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domingo, 6 de novembro de 2016

Da confiança à crise dos Bancos (40)

DA CASA DE CÂMBIOS BORGES & IRMÃO (1884) AO BPI.
O facto de cada um dos irmãos Borges terem autorizado a cessão de uma parte do seu capital no Banco Borges & Irmão, S.A., à semelhança do que fez António Nunes Borges, o seu irmão Francisco também cedeu quatro partes de 200 contos cada uma: a Delfim Vinagre, genro de António Borges, a José Nunes da Fonseca, genro de António Borges, a D. Lúcia Borges Vinagre, filha de António Borges e a Joaquim Rangel Pamplona, genro de António Borges.
O número de acionistas fundadores da nova sociedade anónima foi de 10, com um capital de 15.000 contos, representado por 15.000 ações, cabendo 6.700 ações no valor de 6.700 contos a António Borges e igual quantia e ações a Francisco Borges e 200 ações na importância de 200 contos a cada um dos restantes sócios.
O Conselho de Administração do Banco foi constituído por António Nunes Borges, Delfim da Silva Vinagre, Joaquim Rangel Pamplona, José Nunes da Fonseca e Júlio do Quental Calheiros (Conde da Covilhã e o principal responsável pela transformação da casa Bancária Borges & Irmão em Banco).
Francisco António Borges foi o Diretor Geral do Banco, mas tanto este como o seu irmão António renunciaram aos honorários a que tinham direito pelos seus cargos, os quais nunca os exerceram devido ao estado precário de saúde, tendo ambos falecido em 1939, no despontar da II Guerra Mundial e dois anos após a criação da sociedade anónima - Banco Borges & Irmão.

A nova sociedade deu grande alento na posição destacada no conjunto dos Bancos existentes no Continente e Ilhas, tendo o Banco Borges & Irmão ocupado o sétimo lugar, num total de 22 bancos existentes em finais de 1937. Em termos de depósitos, o Banco Borges & Irmão, com mais de 250.000 contos, apenas era ultrapassado pelo Banco de Portugal, BESCL e Banco Lisboa & Açores. E dos quatro bancos com sede no Porto (Aliança, Borges & Irmão, Comercial do Porto e Ferreira Alves), o Banco Borges estava em primeiro lugar.

No decorrer da II Guerra Mundial dá-se em Portugal uma expansão monetária, devido a elevados saldos positivos da balança de pagamentos, com a subida da cotação das matérias primas exportadas e à entrada de capitais. Esta evolução teve efeitos positivos nos depósitos bancários, a liquidez dos  bancos e o aumento da concessão de crédito.
De 1938 a 1946 o Banco Borges & Irmão beneficou da conjuntura ocorrida durante a guerra: o volume de depósitos triplica, duplica o crédito concedido, com elevada subida dos resultados anuais. Para aumentar a liquidez, o Banco Borges & Irmão iniciou, a partir de 1938, a venda de muitos prédios rústicos e urbanos. E tendo em conta que o capital social ainda era o inicial – 15.000 contos – em 1944 é aumentado o capital por incorporação do Fundo de Reserva, tendo o Conselho de Administração proposto o aumento de 15.000 contos, totalizando 30.000 contos, tendo obtido autorização do Ministro das Finanças em 20 de novembro de 1944. Em 1946, novo aumento de capital por incorporação de reservas, passa para 40.500 contos.
Em 1944, o Banco Borges abre uma agência em Setúbal e, no ano seguinte, subscreve 2.500 ações da Manufactura Nacional da Borracha (Mabor), contribuindo, assim, para o lançamento dessa empresa.

A partir de 1950 houve importantes alterações com aumento do crescimento económico português, recuperação das contas externas e aumento da circulação fiduciária. Com relevo para o expansionismo decorreu do I Plano de Fomento (1953-1958) que permitiu um crescimento anual médio de 5% em termos reais.

(continua)

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