Da confiança
à crise dos Bancos (100)
Da criação do Banco Português de Negócios (BPN) à sua nacionalização e venda:
A saga da venda do BPN ao BIC
levou Mira Amaral, presidente executivo deste, a declarar em entrevista à «Vida
Económica» de 09/09/2011: “Face ao capital social atual do banco BIC (mais de
30 milhões de euros) e aos níveis da solvabilidade com que recebemos o BPN, na
sequência da recapitalização a ser feita pelo Estado – que deverá ascender a
cerca de 550 milhões de euros - não será necessário a curto prazo um aumento de
capital do BIC”. Além disso, o BIC iria
“assegurar um mínimo de 160 a 170 barcões e centros de empresas, cobrindo todas
as regiões do país, e que o acesso aos depósitos da rede BPN dar-lhes-á
condições acrescidas para o financiamento das empresas”.
No entanto, uma semana depois
de o Governo ter aprovado a resolução que fixava as condições do contrato de
compra de venda do BPN ao BIC, ainda não tinha sido entregue a este banco o
contrato-promessa que os advogados do Ministério das Finanças estavam a
preparar. O acordo previa que o BIC pagaria 25% dos 40 milhões no dia da
assinatura do contrato-promessa de compra e venda e o restante na altura da
transmissão das ações do BPN, que tinha 213 balcões em todo o país e regiões
autónomas, e com cerca de 1600 trabalhadores.
Em junho de 2013, o BIC ainda
detinha 144,5 milhões de euros em obrigações do BPN, depois de em maio ter
liquidado 100 milhões de euros em dívida que herdou do BPN. Na sequência da
decisão da Comissão Europeu, de 27 de março daquele ano, o BIC não estava
autorizado a reembolsar antecipadamente as obrigações herdadas do BPN. Este
ainda detinha 94,5 milhões de «Obrigações Subordinadas Perpétuas BPN» de 2008 e
mais 50 milhões de euros em «Obrigações de Caixa BPN» de 2005 e que se
venceriam em dezembro de 2015. Naquele
mês, o BIC informou que tinha pago, em 16 de maio e em 17 de junho, “100
milhões de euros aos clientes que subscreveram obrigações subordinadas do BPN
emitidas em 2008”, tendo considerado tratar-se de “um facto com muito
significado comercial, financeiro e reputacional para o banco” e que “não
aceitou a posição da Direcção Geral da
Concorrência da União Europeia que
pretendia que as obrigações subordinadas emitidas pelo BPN tivessem o mesmo
tratamento das acções, ou seja, que estas fossem pagas e que os seus titulares
não fossem reembolsados”.
O ano de 2014 marca a decisão em despacho de pronúncia
do Juíz de Instrução Carlos Alexandre de levar a julgamento por burla
qualificada e fraude fiscal oito arguidos no âmbito do caso BPN: Oliveira e
Costa, Francisco Sanchez, Ricardo Oliveira, Luís Caprichoso, Arlindo de
Carvalho, José Neto, Coelho Marinho e José Monteverde. E, em setembro, foi
anunciado que, em 2015, chegaria ao fim o julgamento do caso BPN/Homeland, com
os arguidos Duarte Lima e Vitor Raposo Em abril de 2017, o Ministério Público
anunciou que não ficou provado em julgamento os crimes atribuídos a Dias
Loureiro e a Oliveira e Costa a ao suspeito Abdul al-Assir. O certo é que o «Caso BPN» deu origem a cerca
de 20 processos desde 2008.
Na conclusão do resumido histórico da “tragédia financeira do
BPN”, resta dizer que, em 24 de maio de 2017, além de Oliveira e Costa, foram
condenados a penas de prisão efetivas Luís Caprichoso, Francisco Sanchez e José
Vaz Mascarenhas, tendo o Tribunl declarado que “as suas condutas foram especialmente
graves: foram 14 anos para Oliveira e Costa; 8 anos e 6 meses para Luís
Caprichoso; 7 anos e 3 meses para José Vaz Mascarenhas; 6 anos e 9 meses para
Francisco sanchez.
O BPN foi considerado o maior escândalo financeiro dos últimos
tempos…!
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