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sábado, 6 de janeiro de 2018

Da confiança à crise dos Bancos (101)
BPP – Banco Privado Português, da criação à sua liquidação:

O BPP foi fundado em 1996, resultante da transformação da sociedade de investimento INCOFIN que tinha sido criada em 1986. Em 1995, um grupo de empresários liderado por João Rendeiro, Francisco Pinto Balsemão, Stefano Saviotti, Vaz Guedes, Ruivo Lavrador e a Fundação Luso Americana decidiram criar o Banco Privado Português.

Desde a sua criação, a administração definiu as orientações de expansão territorial do banco e a estratégia de “progressão muito centrada no projecto de banca especializada e não de banca comercial”. Mas, entre 1986 e 2000, uma das ações sob o patrocínio do BPP foi criar a fundação Elipse Foundation para gerir arte. Numa deslocação a São Paulo (Brasil) em março de 2004, João Rendeiro afirmou: “O produto financeiro anunciado é semelhante a um fundo de investimento internacional. Os investidores serão cotistas da empresa Elipse Foundation. A entidade ficará responsável pela organização e promoção da nova coleção. A aplicação mínima é de US$ 300 mil. Será preciso ainda esquecer do dinheiro durante um período que pode variar entre sete e nove anos. No longo prazo, os ganhos são atraentes (…) entre 1986 e 2002, o Contemporary Art, índice do mercado internacional de arte contemporânea, rendeu, em média, 12,4% ao ano (…) o fantasma da falta de clientes que ronda esse mercado, o Banco Privado Português garante a compra das peças”.
João Rendeiro revelou que “a Ellipse Foundation, uma fundação criada pelo BPP para investir em arte, já terminou a sua colocação de capital, junto de 40 investidores portugueses, espanhóis e brasileiros. O investimento total de 20 milhões de euros irá ser colocado ao longo de 4 anos”.

A ação do BPP estava centrada “em três grandes áreas: um banco de particulares de dimensão elevada ao estilo de `private banking`; serviços de apoio às empresas; área de investimento onde são estruturadas participações em empresas cotadas ou não em bolsa de euros”. Com um crescimento, quer em termos de capitais próprios, com 130 milhões, quer em recursos humanos e logísticos, tem participação de 10% na Jerónimo Martins e 30% na Somague, ambas cotadas na Bolsa de Valores de Lisboa. Disponibiliza ainda aos seus clientes pacotes temáticos nos setores imobiliários, tecnológico e da «Nova Economia», tendo o BPP investimentos imobiliários e hoteleiros no Nordeste brasileiro na região do Seará.

No final de janeiro de 2002, o BPP expandiu os seus serviços à Região Autónom da Madeira através da sua filial na «Zona Offshore “com uma actividade significativa, também extensiva a outras praças financeiras, como nas Ilhas Caimão”. Ainda de acordo com João Rendeiro, “Está completamente fora dos nossos horizontes a abertura de balcões e o envolvimento de operações da banca comercial tal como ela é entendida pela população em geral (…) em Portugal já temos uma banca alternativa mas a precisar de se reforçar dentro dos níveis de capitais próprios. Acho que o processo de concentração dos grandes grupos económicos ainda não está terminado e deverão envolver ainda mais no futuro a banca espanhola”.

Com a crise do sistema financeiro de 2008, vieram à superfície as graves fragilidades do BPP, gestor de fortunas, levando o Banco de Portugal a proceder ao acompanhamento da sua atividade, com vista a preparar uma operação que permitisse liquidez ao banco, através de consórcio bancário. Mas em 28 de novembro daquele ano, na sequência da reunião do Conselho Consultivo, João Rendeiro deixou a liderança do BPP, através de renúncia do cargo de «charman».
(continua)

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