Da confiança
à crise dos Bancos (85)
Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942)
ao Millennium BCP:
Os dias que antecederam a Assembleia Geral do BCP, de 27 de
agosto de 2007, foi de grandes movimentações para os acionistas na tentativa de
um acordo ao nível do alargamento do CGS - Conselho Geral e de Supervisão
liderado por Jardim Gonçalves. O ambiente era de tal ordem conflituoso que
Paulo Teixeira Pinto afirmou ao Semanário Económico (24/08/2007): “Estou
empenhado em encontrar um acordo entre accionistas para o banco em nome do
futuro da instituição, mesmo sacrificando o meu interesse pessoal”.
A Teixeira Duarte, acionista do banco com uma participação no
capital social de aproximadamente 10%, tentou, até o dia 23 de agosto, chegar a
um consenso quanto ao número de novos membros a integrar o CGS, no âmbito do
ponto 7 da agenda da ordem de trabalhos da Assembleia Geral.
Entretanto o “Grupo
Friends Provident deixou de ser acionista do BCP. Esta situação de conflito
entre o presidente do banco e o presidente do Conselho Geral e de Supervisão
terá sido decisiva para esta saída. No final do ano, o grupo britânico tinha
2,085% do BCP através da Friends Provident Life and Pensions Limited e da
Friends Provident Investment Holdings Limited, mas na última Assembleia Geral
de 6 de Agosto este grupo não apareceu para votar com esta posição. Este
accionista era dado como apoiante da facção Jardim Gonçalves e Keith Satchell,
representante da Friends mas é ainda um vogal do Conselho Geral e de Supervisão
do BCP”.
Da Assembleia Geral de 27 de agosto, resultou a renúncia de
Paulo Teixeira Pinto, aceite por Jardim Gonçalves que indicou Filipe de Jesus
Pinhal para liderar o Conselho de Administração. Filipe Pinhal era administrador
do BCP desde 1988, vice-presidente desde 1998 e quadro desde a sua fundação, em
1985. Mas as propostas a discutir acabaram por ser retiradas pelos seus
proponentes.
Na conferência de imprensa, em 30 de agosto, na apresentação
do novo Presidente, Jardim Gonçalves garantiu que o “banco tem condições para
continuar a funcionar como até aqui e que não tem qualquer receio quanto ao seu
desenvolvimento (…) esta alteração não vai afectar o funcionamento do banco
porque este tem pessoas responsáveis, tem órgãos sociais em que essas pessoas
estão integradas e são estes órgãos que são responsáveis pela vida do banco”.
Filipe Pinhal afirmou: “Estamos a olhar para o futuro, o
passado recente é conhecido, mas já passou, vamos olhar para o futuro (…) a
primeira prioridade da equipa é rever o programa Millennium 2010, sem desistir
das metas traçadas”.
Os conflitos no BCP não acabaram: a 12 de setembro, a
acionista Teixeira Duarte enviou ao CGS o projeto de alteração dos estatutos do
banco, com Miguel Cadilhe a substituir Jardim Gonçalves; a 24 de setembro, Jardim
Gonçalves chama ao CGS, de que é presidente, as alterações ao modelo de
governação do banco; nesse mesmo dia, Pedro Maria Teixeira Duarte sai do CGS; a
12 de outubro, os semanários «SOL» e «EXPRESSO» noticiam casos polémicos de
empréstimos a Filipe Jardim Gonçalves e a Goes Ferreitra, daí a CMVM e o Banco
de Portugal terem pedido esclarecimentos ao BCP; a 25 de outubro, o BPI lança
uma proposta de fusão com o BCP; a 30 de outubro, o BCP rejeita os termos da
proposta de fusão com o BPI, mas decide iniciar negociações com este banco para
uma fusão amigável, tendo, a 6 de novembro, iniciado as negociações, que falharam
no dia 25 seguinte.
(continua)
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