Da confiança
à crise dos Bancos (52)
DO «BANCO DA MADEIRA» (1920) AO «BANCO SANTANDER TOTTA»
Nos anos sessenta do século XX, “o Banco da Madeira
tinha permanentemente elevados excessos de dólares, os quais era obrigado a
vender ao Banco de Portugal em operações que se revelavam obviamente
desvantajosas”. Enquanto nas transações de dólares feitas entre o Banco da
Madeira e o Banco de Portugal, a diferença entre a compra e a venda daquela
moeda era apenas de três centavos, os bancos continentais ganhavam nove
centavos porque tinham a possibilidade de vender os dólares no Continente aos
seus clientes importadores. O facto de na Madeira haver poucas importações
diretamente do estrangeiro, a banca regional estava em desvantagens face aos
bancos nacionais.
Com o intuito de ultrapassar a desigualdade ocorrida
com a moeda estrangeira, o Banco da Madeira procurou uma solução pela via da
fusão propondo-se comprar “um banco de pequena dimensão que operava no Porto e
em Lisboa”, o que não aconteceu “por falta de consenso entre as partes
interessadas”.
Em 1965, o Capital e Reservas do Banco da Madeira
atingia o montante de 46 mil contos. O valor dos depósitos ascendia a 547.133
milhares de contos. O total do ativo era de 858.356 milhares de contos.
Falhada a
hipótese de compra de um pequeno banco, a solução dos grandes acionistas recaíu
na venda de um grande lote de ações a um banco de prestígio, o que veio a acontecer
com a incorporação do Banco da Madeira no Banco Lisboa & Açores. Teve a
favor desta incorporação o facto do Banco Lisboa & Açores ter como
presidente do Conselho Fiscal o Comendador Manuel Nunes Corrêa, personalidade
que estava muito ligada à Madeira. Mas foram grandes impulsionadores da
incorporação: por parte do Banco da Madeira o seu Presidente do Conselho de
Administração, Dr. João Figueira de Freitas, e o Administrador, António
Bettencourt Sardinha; por parte do Banco Lisboa & Açores, além do já
referido Comendador, o Administrador Delegado, Dr. Alexandre Almeida Fernandes,
e o membro do Conselho Fiscal, Dr. Francisco Galheiros.
Em junho de 1965, os Administradores do Banco Lisboa
& Açores deslocaram-se à Madeira para oficializarem a compra do Banco da
Madeira, cujo valor foi de 60.000 contos. Em 7 de dezembro daquele ano a
Assembleia Geral aprovou por unanimidade a incorporação, tendo tal decisão sido
apresentada ao Ministro das Finanças no dia 21 do mesmo mês. Em 24 de janeiro
de 1966, foi lavrado o projeto do acordo entre as Administrações do Banco
Lisboa & Açores e do Banco da Madeira para ultimação das formalidades
inerentes à operação. Em março de 1966, concluiu-se a fusão por incorporação do
Banco da Madeira no Banco Lisboa & Açores e, tendo em vista uma total
autonomia, foi mantido o Conselho de Administração, que passou a denominar-se
Conselho de Gestão. Este e o Conselho de Administração do Banco Lisboa &
Açores promoveram, no Funchal, uma confraternização, para o qual foram
convidados todos os clientes do Banco da Madeira, incluindo os residentes no
estrangeiro, alguns destes deslocaram-se à Madeira para este efeito.
Apesar da opinião contrária e declarada oposição do
Ministério das Finanças, do Banco de Portugal, da Inspeção de Crédito e Seguros
e dos juristas do Banco Lisboa & Açores na manutenção do nome Banco da
Madeira, associado ao Banco Lisboa & Açores, foram de grande firmeza a
posição dos dirigentes do Banco da Madeira (embora já incorporado) em manter
associado este nome.
(continua)
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