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domingo, 17 de setembro de 2017

Da confiança à crise dos Bancos (85)

Do Banco Português do Atlântico (31/12/1942) ao Millennium BCP:

Os dias que antecederam a Assembleia Geral do BCP, de 27 de agosto de 2007, foi de grandes movimentações para os acionistas na tentativa de um acordo ao nível do alargamento do CGS - Conselho Geral e de Supervisão liderado por Jardim Gonçalves. O ambiente era de tal ordem conflituoso que Paulo Teixeira Pinto afirmou ao Semanário Económico (24/08/2007): “Estou empenhado em encontrar um acordo entre accionistas para o banco em nome do futuro da instituição, mesmo sacrificando o meu interesse pessoal”.
A Teixeira Duarte, acionista do banco com uma participação no capital social de aproximadamente 10%, tentou, até o dia 23 de agosto, chegar a um consenso quanto ao número de novos membros a integrar o CGS, no âmbito do ponto 7 da agenda da ordem de trabalhos da Assembleia Geral.
 Entretanto o “Grupo Friends Provident deixou de ser acionista do BCP. Esta situação de conflito entre o presidente do banco e o presidente do Conselho Geral e de Supervisão terá sido decisiva para esta saída. No final do ano, o grupo britânico tinha 2,085% do BCP através da Friends Provident Life and Pensions Limited e da Friends Provident Investment Holdings Limited, mas na última Assembleia Geral de 6 de Agosto este grupo não apareceu para votar com esta posição. Este accionista era dado como apoiante da facção Jardim Gonçalves e Keith Satchell, representante da Friends mas é ainda um vogal do Conselho Geral e de Supervisão do BCP”.
Da Assembleia Geral de 27 de agosto, resultou a renúncia de Paulo Teixeira Pinto, aceite por Jardim Gonçalves que indicou Filipe de Jesus Pinhal para liderar o Conselho de Administração. Filipe Pinhal era administrador do BCP desde 1988, vice-presidente desde 1998 e quadro desde a sua fundação, em 1985. Mas as propostas a discutir acabaram por ser retiradas pelos seus proponentes.
Na conferência de imprensa, em 30 de agosto, na apresentação do novo Presidente, Jardim Gonçalves garantiu que o “banco tem condições para continuar a funcionar como até aqui e que não tem qualquer receio quanto ao seu desenvolvimento (…) esta alteração não vai afectar o funcionamento do banco porque este tem pessoas responsáveis, tem órgãos sociais em que essas pessoas estão integradas e são estes órgãos que são responsáveis pela vida do banco”.
Filipe Pinhal afirmou: “Estamos a olhar para o futuro, o passado recente é conhecido, mas já passou, vamos olhar para o futuro (…) a primeira prioridade da equipa é rever o programa Millennium 2010, sem desistir das metas traçadas”.

Os conflitos no BCP não acabaram: a 12 de setembro, a acionista Teixeira Duarte enviou ao CGS o projeto de alteração dos estatutos do banco, com Miguel Cadilhe a substituir Jardim Gonçalves; a 24 de setembro, Jardim Gonçalves chama ao CGS, de que é presidente, as alterações ao modelo de governação do banco; nesse mesmo dia, Pedro Maria Teixeira Duarte sai do CGS; a 12 de outubro, os semanários «SOL» e «EXPRESSO» noticiam casos polémicos de empréstimos a Filipe Jardim Gonçalves e a Goes Ferreitra, daí a CMVM e o Banco de Portugal terem pedido esclarecimentos ao BCP; a 25 de outubro, o BPI lança uma proposta de fusão com o BCP; a 30 de outubro, o BCP rejeita os termos da proposta de fusão com o BPI, mas decide iniciar negociações com este banco para uma fusão amigável, tendo, a 6 de novembro, iniciado as negociações, que falharam no dia 25 seguinte.
(continua)

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