Da confiança
à crise dos Bancos (104)
BPP – Banco Privado
Português, da criação à sua liquidação:
Em 20 de Fevereiro de 2009, o
Banco de Portugal suspendeu preventivamente das suas funções os administradores
do BPP, Paulo Guichard, Salvador Fezas Vital, Fernando Lima, Paulo Lopes, Vítor
Castanheira e Guilherme Portela Santos, em 4 maio a administração decide
suspender o pagamento dos depósitos, até haver uma decisão das autoridades
sobre o futuro da instituição, para "proteger os clientes de retorno
absoluto de uma eventual falência do banco"; face a esta medida, em 7 de maio,
a sede do Banco no Porto foi ocupada por cerca de meia centena de clientes exigindo
que o Governo cumpra a promessa de pagamento dos depósitos; no dia 5 de junho,
o Departamento de Investigação Criminal de Lisboa efetuou buscas relacionadas
com o BPP e adotou medidas para “prevenir potenciais dissipações de património
pelos presumíveis autores dos ilícitos criminais em investigação”; haveria a hipótese de um aumento de capital, em parte subscrito
pelos acionistas, parte pelo Estado e parte por bancos, (CGD, BCP, BES,
Santander Totta e BPI) que converteriam o empréstimo dado ou parte dele, para
ressarcir parcialmente os clientes do BPP.
Em 10 julho, a Sociedade Comercial
Orey Antunes informou a CMVM ter adquirido a totalidade do BPP e de duas
'holdings' do Grupo Privado Português pelo preço simbólico de um euro. Mas foi
arquivado pelo Banco de Portugal alegando que “o Estado, de forma directa ou
indirecta, incluindo a CGD, não tem que estar envolvido nesta operação”. Além
de que os cinco Bancos estiveram contra a utilização do SII-Sistema de
Indemnização aos Investidores para ressarcir parcialmente os clientes do BPP.
O impasse para salvar o banco parecia estar a ser
ultrapassado pelo facto de o BANIF, em 7 de setembro, ter sido escolhido para
gerir o Fundo a criar relativamente aos clientes de «retorno absoluto». Mas não
foi isso que aconteceu: em março de 2010, o processo de insolvência do BPP
entrava na ordem das decisões a tomar pelo Banco de Portugal.
Em 15 de abril, o
Banco de Portugal revogou a licença bancária ao BPP, “por inviabilidade dos
esforços de recapitalização e recuperação”. Mas
a Privado Holding, sociedade que controlava
o BPP, impugnou o ato administrativo do Banco de Portugal junto do Tribunal
Administrativo de Lisboa. Em consequência, o Tribunal do Comércio de Lisboa,
seguindo a lei, determinou a suspensão imediata da liquidação do BPP e da
partilha dos bens. A Comissão Liquidatária, presidida por Luis Máximo dos
Santos, recorreu para o Tribunal da Relação mas perdeu.
Em março daquele ano, Diogo Vaz
Guedes já tinha avisado que o FEI-Fundo Especial de Investimento para pagar aos
clientes dos produtos de «retorno absoluto» “acabaria com todas as
possibilidades de recuperar a instituição financeira (…) achámos que estávamos a
negociar de boa fé. Hoje sabemos que a única preocupação que havia era uma
solução coxa. Estiveram a mentir a toda a gente (…) o desfecho do banco foi uma
decisão exclusivamente política, nunca existiu verdadeiramente vontade de
salvar o banco” («Diário Económico», 02/04/2010).
Ativado o Fundo de Garantia de depósitos no dia 16 de abril de
2010, “estipulando que o reembolso da primeira parcela até 10 mil euros de
todos os depósitos abrangidos pela garantia que vai ser efectuado a partir de
23 deste mês. O remanescente até o limite de 100 mil euros vai ser pago a
partir d 14 de Maio, 20 dias úteis após anúncio da retirada da licença ao
banco” («Diário Económico, 17/04/2010).
Passados 14 anos após a sua criação, o BPP fechou portas com as
nefastas consequências para os clientes que tinham plena confiança na instituição.
Gregoriogouveia.blogspot.pt
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