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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (35)

O ESFG-Espírito Santo Financial Group é que controlava a área financeira do GES-Grupo Espírito Santo, incluindo o BES com 25% do capital social.
Os problemas financeiros das empresas do GES surgiram em catadupa, pondo em causa a capacidade da Família Espírito Santo de evitar o seu desmoronamento.
Em dia 11 de julho de 2014, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários anunciou que as vendas a descoberto das ações do BES permaneciam proibidas por mais dois dias, tendo baixado 5,5% para 0,481 euros, tendo perdido, desde o início do ano 49% do seu valor. Apesar disso, o BES esclareceu que detinha 2,1 mil milhões de euros acima do rácio mínimo regulamentar e uma exposição de 1,182 mil milhões de euros ao GES.

A substituição compulsiva de Ricardo Salgado da liderança do BES foi razão para, em 14 de julho, o mercado ser informado que o Conselho de Administração decidiu cooptar Vitor Bento, José Almeida Honório e João Moreira Rato para as funções de presidente da Comissão Executiva, vice-presidente da Comissão Executiva e administrador financeiro. Foi comunicado à CMVM: “as nomeações visam substituir Ricardo Espírito Santo Salgado, José Manuel Pinheiro Espírito Santo e José Maria Espírito Santo Ricciardi, também membros da Comissão Executiva, que haviam renunciado ao mandato”.
Estas nomeações foram comentadas pelo Ministro da Defesa, Aguiar Branco, ao considerar que “a entrada em funções da nova gestão do BES é mais um sinal de que a instituição bancária não representa um risco especial para os depositantes (…) a opção vai ao encontro da ideia que tem sido transmitida pelo Banco de Portugal e pelo Governo de que não há um risco em especial. Creio que essas decisões vão ao encontro dessa afirmação que foi feita pelo Banco de Portugal e pelo primeiro-ministro e que eu corroboro, que é passar a mensagem que em termos de instituição bancária BES não há um risco com essa instituição bancária em especial”.

Os acontecimentos desfavoráveis ao BES precipitaram-se a passos largos, de tal ordem que a Assembleia Geral Extraordinária que estava para realizar-se no dia 31 de julho foi desconvocada dois dias antes pelo presidente da mesa, com os motivos que considera válidos: “A Mesa da Assembleia Geral do BES, ciente da complexidade das circunstâncias que levaram a esta mudança de posição  dos dois acionistas proponentes, e lamentando o incómodo que desta mudança, tomada na véspera da data marcada, possa advir para os demais acionistas, vem, assim, comunicar a desconvocação da Assembleia Geral Extraordinária que estava previsto realizar-se no Hotel Altis, em Lisboa, no dia 31 de julho de 2014, às 10 horas”.

Apesar de, em 3 e 10 de julho, o Banco de Portugal ter garantido que o BES estava sólido e que tinha tomado medidas específicas para evitar riscos de contágio ao banco resultantes do ramo não- financeiro do GES, o certo é que, no dia 3 de agosto, foi o mesmo Banco de Portugal que deliberou “aplicar ao Banco Espírito Santo, S.A. uma medida de resolução”, acrescentando que “A generalidade da atividade e do património do Banco Espírito Santo, S.A. é transferida, de forma imediata e definitiva, para o Novo Banco, devidamente capitalizado e expurgado de ativos problemáticos. Os depósitos são plenamente preservados, bem como todas as obrigações não subordinadas”.
O mês de agosto de 2014 marca, assim, a tresloucada iniciativa de dividir o BES no “banco bom e no banco mau”, com a injeção de 4.900 milhões de euros para colocar em funcionamento o «NOVO BANCO», separando os “ATIVOS TÓXICOS”, assim denominados pelos doentes mentais que dirigem o (des)Regulador do sistema financeiro.

(continua)

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