Conflitos
das Autonomias da Madeira (7)
7 – Carência de trigo: A
carência de trigo em Portugal fez pedir que o da Madeira lhe fosse destinado.
Uma “Carta do duque em q. rroga que relevem a Martim leme de huma pñna em que
encorreo … por faltar com pam que não poude cumprir. Moura (22-5-1483).
Passaram então as ilhas dos Açores a socorrer de trigo a Madeira e o Senado do
Funchal faz contracto (1483) com o fornecedor da vila para o seu abastecimento
(…) Alvara del Rey nosso Sennor em que mamda
que em nehû tempo se tolha saca de trigo das ylhas dos açores para esta
Ilha da madeyra:
Nos el-Rey facemos saber
a vos nosso corregedor juízes e justiças das nosas ylhas dos açores que era
soees e a o diamte fordes que por sabermos que foi trigos desas ylhas se gastam
mays na ylha da madeyra que em nehûa outra parte de nossos Reynos e por tam bem
provermos ahos moradores da dita ylha de o poderem quamdo qujserem la mamdar
comprar pera suas despesas e por ahûs
e outros nyso folgarmos de fazer merçee
nos apraz e a vemos por bem que nunca em
nenhum tempo se tolha nem defemda asaca do dito trigo das ditas ylhas dos
açores pera a dita ylha da madeyra (…)”.(«caderno de apontamentos» de 1932,
intitulado «A Madeira e as Praças de África», pags. 43 e 44, Alberto Artur Sarmento).
8 – Ocupação da Madeira:
Entrávamos em plena época do racionalismo e do poder absoluto e despótico
quando as Capitanias foram extintas. A «Piedosa» D. Maria I, por lei de 19 de julho
de 1790, fez acabar para sempre com o regime das Donatarias que vigorou ao
longo de 350 anos, pese embora os seus detentores já antes tivessem sido espoliados
dos poderes efetivos no plano administrativo. Se outros males não existissem,
foi na fase de mudança do poder centralista para o liberalismo que a guerra
entre a França e a Inglaterra determinou a ocupação da Madeira pelos ingleses.
Já nos Séculos XVII e XVIII o interesse especial dos ingleses pelo comércio do
vinho acabou por determinar, no início do Sec. XIX, o aproveitamento da Madeira
como base militar do exército inglês para invadir o continente europeu.
Na
sequência das guerras napoleónicas, no dia 22 de julho de 1801 o arquipélago
foi ocupado por tropas inglesas, tendo as mesmas deixado a Madeira em janeiro
de 1802, voltando estas a ocupar o arquipélago em 24 de dezembro de 1807, donde
saíram em dezembro de 1814. Em 1807 houve uma convenção secreta entre Portugal
e Inglaterra que previa a “transferência da sede da monarquia para o Brasil e a
ocupação da Madeira por tropas inglesas (enquanto durassem as operações
militares no continente)”. Deu-se também a “Prisão e sequestro dos bens dos
Ingleses (numa tentativa de evitar a ocupação)”. (História de Portugal em
Datas», página 102, coordenada por António Simões Rodrigues, 1994, edição de
«Temas e Debates»).
Uma simples base militar não
teria efeitos negativos na administração do arquipélago. Mas a verdade é que
“As duas ocupações da Madeira por tropas inglesas, realizadas a título de
protecção e defesa contra os supostos ataques
das forças napoleónicas, corresponderam a uma verdadeira conquista (…)
pela maneira como administraram os negócios públicos deste arquipélago,
conservando as autoridades portuguesas
apenas um simulacro de poder que, na verdade, residia unicamente no
comandante em chefe das forças britânicas”. (Elucidário Madeirense, II Volume,
página 157, 4ª Edição, Padre Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de
Meneses, Edição da Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1978).
(continua)
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