de referência para o Banif, de forma a substituir o Estado, existindo contactos
há meses com interessados na compra dessa posição e que esse trabalho vai ter
continuidade e mesmo acelerar”.
À medida
que o ano 2015 avançava, os problemas do Banif manifestavam-se essencialmnete
em três frentes:
-
Dificuldade continuada em encontrar acionistas para adquirirem as ações detidas
pelo Estado;
- Entrave
permanente da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DGC) em
aprovar um plano de reestruturação;
- Degradação
do valor das ações cotadas em Bolsa.
Sem nunca
ser menisfestado publicamente, mas com um cinismo patente das anacrónicas e
nefastas instituições europeias, o que estas exigiam era que as ações do Estado
Português no Banif fossem vendidas com a máxima urgência, apesar de não terem
existido investidores para elas, com receio dos impasses permanentes. Daí
parecer óbvio, mas absurdo, nunca ter sido aprovado um plano de reestruturação
por aquela DGC.
A
degradação do valor das ações do Banif cotadas em Bolsa é outra consequência da
não concretização dos dois problemas anteriores. O tempo passava e, em 28 de
outubro, as ações do Banif atingiram o mínimo de sempre, liderando as quedas de
entre as 18 cotadas, chegando por ação a 0,002 euros.
Contrariando
os atrasos na tomada de decições para salvar o Banif e os problemas daí
resultantes, em 12 de novembro foi anunciado lucro de 6,2 milhões de euros nos
primeiros 9 meses. Este lucro foi resultado de vários fatores, incluindo e
encerramento de 43 balcões desde dezembro de 2014 e saídas de 694 trabalhadores,
redução de amortizações em 29% e de previsões e imparidades em 54%.
(continua)
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