Conflitos
das Autonomias da Madeira (71)
Ao longo da história do sistema financeiro
português, com reflexos diretos e indiretos na economia e na sociedade
madeirense, os Bancos sempre estiveram na linha da frente da credibilidade dos
serviços quanto à garantia dos depósitos e na concessão de crédito à economia e
às famílias, independentemente da quantia depositada, e dos créditos
concedidos. A boa-fé constituiu um fundamental elemento no cumprimento das
relações Banco/Cliente/Banco.
O comércio da época dos Descobrimentos teve
muito a ver com a troca direta de produtos levados pelos marinheiros e
aquisição de outros. Mas também foi praticado o uso de várias formas de moeda
que, inicialmente, foi cunhada em ouro ou noutros metais nobres.
As várias metamorfoses do Papel-moeda em
Portugal leva-nos a 1687 com a primeira experiência conhecida do uso do papel
como forma de dinheiro, quando D. Pedro II determinou que os “Escritos da Casa
da Moeda passados em troca de moeda cerceada corram como dinheiro de contado”;
em 1757, as instituições denominadas Depósito Público e as Companhias do
Grão-Pará e de Pernambuco funcionavam como bancos; em 1766, foram declaradas
como «dinheiro líquido» para girarem no comércio as Apólices das Companhias
Gerais; em 1784, D. Maria I ordenou que os “Escritos das Alfândegas gyrem no
commercio como dinheiro corrente”; em 1797, é instituída oficialmente a
utilização do papel como meio generalizado de pagamento – as «Apólices
Pequenas» do Real Erário; em 1800, foi estabelecida uma Caixa de Desconto para
receber e descontar Apólices Pequenas, tendo D. Rodrigo de Sousa Coutinho,
Presidente do Real Erário, proposto, entre outras medidas para amortização do
papel-moeda, a criação de um Banco.
Os primórdios das instituições
financeiras em Portugal marcam a criação do primeiro Banco há 214 anos: em 1808, foi criado o primeiro banco – o Banco
do Brasil – não em Lisboa mas no Rio de Janeiro, com capital de 1.200 contos de
reis.
Em 1816, João Fletcher apresentou um projeto
para a criação de um Banco público em Lisboa, tendo em 29/12/1821 reunido as
Cortes que debateu o problema da dívida pública e do papel-moeda, sendo
aprovado o decreto criando o Banco de Lisboa. A Carta de Lei de 31 de dezembro
daquele ano pôs em execução o decreto das Cortes, determinando que o novo banco
“poderá emitir notas pagáveis ao portador em metal ou letras à ordem...”, o
qual começou a funcionar em 21/8/1822, sendo emitidas as primeiras notas. Em
1834 foi extinto o papel-moeda e o Banco de Lisboa foi encarregado da sua
amortização e, no ano seguinte, alguns títulos do Tesouro Público foram
admitidos na compra de bens nacionais “como se fossem moeda corrente”, surgindo
em 1837 Bilhetes de Tesouro que foram recebidos nas Repartições Fiscais como
dinheiro contado.
Entre 1838 e 1844 foram criadas, com o
concurso do Banco de Lisboa, várias companhias financeiras, por exemplo,
Confiança, Crédito Nacional, União, Auxiliar e Confiança Nacional, com a
finalidade de conceder empréstimos ao Governo, as quais emitiram títulos
pagáveis à vista e ao portador designadas «notas promissórias» ou «bilhetes»
muito semelhantes às notas do Banco de Lisboa.
A crise económica geral teve efeitos
negativos no Banco de Lisboa e nas companhias financeiras, tendo o Governo
obrigado este Banco e a Companhia Confiança Nacional a suspender, por algum
tempo, os seus pagamentos com as respetivas notas, surgindo a ideia da fusão de
ambos.
(continua)
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