Da confiança
à crise dos Bancos (35)
O ESFG-Espírito
Santo Financial Group é que controlava a área financeira do GES-Grupo Espírito
Santo, incluindo o BES com 25% do capital social.
Os problemas
financeiros das empresas do GES surgiram em catadupa, pondo em causa a capacidade
da Família Espírito Santo de evitar o seu desmoronamento.
Em dia 11 de julho
de 2014, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários anunciou que as vendas a
descoberto das ações do BES permaneciam proibidas por mais dois dias, tendo
baixado 5,5% para 0,481 euros, tendo perdido, desde o início do ano 49% do seu
valor. Apesar disso, o BES esclareceu que detinha 2,1 mil milhões de euros
acima do rácio mínimo regulamentar e uma exposição de 1,182 mil milhões de
euros ao GES.
A substituição
compulsiva de Ricardo Salgado da liderança do BES foi razão para, em 14 de
julho, o mercado ser informado que o Conselho de Administração decidiu cooptar
Vitor Bento, José Almeida Honório e João Moreira Rato para as funções de
presidente da Comissão Executiva, vice-presidente da Comissão Executiva e
administrador financeiro. Foi comunicado à CMVM: “as nomeações visam substituir
Ricardo Espírito Santo Salgado, José Manuel Pinheiro Espírito Santo e José
Maria Espírito Santo Ricciardi, também membros da Comissão Executiva, que
haviam renunciado ao mandato”.
Estas nomeações
foram comentadas pelo Ministro da Defesa, Aguiar Branco, ao considerar que “a
entrada em funções da nova gestão do BES é mais um sinal de que a instituição
bancária não representa um risco especial para os depositantes (…) a opção vai
ao encontro da ideia que tem sido transmitida pelo Banco de Portugal e pelo
Governo de que não há um risco em especial. Creio que essas decisões vão ao
encontro dessa afirmação que foi feita pelo Banco de Portugal e pelo
primeiro-ministro e que eu corroboro, que é passar a mensagem que em termos de
instituição bancária BES não há um risco com essa instituição bancária em
especial”.
Os acontecimentos
desfavoráveis ao BES precipitaram-se a passos largos, de tal ordem que a
Assembleia Geral Extraordinária que estava para realizar-se no dia 31 de julho
foi desconvocada dois dias antes pelo presidente da mesa, com os motivos que
considera válidos: “A Mesa da Assembleia Geral do BES, ciente da complexidade
das circunstâncias que levaram a esta mudança de posição dos dois acionistas proponentes, e lamentando
o incómodo que desta mudança, tomada na véspera da data marcada, possa advir
para os demais acionistas, vem, assim, comunicar a desconvocação da Assembleia
Geral Extraordinária que estava previsto realizar-se no Hotel Altis, em Lisboa,
no dia 31 de julho de 2014, às 10 horas”.
Apesar de, em 3 e
10 de julho, o Banco de Portugal ter garantido que o BES estava sólido e que
tinha tomado medidas específicas para evitar riscos de contágio ao banco
resultantes do ramo não- financeiro do GES, o certo é que, no dia 3 de agosto,
foi o mesmo Banco de Portugal que deliberou “aplicar ao Banco Espírito Santo,
S.A. uma medida de resolução”, acrescentando que “A generalidade da atividade e
do património do Banco Espírito Santo, S.A. é transferida, de forma imediata e
definitiva, para o Novo Banco, devidamente capitalizado e expurgado de ativos
problemáticos. Os depósitos são plenamente preservados, bem como todas as
obrigações não subordinadas”.
O mês de agosto de 2014 marca,
assim, a tresloucada iniciativa de dividir o BES no “banco bom e no banco mau”,
com a injeção de 4.900 milhões de euros para colocar em funcionamento o «NOVO
BANCO», separando os “ATIVOS TÓXICOS”, assim denominados pelos doentes mentais
que dirigem o (des)Regulador do sistema financeiro.
(continua)
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