Da confiança
à crise dos Bancos (40)
DA CASA DE CÂMBIOS
BORGES & IRMÃO (1884) AO BPI.
O facto de cada um
dos irmãos Borges terem autorizado a cessão de uma parte do seu capital no Banco
Borges & Irmão, S.A., à semelhança do que fez António Nunes Borges, o seu
irmão Francisco também cedeu quatro partes de 200 contos cada uma: a Delfim
Vinagre, genro de António Borges, a José Nunes da Fonseca, genro de António
Borges, a D. Lúcia Borges Vinagre, filha de António Borges e a Joaquim Rangel
Pamplona, genro de António Borges.
O número de
acionistas fundadores da nova sociedade anónima foi de 10, com um capital de
15.000 contos, representado por 15.000 ações, cabendo 6.700 ações no valor de
6.700 contos a António Borges e igual quantia e ações a Francisco Borges e 200
ações na importância de 200 contos a cada um dos restantes sócios.
O Conselho de
Administração do Banco foi constituído por António Nunes Borges, Delfim da
Silva Vinagre, Joaquim Rangel Pamplona, José Nunes da Fonseca e Júlio do
Quental Calheiros (Conde da Covilhã e o principal responsável pela
transformação da casa Bancária Borges & Irmão em Banco).
Francisco António
Borges foi o Diretor Geral do Banco, mas tanto este como o seu irmão António
renunciaram aos honorários a que tinham direito pelos seus cargos, os quais
nunca os exerceram devido ao estado precário de saúde, tendo ambos falecido em
1939, no despontar da II Guerra Mundial e dois anos após a criação da sociedade
anónima - Banco Borges & Irmão.
A nova sociedade
deu grande alento na posição destacada no conjunto dos Bancos existentes no
Continente e Ilhas, tendo o Banco Borges & Irmão ocupado o sétimo lugar,
num total de 22 bancos existentes em finais de 1937. Em termos de depósitos, o
Banco Borges & Irmão, com mais de 250.000 contos, apenas era ultrapassado
pelo Banco de Portugal, BESCL e Banco Lisboa & Açores. E dos quatro bancos
com sede no Porto (Aliança, Borges & Irmão, Comercial do Porto e Ferreira
Alves), o Banco Borges estava em primeiro lugar.
No decorrer da II
Guerra Mundial dá-se em Portugal uma expansão monetária, devido a elevados
saldos positivos da balança de pagamentos, com a subida da cotação das matérias
primas exportadas e à entrada de capitais. Esta evolução teve efeitos positivos
nos depósitos bancários, a liquidez dos
bancos e o aumento da concessão de crédito.
De 1938 a 1946 o
Banco Borges & Irmão beneficou da conjuntura ocorrida durante a guerra: o
volume de depósitos triplica, duplica o crédito concedido, com elevada subida
dos resultados anuais. Para aumentar a liquidez, o Banco Borges & Irmão
iniciou, a partir de 1938, a venda de muitos prédios rústicos e urbanos. E
tendo em conta que o capital social ainda era o inicial – 15.000 contos – em
1944 é aumentado o capital por incorporação do Fundo de Reserva, tendo o
Conselho de Administração proposto o aumento de 15.000 contos, totalizando
30.000 contos, tendo obtido autorização do Ministro das Finanças em 20 de novembro
de 1944. Em 1946, novo aumento de capital por incorporação de reservas, passa
para 40.500 contos.
Em 1944, o Banco Borges
abre uma agência em Setúbal e, no ano seguinte, subscreve 2.500 ações da
Manufactura Nacional da Borracha (Mabor), contribuindo, assim, para o
lançamento dessa empresa.
A partir de 1950 houve importantes
alterações com aumento do crescimento económico português, recuperação das
contas externas e aumento da circulação fiduciária. Com relevo para o
expansionismo decorreu do I Plano de Fomento (1953-1958) que permitiu um crescimento
anual médio de 5% em termos reais.
(continua)
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