Conflitos das
Autonomias da Madeira (24)
Revolta Popular 7 janeiro de 1906 – O avanço da
Cólera-morbus no final do século XIX esteve na causa acentuada de morte de
muitos madeirenses. “Em 1894 a fúria popular aconteceu à entrada da cidade com
a chegada dos passageiros do vapor Funchal, vindo de Lisboa onde se dizia que
já grassava a doença. Esta alastrou a partir de Novembro de 1905 obrigando as
autoridades a isolar os doentes no Lazareto, considerado as masmorras da morte.
Correram na cidade muitos boatos sobre o
isolamento a que se estava a submeter os doentes. Isto foi a rastilho
suficiente para acender nova revolta dos populares a 7 de Janeiro de 1906.
Abriram-se as portas do Lazareto e perseguiu-se o principal responsável, o Dr.
Balbino Rego” (História da Madeira., coordenação Alberto Vieira, Funchal,
Setembro 2001).
Se em 1894 houve apedrejamento à tropa e polícia,
ficando feridos alguns passageiros que tentaram desembarcar no cais da entrada
da cidade, em 7 de janeiro de 1906 muitos populares, seguidos de algumas praças do Regimento de Infantaria
nº 27, dirigiram para o Lazareto.
Segundo o Elucidário
Madeirense (III Volume, pag. 177) “O erro do dr. Albino do Rego foi querer
manter a incomunicabilidade e um isolamento absolutos dos doentes, medida esta
necessária e que em tese se justificava plenamente, mas que, dadas as
circunstâncias ocorrentes e de modo particular a atitude censurável da imprensa
e da política, convinha ter atenuado, sem prejuízo da saúde pública, como já
tardiamente chegou a fazer-se. Não cometeu outra falta nem outro erro, devendo
entretanto dizer-se que o pessoal de enfermagem do hospital de isolamento
deixou muito a desejar e que vários abusos e mesmo excessos se praticaram, mas
que não são da responsabilidade do respectivo director.
A história daqueles
acontecimentos ainda não está feita com inteira imparcialidade e por isso nos é
grato deixar consignados nesta obra alguns elementos que possam servir para o
estudo consciencioso deste período revolto da história da Madeira.
O dr. Balbino do Rego, que após os acontecimentos
do Lazareto teve a casa apedrejada pelo povo, não obstante junto dela se achar
postada uma força de marinha, viu-se forçado a refugiar-se na fortaleza de S.
Lourenço, donde passou para bordo do D. Carlos retirando finalmente para Lisboa
no vapor da Companhia Insulana.
Por meio de concurso, foi nomeado médico cirurgião
dos hospitais civis de Lisboa e também director do Posto Antropométrico da
Polícia Cívica da mesma cidade (1921). No ano de 1907, publicou o dr. Balbino
do Rego dois interessantes opúsculos intitulados «Um Ano Depois – Assumptos
Madeirenses» e «Na Ilha da Madeira – Hospital Improvisado», que encerram
valiosos elementos para o estudo da epidemia da peste bubónica nesta ilha”.
(continua)
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