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domingo, 27 de agosto de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (82)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Até meados de 2007, a CMVM recebeu 17 queixas formais de clientes e investidores no Millennium bcp, alegando prejuízos pela forma como o banco promoveu a campanha da venda de ações. O banco teve de negociar com a CMVM com vista a encontar uma solução para os problemas resultantes dos empréstimos concedidos para os investidores comprarem ações do próprio banco.
Tudo começou com o aumento de capital do BCP em 2000, após a compra do Banco Sotto Mayor, tendo a campanha decorrido entre 10 de julho e 30 de setembro daquele ano. Repetui-se em dezembro de 2001, transformando numa bola de neve “tanto para os pequenos investidores como para os colaboradores do banco, a quem eram dados incentivos avolumados e que tinham objectivos de venda bem definidos a cumprir” (in Semanário económico, 20/07/2007).
A publicidade referia que as “acções BCP são um título de grande liquidez e projecção no mercado de capitais”, além de que o “título BCP é um título de referência do sector financeiro devido à evolução da cotação e ao potencial de valorização”. O banco revelava preços de referência, afirmando que a “compra de acções BCP é recomendada por especialistas financeiros. O banco Salomon Smith Barney, ANB Amro e Deutche Bank recomendam a compra de títulos BCP, juntando-se a outros especialistas como a Merryl Lynch, J.P. Morgan e Lehman Brothers. O «target price» médio destes especialistas é de 6,59 euros (variação entre 5,7 e 7,75 euros)”. E ainda invoca que as “acções BCP estão cotadas nas principais praças financeiras internacionais e que o título BCP proporciona um bom dividendo (dividend yield entre 2% e 3%)”.
Os colaboradores do banco informavam os clientes e potenciais compradores de ações que o “investimento no sector da banca caracteriza-se por uma menor volatilidade do que o investimento em outros títulos”, sendo recomendado para investidores de baixo risco, alertando para as vantagens de os clientes beneciciarem de uma “linha de crédito em condições vantajosas para aquisição de acções”.

O descontentamento de muitos acionistas para com alguns membros do Conselho de Administração deveria ter sido resolvido na Assembleia Geral que teve lugar no dia 6 de agosto de 2007. No entanto, a assembleia foi suspensa para ser retomada no dia 27 daquele mês, conforme se constata no comunicado do seguinte teor:
“Como é do conhecimento público, foi suspensa a Assembleia Geral de 6 de Agosto, devendo os trabalhos ser retomados no próximo dia 27 de Agosto, pelas15h30, no Centro de Congressos e Exposições da Alfândega do Porto, na cidade do Porto. O Conselho de Administração Executivo tem consciência da gravidade da situação e ordenou já as averiguações necessárias para o esclarecimento das causas das deficiências, as quais serão comunicadas aos Accionistas do Banco e ao mercado logo que apuradas em toda a sua extensão. O Conselho de Administração Executivo lamenta profundamente o ocorrido e apesenta aos Senhores Accionistas, presentes ou 
representados, as suas desculpas pelos transtornos causados e informa que já adoptou as medidas adequadas para que a continuação da Assembleia Geral decorra com perfeita normalidade. Neste momento, as questões jurídicas e os procedimentos relacionados com a participação na Assembleia Geral estão a ser objecto de validação formal e serão divulgados de modo apropriado e urgente. 7 de Agosto de 2007. O Conselho de Administração Executivo – Banco Comercial Português”

(continua)

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (81)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Paulo Teixeira Pinto, após ter assumido a presidência do Millennium bcp (março de 2005), teve a ousadia de lançar ao BPI uma OPA (oferta pública de aquisição) que abrangia todo o capital daquele Banco presidido por Fernando Ulrich. A jugada de antecipação de Teixeira Pinto teve em vista colocar o BCP numa posição relevante face aos restantes bancos, de modo a evitar que alguém lançasse uma OPA ao BCP. Com uma operaração que custaria cerca de 4,3 mil milhões de euros, tratava-se de uma tentativa de domínio do BCP que, uma vez fundido com o BPI, passaria a ser o maior banco português, ultrapassando a Caixa Geral de Depósitos.
Fernando Ulrich reagiu à OPA de Teixeira Pinto através de um comunicado afirmando que “a OPA é hostil e como tal não desejável”. Além disso, considerou que o comunicado “reflecte a posição dos accionistas que têm 49% do BPI”. A resposta do BCP foi que “Se os accionistas que controlam cerca de 50% do BPI impedirem a oferta do BCP devem lançar uma OPA concorrente de modo a defender os minoritários”.
As ações dos dois bancos subiram na Bolsa: em janeiro de 2006, as do BCP custavam 1,9 euros, e em março seguinte 2,54 euros; no mesmo período as do BPI custavam 3,00 e 5,06 euros.
Ambas as instituições tinham acionistas de referência nacionais e estrangeiros: o BCP tinha o capital mais disperso, mas o núcleo duro do BPI controlava maior número de ações do banco.
É relevante verificar as entidades que, naquela altura, dominavam aqueles dois bancos em percentagem do capital social:
* BCP - Banca Intesa 7,43%; BPI 5,85%; Eureko 5,82%; Teixeira Duarte 4,2%; José de Mello 3,3%; Bansabadell 3,2%; Caixa Geral de Depósitos 3,05%; Fiends Provident 2,99%; EDP 2,35%; Fundo de Pensões EDP/REN 2,05%; Trabalhadores 1,016%; Outros 58,68%.
*BPI – Itaú 16,1%; La Caixa 16,0%; Alianz 8,8%; Banco Santander 5,6%; BCP 3,8%; BPI 3% (ações próprias); The Chase Manhattan Bank 2,9%; Arsopi 2,9%; Grupo Violas 2,9%; Goldman Sachs 2,7%; State Street 2,4%; Grupo Espírito Santo 2,1%; Financin 2,0%; Outros 28,28%.

Aconteceu o inesperado chumbo pela CMVM – Comissão de Mercados de Valors Mobiliários à OPA do BCP ao BPI, facto de provocou um reboliço no interior do proponente da OPA: clientes do BCP processaram o banco alegando persuasão e agressividade da campanha de compra de ações desde 30 de setembro de 2000 até 22 de março de 2007, causando uma queda de 50% dos títulos; movimentação interna contra a administração com tentativa de mudança da mesma; a OPA originou um custo para o BCP de 65 milhões de euros, livre de impostos, e um valor bruto de 88 milhões de euros – “custo justificado pelo financiamento relativo ao acordo de subscrição estabelecido com a UBS (União de Bancos Suíços)  que tomava firme o aumento de capital de 5.000 milhões de euros se fosse necessário, e o restante ficou a dever-se a pagamentos a  advogados e ao processo na entidade da Concorrência, que foi longo e envolveu consultores”.

Em 10 de maio de 2007, o BCP emitiu um comunicado onde anuncia o plano de crescimento a três anos, denominado «Millennium 2010», que iria levar ao investidor, até 1 de juho seguinte. A estratégia do banco passaria “pelo estabelecimento de objetivos de crescimento orgânico e por aquele novo programa, um plano de negócios e metas para a banca de retalho, acelerar a expansão de balcões, comercializar produtos especializados, em Portugal estão a ser concluídos os planos de crescimento orgânico de alta produtividade, suportados na inovação dos modelos de distribuição e comercial”.

(continua)
Da confiança à crise dos Bancos (80)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Sob o signo da marca Millennium bcp, este empreendeu junto dos clientes e à sociedade em geral formas cada vez mais aperfeiçoadas de ser útil e criar valor; consolidou a rede de sucursais, tornando-se a maior do País, tendo sido transformada numa ópima plataforma de relacionamento direto e pessoal com os clientes, continuando a ser um local de contacto privilegiado do Banco com a sociedade. Jardim Gonçalves salienta: “Toda a transformação em Millennium bcp dos quatro bancos históricos que lhe deram origem foi norteada por este princípio fundamental: refundar as estruturas fundamentais do Banco para conseguir atingir a capacidade ideal de serviço aos portugueses e crescer no negócio bancário num quadro europeu. Estamos, por isso, profundamente gratos por nos ter acompanhado nesta aventura, emprestando a sua confiança e esperando de nós sempre mais e melhor relacionamento”.
Após anterior decisão de uniformizar a imagem do Banco, a nova administração deu continuidade à mudança nos 16 países onde atua, entre bancos de direito local, sucursais e escritórios de representação.  A Polónia foi o primeiro mercado a receber a cor «cerise» e o «lettering» do Bank Millennium.
O Millennium bcp atuava nos EUA com o «bcpbank USA»; Canadá com o «bcpbank Canadá»; Polónia com o Bank Millennium; Grécia com o Novabank; Turquia com o BankEuropa; França com o Banque BCP France; Luxemburgo com o Banque BCP Luxemburg; Suiça com o Banque Privée BCP; Moçambique com o BIM – Banco Internacional de Moçambique; Venezuela, Brasil, Alemanha Inglaterra, África do Sul com escritórios de representação; Angola e Macau com sucursais.
O Millennium bcp tinha, no fial de 2005, 344 agências, cobrindo quase 80% da população do País, com 12.386 trabalhadores, mas, em agosto de 2005, o Millennium bcp já tinha vendido ativos de 80,1% na França e no Luxemburgo e 100% do Banco Comercial de Macau.
Os nove administradores, e respetivos familiares, reforçaram a sua posição acionista no banco ao longo daquele ano. e no final do ano, ainda antes do aumento de capital decorrente da conversão de valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis, a administração do Grupo controlava 0,27%, contra os 0,25% que detinha em 31 de dezembro de 2004. A família do gestor António Rodrigues foi a que mais ações adquiriu em 2005, tendo comprado 340 mil títulos, passando a deter 2,4 milhões de ações; o vice-presidente Filipe Pinhal contiuava a ser o administrador com mais títulos do banco (2,5 milhões, depois de ter adquirido 100 mil ações em 2005).
Apenas houve um caso de redução da exposição ao banco, tratou-se da família de Castro Henriques, que passou a ter menos 101 mil títulos, embora a participação individual do administrador aumentasse de 1,15 para 1,25 milhões de ações. O anterior presidente, Jardim Gonçalves, que passou a liderar o Conselho Superior do Grupo, controlava, conjuntamente com sua mulher, uma participação superior à da equipa de gestão, detendo no final do ano 10,04 milhões de ações (mais 1,8 milhões do que um ano antes), representativas de 0,31% do capital no final do ano.
Em 2006, o Banco distribuiu 33,36 milhões de euros pelos seus trabalhadores, referentes aos prémios de desempenho. Um valor que corresponde a 4,43% dos lucros totais obtidos pelo Grupo em 2005 (753,5 milhões de euros, incluindo extraordinários). Em média, cada um dos trabalhadores recebeu cerca de 2.900 euros, pagos conforme os objetivos conseguidos, o que teria acontecido a alguns nada terem recebido.

(continua)

sábado, 5 de agosto de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (79)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

No dia 03/11/2003, em encontro que o Millennium BCP realizou na Madeira, foram apresentados dados do Banco de Portugal que mostram a evolução regional entre 1990 e 2002: A taxa de crescimento médio anual entre 1990 e 2002, na Madeira, nos depósitos e créditos realizados junto do sector bancário, é a mais elevada a nível nacional. Segundo Miguel Namorado Rosa, director de Estratégia “os depósitos tiveram na Madeira um crescimento naqueles anos na ordem dos 16,4% ( a média nacional foi de 9,1%) e os créditos subiram 21,3% enquanto a média nacional foi de 17,4%”.
O Millennium teve uma média de 2042 habitantes por sucursal, enquanto que a média nacional foi de 2015. No que respeita às empresas de construção e de alojamento e restauração, era mais forte na Madeira o seu peso percentual, face ao total das empresas existentes.
“Comparativamente ao todo nacional o «Millenium BCP» tem na Madeira, em termos percentuais, mais clientes mulheres do que no Continente. Enquanto na Região as mulheres representam 44,9% dos clientes, a percentagem nacional é de 39,8% (...) a carteira de clientes do «Millennium BCP» residentes na Madeira é distribuída por particulares (91%), empresas (5%) e ENIs (45%), sendo que os particulares têm uma expressão mais acentuada que na carteira tipo nacional. Os particulares são responsáveis pela maioria dos recursos (75%) e por 26% do crédito concedido, mas em contrapartida as empresas e ENIs representam 25% dos recursos e 74% do crédito concedido (…) a representação do banco na Madeira passa por servir 61 mil clientes, que detêm 581 milhões de euros de recursos e são responsáveis por 572 milhões de euros de crédito. Por concelhos, o «Millennium BCP» elege o Banif, algumas vezes a par com outras instituições, como o seu principal concorrente em 9 dos 11 concelhos”.

Em 2004, com a concentração na atividade principal do Millennium BCP da venda de operações não core, os resultados foram de 513 milhões de euros (+ 17,2% que em 2003); as comissões cresceram 9,5% para 646,5 milhões de euros; crédito à habitação 18%; a margem financeira caíu 3,4% para 1.416 milhões de euros; os resultados trading subiram para 219,1 milhões de euros (+69,3%); os custos de transformação desceram 2,8% para 1.668 milhões de euros; O racio de solvabilidade cresceu para 11,9%; o Tier 1 fixou-se nos 8,1%, e dentro deste o Core foi de 5,8%. O Millennium comprou 50% do Novabank por 330 milhões de euros que equivalia quatro vezes o valor dos capitais próprios do Banco grego.
O ano de 2005 marcou a mudança radical dos membros dos órgãos sociais do Banco. Jardim Gonçalves indicou o seu substituto, Paulo Teixeira Pinto, que foi eleito Presidente do Conselho de Administração, na Assembleia Geral realizada no dia 14 de março. Filipe Pinhal e Christopher de Beck foram Vice-Presidentes, juntando-se: Boguslaw Kott, António Castro  Henriques, Alípio Dias, Alexandre Gomes, Francisco Lacerda e António Rodrigues.
Ainda Presidente do Conselho de Administração, Jardim Gonçalves remeteu uma carta aos clientes do Millennium BCP, em que refere:
“Iniciamos o ano de 2005 fonfiantes de que lhe daremos novas e reforçadas razões para estabelecer connosco relações preferentes, tirando partido das capacidades que o processo de refundação do Banco permitiu melhorar. Os mais recentes estudos de opinião sobre a Banca Portuguesa confirmam que os Clientes reconhecem na marca Millennium bcp os atributos de inovação, eficiência, clareza e confiança que definem uma liderança de mercado”.
(continua)

Da confiança à crise dos Bancos (78)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

A opinião de Jardim Gonçalves, Presidente do Conselho de Admistração do BCP (in Semanário Económico, 03/01/2003 era a de que o ano de 2002 “será rocordado como um ano em que  o enquadramento económico e financeiro foi caracterizado pela desaceleração das principais economias industrializadas, pelos conflitos militares e tensões políticas no Médio Oriente, pela instabilidade dos mercados financeiros e a acentuada depreciação dos mercados accionistas, influenciada em parte pela perda de confinça dos investidores após a divulgação de diversas práticas de fraude contabilística”. Mais refere que, “a evolução dos mercados financeiros em 2003 será influenciada, por um lado, pela concretização de indícios de retoma eonómica e pelo impacto das medidas de racionalização dos resultados empresariais; a prolongada correcção das cotações face aos níveis registados em 1999/2000 pode constituir um argumento adicional para decisões de investimento, sobretudo para horizontes de longo e médio prazo, não sendo também de menosprezar o impacto positivo da clarificação e cumprimento rigoso das regras de contabilidade, dever de informação e `corporate gorvernance`”.

Filipe Pinhal, Vice-Presidente do BCP, foi de opinião que 2002 “foi um ano mau para o sistema bancário em geral, basicamente por efeitos externos à economia portuguesa. Quem tinha uma exposição na América Latina sofreu com isso (não é, felizmente, o caso do BCP); quem tem uma exposição à indústria dos seguros sofreu com isso, como é o caso do BCP (…) no que se refere especificamente à actividade bancária, o ano de 2002, pelo menos naquilo que respeita ao mercado doméstico, pode considerar-se um ano normal” (Jornal da Madeira, 03/01/2003).

No primeiro trimestre de 2003, o BCP aumentou o capital social para 3,257 milhões de euros, com uma emissão de 930 685 950 ações com valor nominal de 1 euro por ação, totalmente subscritas pelos acionistas; comprou a totalidade do capital da Seguros e Pensões (holding seguradora do BCP) à Eureko. O SiteBank, na Turquia, é redenominado Bank Europa e inicia a sua atividade com a abertura de 12 sucursais.
Em conferência de imprensa, realizada no dia 23 de outubro de 2003, o BCP anunciou que as várias marcas do BCP (Nova Rede, Atlântico e Sotto Mayor) iriam fundir-se na marca Millenium bcp. “A partir de Janeiro de 2004 prevê-se que as 1.080 sucursais do banco estejam adaptadas e todo o processo de conversão esteja concluído”. O boletim de publicidade, de novembro de 2003, apresenta o Editorial com o título «A Vida inspira-nos», Caro Cliente, O seu Banco mudou de nome. Hoje, o seu Banco cahama-se Millenium bcp. Queremos que tenha a certeza de que esta mudança não lhe irá exigir nada, seja no plano financeiro seja no plano pessoal. Mudámos de nome porque queremos dar uma nova expressão pública à nossa História e ao nosso Futuro. (…) O nosso compromisso é o de tentarmos ser seu cúmplice no tempo e no espaço em que as suas necessidades financeiras se exprimam, apresentando as nossas capacidades e a nossa disponibilidade em cada circunstância, com vista a soluções realistas. A nossa oferta comercial ser-lhe-á disponibilizada nas melhores condições possíveis, tirando partido da tecnologia, do saber profissional e da dimensão que atingimos no plano nacional e internacional. O nosso novo nome - Millenium bcp – exprime um desafio que saberemos ganhar: o de criarmos mil razões para continuarmos a merecer a sua preferência. Obrigado por nos acompanhar na maravilhosa aventura que é a Vida. Ela inspira-nos”.


(continua)
Da confiança à crise dos Bancos (77)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

O Relatório e Contas de 2002 refere que, em Assembleia Geral Extraordinária de acionistas do BIG Bank Gdanski, deu-se a alteração da denominação social de Big Bank Gdanski para Bank Millennium S.A.; realizou-se a emissão de valores mobiliários de conversão obrigatória em acões ordinárias do BCP, denominada Capital BCP 2005, no montante de 700 milhões de euros, constituindo a primeira oferta deste tipo em Portugal; os resultados líquidos consolidados do BCP atingiram 272,7 milhões de euros, refletindo o impacto da constituição de uma provisão extraordinária, não obrigatória, para riscos gerais no montante de 200 milhões de euros.

No final daquele ano, o BC tinha 1.088 sucursais em Portugal, e um elenco de 14.072 trabalhadores; evolução positiva do crédito concedido, com relevo para o aumento do crédito hipotecário; houve uma melhoria da qualidade da carteira de crédito, com a manutenção de baixos níveis de incumprimento do crédito a par com níveis bastante confortáveis de cobertura do crédito vencido por provisões para riscos de crédito; crescimento dos proveitos de comissões bancárias, designadamente com cartões de pagamento e com operações de crédito; o número de acionistas ascendia a 255.692.

Em resultado da fusão da Bolsa de Valores de Lisboa e Porto na Euronext NV em 2 de abril de 2002, o BCP passou a integrar o índice Euronext 100, integrava as 100 maiores empresas em termos de capitalização e liquidez na Euronext, tendo ocupado a 53ª posição no respetivo “ranking”.

Uma das missões do BCP foi contribuir para o desenvolvimento do sistema financeiro e da economia portuguesa, consolidando o seu posicionamento como instituição de referência pela qualidade, inovação e liderança tecnológica das suas propostas de valor, tanto a nível doméstico como nos mercados geográficos em que marca presença autónoma ou através de empresas subsidiárias financeiras.
Como objetivos estratégicos o BCP desenvolveu ações de maximizar o valor na perspetiva dos acionistas; preservar elevados níveis de satisfação, fidelização e de relacionamento com os clientes; promover melhoria sustentável dos níveis de rendibilidade e de solidez patrimonial; valorização, motivação e compensação dos colaboradores; desenvolver o protagonismo na qualidade, na inovação e no desenvolvimento tecnológico; revitalizar as capacidades competitivas da distribuição a retalho de produtos e serviços financeiros no mercado doméstico; dar enfoque na atividade internacional em negócios especializados e em mercados prioritários.
Em 31 de dezembro de 2002, o Grupo BCP tinha 9 empresas associadas com atividade em Portugal e outras 9 com atividade internacional. As primeiras são: BCP Investimento, Banco de Investimento Mobiliário, Banco Expresso Atlântico, Banco ActivoBank (Portugal), CrédiBanco, Seguros e Pensões, Leasefactor e AF Investimento. As segundas são: Banco Comercial de Macau, Banco Internacional de Moçambique, Bank Millenium, NovaBank, BPABank, SottoBank, Banque BCP (França), Banque BCP (Luxemburgo) e Managerland.

Sem comissão executiva, o Conselho de Administração era composto por 9 membros, sendo Jardim Gonçalves o Presidente; dois vice-presidentes, Filipe Pinhal e Christopher de Beck; os restantes 6 eram vogais. Não havia administradores que tivessem sido eleitos em representação de qualquer acionista ou grupo de acionistas, eram administradores “independentes”.

(continua)