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domingo, 21 de março de 2021

 

Conflitos das Autonomias da Madeira (23)

Marcos Relevantes da Autonomia no Século XX – Deixou-nos há vinte e um anos com uma história recheada de acontecimentos memoráveis no Mundo, em geral, e em Portugal, em particular, onde se enquadra a evolução de modelos de autonomia inigualáveis das regiões insulares da Madeira e dos Açores. O século XX foi também fértil em guerras, revoluções e ditaduras, revoltas e conflitos políticos, que se localizaram no tempo e no espaço internacional, nacional, regional e local.

No início de 1900, “o Mundo apresentava-se aos olhos dos grandes homens da Europa como um lugar razoavelmente bem governado. O continente mantinha-se em paz havia três décadas, e preparava-se para assim continuar, graças a um aumento de prosperidade e a uma complexa rede de alianças entre as principais potências (…) simultaneamente, quase todas as nações ocidentais sentiam os efeitos secundários da rápida industrialização. As classes trabalhadoras da Europa, influenciadas pelas teorias se Karl Marx e Friedrich Engels, haviam-se tornado cada vez mais militantes nas suas exigências de reforma social” (Os Grandes Acontecimentos do Século XX, pag.10, Selecções do Readr`s Digest, janeiro 1979).

 

O Império Britânico estava no seu apogeu, a autoridade colonial da França em África e na Indochina encontrava-se solidamente firmada, a Rússia alargava o seu domínio para leste mas foi abalada em 1905 por uma revolta sangrenta, a Alemanha começara a delimitar as suas pretensões em África e no Pacífico, os Estados Unidos e o Japão transformaram-se em potências mundiais.

 

“Em Junho de 1914, anos de manobras diplomáticas e preparação de exércitos haviam esforçado o equilíbrio de forças europeu até ao ponto de colapso. Foi então disparada uma arma em Serajevo, e a mesma teia de alianças que mantivera a paz impeliu mais de uma dúzia de nações para uma guerra diferente de qualquer outra – uma guerra que, com auxílio de tecnologia moderna, causou um nível de destruição nunca antes imaginado. No total, o conflito originou um número de vítimas superior a 10 milhões e deixou um continente assolado pela pobreza, pela amargura e pela desilusão. Terminara uma era da História: desaparecera a antiga ordem da Europa, e com ela uma espécie de inocência que nunca mais seria recuperada.

O optimismo da época, baseado na crença do progresso, aparentemente ilimitado, em todos os domínios da vida humana, deu lugar a desencanto provocado pela I Guerra Mundial (1914-1918). A legitimidade «pela graça de Deus» reconhecida ainda aos governantes até 1918, sucedeu a legitimidade outorgada espontaneamente pelo público a um novo tipo de líder que provinha da rua, do bairro ou do trabalho” (idem, pag. 96).

 

No século XX ocorreram mudanças políticas em Portugal, com reflexos óbvios na Madeira e nos Açores. O regime da monarquia constitucional permaneceu até a implantação da República a 5 de outubro de 1910, seguindo-se a Revolução do 28 de Maio de 1926 que abriu a porta para a ditadura do Estado Novo e a Guerra Colonial, derrubado a 25 de Abril de 1974.

 

Na Madeira, no plano administrativo foi relevante o restabelecimento da Junta Geral do Distrito do Funchal em 1901. Mas ao nível dos conflitos a Madeira não escapou, ou incentivou:  o «Levantamento» contra o Dr. Balbino Rego, protestante, em 1905; Levantamento» devido ao imposto ad valorem, em 1924; «Revolta da Farinha» devido ao monopólio e especulação, em fevereiro de 1931; «Revolta política e militar» contra a ditadura, em abril de 1931; «Revolta do Leite» devido ao monopólio, em 1936.

 

(continua)

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