Da confiança
à crise dos Bancos (38)
DA CASA DE CÂMBIOS
BORGES & IRMÃO (1884) AO BPI.
A evolução dos
negócios dos irmãos Borges refletem bem as suas capacidades empresariais com a
abertura das agências em Lisboa e no Brasil (Rio de Janeiro), internacionalizando
o setor bancário.
Apesar da
instabilidade política em Portugal na sequência da implantação da República, a
prosperidade dos Borges prosseguiu ao longo da Primeira República, tendo
beneficiado com o facto de desenvolverem a atividade bancária com outras
atividades comerciais.
Em 1918, a
Casa Bancária Bosges & Irmão, para além de comercializar lotarias, vinhos,
tabaco e papel selado, a SECÇÃO BANCÁRIA compra e vende cambiais; descontos de
letras sobre o País e estrangeiro; saque
e fornecimento de cartas de crédito sobre Portugal, Espanha, França,
Inglaterra, Holanda, Itália, Noruega, Rússia, Suécia e alguns dos mais
importantes países da América e Ásia; depósitos
a prazo e à ordem em moeda nacional e estrangeira, descontos, transferências,
contas correntes e serviço de cofres fortes; ordens telegráficas para entregas
ou aberturas de crédito nas principais praças estrangeiras; empréstimos sobre
títulos nacionais e estrangeiros cotados em bolsa; a agência do Rio de Janeiro
encarregava-se ainda da administração de prédios, da cobrança de aluguéis, de
juros e dividendos de ações de bancos e companhias, e da liquidação de heranças.
A SECÇÃO DE PAPÉIS DE CRÉDITO compra e vende papéis de crédito, tanto nacionais
como estrangeiros, ações de bancos e companhias, assim como coupons de qualquer
espécie; averbamento de títulos e tudo o que tivesse relação com este negócio.
A SECÇÃO DE CÂMBIOS compra e vende toda a qualidade de moedas de todos os
países, tanto de ouro como de prata, cobre e papel; compra de ouro e prata em
barra.
Em 1918, foi criada
a Sociedade dos Vinhos Borges & Irmão, devido ao grande desenvolvimento do
comércio de vinho, tanto em Portugal e colónias e Europa como no Brasil,
havendo necessidade de autonomizar o setor do vinho em empresa autónoma. No ano
seguinte dá-se uma modificação na Sociedade Borges & Irmão, tendo sido
feita uma escritura em 5 de março para entrarem como meros sócios de indústria,
Manuel José Pires Fernandes e José Nunes da Fonseca.
Em 1926, são
abertas ao público as novas instalações do Porto (Rua Sá da Bandeira) e, no ano
seguinte, são abertas filiais em Braga e Ovar e, em 1931, em Matosinhos.
“A 7 de Fevereiro
de 1934, a Casa Borges & Irmão comemorou o 50º aniversário da sua fundação.
Associando-se à homenagem prestada pelas forças vivas da cidade, a Câmara
Municipal do Porto, presidida pelo doutor Alfredo Magalhães, conferiu aos dois
banqueiros a categoria de Cidadãos do Porto, oferecendo-lhes a medalha de ouro
da cidade, enquanto que o Governo agraciava os Borges com a Comenda do Mérito
Agrícola e Comercial” (in Banco Borges & Irmão – Um século de Actividade
1884 - 1984).
Em 1936, o Borges
& Irmão transforma a agência que tinha no Rio de Janeiro em Banco Borges,
S.A., e, em 21 de agosto de 1937, transformou-se em sociedade anónima Banco
Borges & Irmão, S.A., tendo havido um aumento de capital passando a ser 15
mil contos, cabendo a cada um dos irmãos Borges 7.500 contos. Mas cada um dos
irmãos autorizou a cessão de uma parte do seu capital, com o valor de 800
contos a favor dos novos sócios da firma – António cedeu 4 parte , com o valor
de 200 contos cada uma, a D. Maria Pires Fernandes Borges, mulher de Francisco
António Borges, a Júlio Anahory do Quental Calheiros, genro do seu irmão, a
Francisco Manuel Fernandes Borges, seu sobrinho, e a Manuel Pires Fernandes,
sogro de Francisco António Borges.
(continua)
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