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domingo, 6 de fevereiro de 2022

 

Conflitos das Autonomias da Madeira (69)

 A 27/06/1926 – Bomba explode na residência do banqueiro Henrique Figueira da Silva:

Segundo o «Diário de Notícias», de 28/06/1926, “Há já muito tempo que não se dava nesta cidade um atentado bombista, vindo a propósito recordar que, até hoje, não foi descoberto o autor ou autores de nenhum dos crimes desse género praticados no Funchal. A impunidade anima, porém, os criminosos e, assim, temos a registar hoje mais um atentado bombista, o mais grave de todos quantos se teem dado nesta cidade e, como todos os outros, cometido sob a protecção das trévas.

Um estampido enorme – A cidade sobressaltada. Ás 2,45 da madrugada os habitantes da cidade e arredores foram sobressaltados por um formidável estampido. Muita gente saltou da cama e correu às janelas e para as ruas a indagar do que se passava, , mas bem poucos voltaram a «vale de lençois» com o espírito tranquilo e a curiosidade satisfeita. Só aqueles que residem para os lados da Penha de França, por ficarem mais próximos do local da explosão, conseguiram inteirar-se do sucedido. Tratava-se da explosão duma bomba, atirada para o terreiro da residência do importante banqueiro e industrial sr. Henrique Figueira da Silva, na Quita da Penha, à Rua da Imperatriz. A bomba foi atirada duma entrada particular que existe paredes-meias com aquela Quinta e causou importantes prejuízos, tais como fendas na parede do lado sul da casa, no tecto da sala de visitas e em vários pontos das paredes. A janela do rez-do-chão, mais próxima do local onde a bomba rebentou, ficou destruída e das onze janelas que o edifício tem para o sul não ficou sã meia dúzia de vidros, vendo-se os estilhaços espalhados pelos quartos e feitos em pequenos pedaços. Parte dos vidros das janelas do lado oeste também ficou em estilhaços, assim como os cristais existentes na sala, tais como uma redoma dum relógio e vários outros objectos de decoração. Parte da galeria de madeira existente em frente do edifício também foi destruída. No ponto do solo onde a bomba rebentou vê-se uma perfuração com cêrca de 20 centimetros de profundidade e 25 de diâmetro.

Segundo se verificou, a bomba foi de dinamite, sem envolucro resistente, pois que não se notam quaisquer vestígios de estilhaços, constatando-se, pelo contrario, que os estragos foram causados pela deslocação de ar e vibração produzida pelo deflagrar da dinamite. Os prédios das proximidades também sofreram estragos assim como alguns para os lados da Estrada Monumental, a alguns quilómetros de distancia. Pouco antes da explosão os cães da Quinta da Penha tinham começado a ladrar furiosamente, a ponto de não deixarem os seus donos dormir. O sr. Henrique Figueira da Silva chegou mesmo a sentir, por entre o latir dos animais, um ruido extranho, que talvez tivesse sido o da bomba ao bater no chão. Momentos depois dava-se o enorme estampido, que causou o maior alarme na casa do sr. Henrique Figueira. Este sr. levantou-se logo e foi verificar os estragos da explosão, após o que telefonou para o comissariado de policia, participando o sucedido. O agente, porém, que recebeu a participação limitou-se a registá-la na folha das ocorrencias policiais, em vez de comunicar o facto aos seus superiores, de forma que só ás 8 da manhã, o sr. comissario de policia foi informado do caso. (…)”.

A Casa Bancária de Henrique Figueira da Silva, ou Banco Figueira, surgiu em 1898, com instalações na R. dos Murças. Dominava os financiamentos ao comércio e à indústria e a sua ação nos sectores das moagens e dos engenhos de açúcar e de aguardente com a Fábrica de S. Filipe.               (continua)

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