Da confiança
à crise dos Bancos (28)
Quando no
dia 15 de dezembro o Banco de Portugal afirmou que o plano de reestruturação do
Banif estava a ser analisado pela Comissão Europeia e que, em paralelo, estava
a “decorrer um processo de venda internacional da instituição financeira”, esta
última afirmação tem tanto de enigmática como reveladora de má fé para esconder
a resolução que estava a ser negociada clandestinamente com a Comissão Europeia.
Se a entidade reguladora Banco de Portugal fosse uma entidade de bem e
estivesse com seriedade a procurar uma saída para bem do Banif e dos seus
acionistas e clientes não tinha necessidade de falar por parábolas e vir a
reunir o seu Conselho de Administração no domingo, 20 de dezembro de 2015,
pelas 23,30 horas, para aprovar a Resolução do Banif. Reparem bem, o trapalhão
Banco de Portugal precisou de reunir num domingo, pelas 23,30 horas, para criar
mais uma trapalhada no sistema financeiro português, e lançar mais achas para a
descredibilização da Banca? Só próprio de anormais!
Passada a
corrida dos clientes para levantar o dinheiro, na sequência da notícia da TVI,
nos dias seguintes tudo parecia voltar à normalidade no Banif. Quem acompanhava
essa anunciada normalidade não imaginava o que estava a ser congeminado nos
bastidores dos sabotadores financeiros: o Regulador português (Banco de
Portugal) e a Comissão Europeia.
Entretanto,
o Administrador do Banif, Jorge Tomé, contava com apoios para apresentar queixa
contra a TVI, bem como anunciava a existência de acalmia na instituição,
afirmando: “A minha mensagem é uma mensgem de serenidade e tranquilidade para
todos os clientes do banco, não há nenhuma comparação entre o Banif e o BES”. No
dia 16, também afirmou à SIC apelando aos investidores que estejam esteressados
no Banif que “façam uma proposta o mais rápido possível”. E que “o Banco não
foi vendido antes porque o anterior governo não quis misturar a venda do Novo
Banco com a da instituição criada por Horácio Roque”.
Os dois
Governos, nacional e regional, manifestaram satisfação pelo facto do processo
do Banif decorrer dentro da normalidade e na garantia dos depósitos, qualquer
que fosse o montante.
Mas no dia 17 de dezembro a CMVM decidiu
suspender a negociação em bolsa das ações do Banif, com o fundamento de
“aguardar pela prestação de informação relevante relativa ao processo de venda
voluntária do mesmo”. Quando foram suspensas, as ações estavam a valer 0,2
cêntimos. O certo é que a instabilidade das ações do Banif em bolsa agravou-se
desde a notícia da TVI, tendo provocado a fúria da avenda das ações a preços
cada vez mais degradados.
No dia 18, o Banif anunciou que
tinha feito um acordo para a venda da sua participação de 78,46% do capital
social do Banif Bank, em Malta, por 18,4 milhões de euros. A concretização
daquela venda estava ainda sujeita à autorização do Banco Central Europeu, da
Direção Geral de Concorrência da Comissão Europeia, da Direção Geral de Concorrência
de Malta e da Autoridade de Serviços Financeiros de Malta. “Esta transacção
está alinhada com o plano estratégico do Banif e é espectável que tenha um
impacto positivo estimado no rácio de solvabilidade consolidado do Banif em 24
pontos base e 25 pontos base, em base «Phased-in» (transição) e «fully
implemented» (com medidas completamente executadas).
O Banif também informou que recebeu
seis propostas de aquisição da participação detida pelo Estado, apesar de a Direção
Geral de Concorrência já antes ter posto em dúvida que o Banif possa devolver o
dinheiro público.
(continua)
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