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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (81)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Paulo Teixeira Pinto, após ter assumido a presidência do Millennium bcp (março de 2005), teve a ousadia de lançar ao BPI uma OPA (oferta pública de aquisição) que abrangia todo o capital daquele Banco presidido por Fernando Ulrich. A jugada de antecipação de Teixeira Pinto teve em vista colocar o BCP numa posição relevante face aos restantes bancos, de modo a evitar que alguém lançasse uma OPA ao BCP. Com uma operaração que custaria cerca de 4,3 mil milhões de euros, tratava-se de uma tentativa de domínio do BCP que, uma vez fundido com o BPI, passaria a ser o maior banco português, ultrapassando a Caixa Geral de Depósitos.
Fernando Ulrich reagiu à OPA de Teixeira Pinto através de um comunicado afirmando que “a OPA é hostil e como tal não desejável”. Além disso, considerou que o comunicado “reflecte a posição dos accionistas que têm 49% do BPI”. A resposta do BCP foi que “Se os accionistas que controlam cerca de 50% do BPI impedirem a oferta do BCP devem lançar uma OPA concorrente de modo a defender os minoritários”.
As ações dos dois bancos subiram na Bolsa: em janeiro de 2006, as do BCP custavam 1,9 euros, e em março seguinte 2,54 euros; no mesmo período as do BPI custavam 3,00 e 5,06 euros.
Ambas as instituições tinham acionistas de referência nacionais e estrangeiros: o BCP tinha o capital mais disperso, mas o núcleo duro do BPI controlava maior número de ações do banco.
É relevante verificar as entidades que, naquela altura, dominavam aqueles dois bancos em percentagem do capital social:
* BCP - Banca Intesa 7,43%; BPI 5,85%; Eureko 5,82%; Teixeira Duarte 4,2%; José de Mello 3,3%; Bansabadell 3,2%; Caixa Geral de Depósitos 3,05%; Fiends Provident 2,99%; EDP 2,35%; Fundo de Pensões EDP/REN 2,05%; Trabalhadores 1,016%; Outros 58,68%.
*BPI – Itaú 16,1%; La Caixa 16,0%; Alianz 8,8%; Banco Santander 5,6%; BCP 3,8%; BPI 3% (ações próprias); The Chase Manhattan Bank 2,9%; Arsopi 2,9%; Grupo Violas 2,9%; Goldman Sachs 2,7%; State Street 2,4%; Grupo Espírito Santo 2,1%; Financin 2,0%; Outros 28,28%.

Aconteceu o inesperado chumbo pela CMVM – Comissão de Mercados de Valors Mobiliários à OPA do BCP ao BPI, facto de provocou um reboliço no interior do proponente da OPA: clientes do BCP processaram o banco alegando persuasão e agressividade da campanha de compra de ações desde 30 de setembro de 2000 até 22 de março de 2007, causando uma queda de 50% dos títulos; movimentação interna contra a administração com tentativa de mudança da mesma; a OPA originou um custo para o BCP de 65 milhões de euros, livre de impostos, e um valor bruto de 88 milhões de euros – “custo justificado pelo financiamento relativo ao acordo de subscrição estabelecido com a UBS (União de Bancos Suíços)  que tomava firme o aumento de capital de 5.000 milhões de euros se fosse necessário, e o restante ficou a dever-se a pagamentos a  advogados e ao processo na entidade da Concorrência, que foi longo e envolveu consultores”.

Em 10 de maio de 2007, o BCP emitiu um comunicado onde anuncia o plano de crescimento a três anos, denominado «Millennium 2010», que iria levar ao investidor, até 1 de juho seguinte. A estratégia do banco passaria “pelo estabelecimento de objetivos de crescimento orgânico e por aquele novo programa, um plano de negócios e metas para a banca de retalho, acelerar a expansão de balcões, comercializar produtos especializados, em Portugal estão a ser concluídos os planos de crescimento orgânico de alta produtividade, suportados na inovação dos modelos de distribuição e comercial”.

(continua)

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