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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (38)

DA CASA DE CÂMBIOS BORGES & IRMÃO AO BPI.
Pese embora o BPI – Banco Português de Investimento, S.A. tivesse surgido no século XX, e o Banco Borges & Irmão, S.A. nascesse no dia 21 de agosto de 1937, depois, nos anos 90, integrado naquele, tem a sua origem no século XIX na Casa de Câmbios Borges & Irmão, criada no Porto.
António Nunes Borges nasceu em 30/07/1858 e seu irmão Francisco António Borges nasceu em 15/10/1861, no Espadanal, freguesia de Ázere (Tábua, Coimbra). O primeiro, com 14 anos de idade, tinha partido para Lisboa, tendo trabalhado como marçano na casa bancária Moura Borges & Cª e, depois, empregou-se na casa de câmbios António Inácio da Fonseca. E em 1878, quando este abriu uma representação no Porto, António Borges foi escolhido para dirigir a filial.
O Francisco Borges ao terminar a instrução primária também seguiu o caminho do irmão António, partindo para Lisboa onde se empregou na Casa Inácio da Fonseca, onde António também trabalhava. Em 1882, António Borges, já na Filial do Porto da Casa Inácio da Fonseca, chamou seu irmão para com ele trabalhar.
Não tardou que os dois irmãos, experientes no ramo de negócios onde trabalhavam, se tornassem comerciantes por conta própria. Em 1884, por iniciativa de António Borges, foi fundada no Porto a firma António Nunes Borges & Irmão, com negócio de tabacos, lotarias, câmbios, compra e venda de moeda, tal como naquela altura funcionavam outras 16 casas de câmbios registadas naquela cidade.
 A partir de 1891, a sociedade passa a ser designada por Casa Borges & Irmão, com aumento da diversificação de negócios, passando a vender selos, letras, papel selado, tabacos, fósforos, bebidas nacionais e estrangeiras e comércio de vinhos, para o que tiveram de ampliar as instalações.
Apesar da difícil conjuntura económica e financeira na última década do século XIX, quer a nível nacional, quer internacional, tendo fechado muitas casas de câmbios no Porto, a firma Borges & Irmão mantém-se firme aumentando o nível de negócio com alguma prosperidade até 1910. Com a importante diversificação comercial, a Casa Borges & Irmão baseava-se em quatro setores:
- setor dos tabacos e fósforos, funcionando como depósito da Companhia dos Tabacos de Portugal e da Companhia Portuguesa de Fórforos, tornando-se, deste modo, societária da empresa de revenda de tabaco em quatro distritos do Norte do País, e revendedora exclusiva de fósforos a Norte do Mondego;
- setor de lotarias, apresentando um grande sortido de bilhetes e frações para todos os sorteios, dispondo de um serviço especial para atendimento dos pedidos do resto do território nortenho;
- setor dos vinhos, primeiramente funcionando apenas como depósito de bebidas que eram vendidas por junto e a retalho, embora, depois, passa de depositário de bebidas a produtor e exportador de vinhos nacionais;
- setor de câmbios, com relevo a partir dos primeiros anos do século XX, dedicando-se primeiro à compra e venda de moedas nacionais e estrangeiras e de notas de bancos estrangeiros e, depois, a operações de saque sobre as praças mais importantes de Portugal, da Europa e do Brasil, e às transações de papéis de crédito, comprando e vendendo fundos nacionais.
Em 1 de janeiro de 1910, os dois irmãos Borges fundam uma nova sociedade, com o estatuto de Casa Bancária, intitulando-se de banqueiros, abrindo uma sucursal em Lisboa e ampliando a sua atenção para o Brasil, onde em 2013 inauguraram uma sucursal no Rio de Janeiro, devido à forte emigração de portugueses para aquele país. Entre 1911 e 1913, cerca de 200.000 portugueses emigraram, sendo 84% para o Brasil.

 (continua)

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